O Outro Mundo

Capítulo 18

Um belo amanhecer surgia pelo horizonte, pude sentir o vento gelado sobre meu rosto.

— Você não dormiu? Pelo amanhecer, são seis da manhã.

— Não muito, tava pensando em uma coisa.

— No quê?

— Se nós morrermos aqui, Diego. Também morreremos em nosso mundo?

— Por que essa pergunta, Shun?

— O estado da Kimberly, você disse que ela estava bem, mas ontem não foi o que pareceu, deu pra ver que ela tá muito mal. — Suspiro.

— Shun, sua preocupação é normal, todos estamos assim, relaxa. A Kimberly é muito forte e logo vai melhorar, cara.

— E se não melhorar? E se ela morrer? — Digo baixo. 

— Tá louco? Qual foi? Isso não vai acontecer. Para de pensar no,"e se", e começa a pensar que tudo vai ficar bem.

— Diego? — O encaro.

Ele faz um sinal para eu prosseguir.

— Por que se afastou da gente? Quais foram seus motivos?

— Vocês estão aí, a Kim. — Trina olha para mim e Diego desconfiada. — Acabou de acordar ela está muito melhor. — Trina diz feliz. — Está tudo bem?

— Está sim, eu vou procurar galhos para a fogueira. — Diego diz saindo.

— Ei, a nossa conversa ainda não acabou! — Grito.

Ele faz um gesto de OK com a mão e se distância.

— O que estavam conversando?

— Nada de muito importante, vamos ver a Kim?

Trina concorda com a cabeça e vamos até ela.

Diego

— O que quer?

— Um favor.

— Qual tipo?

— É bem simples, até um idiota como como você consegue.

— Diga então, o que é tão fácil que você não pode fazer?

Um sorriso se abre em seu rosto. Com isso concluo que o que está prestes a acontecer, não é nada de bom.

— Diga-me, como vieram parar aqui?

— Não sabemos e mesmo se soubesse, por que acha que iria te contar? - Sorriu.

— Não seja petulante.

— Você está me fazendo perder tempo. — Começo a andar.

— Posso cobrir você de ouro, jóias e tudo o que quiser. Poderá se tornar uma pessoa muito importante aqui, sem falar do poder que poderá ter sendo alguém muito rico, subindo cada vez mais no topo. Todos irão te temer ou te amar, só vai depender de você, caro Diego. — Um sorriso se forma novamente em seu rosto.

Paro ao ouvir suas claras palavras, ficar rico? Ser temido? Amado? Para alguém como eu? Que foi abandonado pelos pais, tudo isso facilitaria muito meus objetivos, mas um passo para perto de tudo isso é o quádruplo para me afastar novamente dos meus amigos.

Valeria apena perder a confiança de todos novamente?

Machucá-los para satisfazer a vontade de alguém?

Não seria o certo o seria?

Afinal, todos eles fazem de tudo um pelo outro sem se importar nos riscos e consequências.

A quem quero enganar?

Eles pensam muito no que pretendem fazer para tudo dá certo.

— Sua proposta é muito tentadora, mas não posso aceitá-la. — Encaro seu rosto revoltado.

— Acha que aqueles que te chamam de amigo entende o que você tem? Eles são um grupo já formado e você é um invasor.

— Você não os conhece como eu...

— Preste atenção. — Diz me interrompendo. — Vou falar o que tem que fazer, você decide se fará ou não.

Assenti com a cabeça prestando muita atenção em suas palavras.

...

— Kimberly, não deveria descansar? — Me aproximo dela botando os galhos ao meu lado.

— Eu estou bem, não precisa se preocupar. — Ela sorri. — Você me parece preocupado.

— Estou ótimo. — A encaro.

— Sabe, fingir estar bem é algo que todos estamos fazendo. — Ela encara a fogueira.

— O que quer dizer?

— Sabemos que uma hora ou outra precisaremos tomar decisões difíceis, importantes e de extremos riscos. Podemos ser traídos por quem amamos e nos importamos, qualquer coisa pode acontecer. Mas, estamos tão preocupados em sair daqui que mal vemos que...

— O que mal vemos, Kim?

— Que nem todos podemos sobreviver a esse lugar. — Ela me encara séria. — É impossível sobrevivermos sozinhos, precisamos de um lugar seguro, não podemos acampar por mais tempo. E as brigas se tornarão mais frequentes. — Ela suspira.

— Vamos ficar bem, acredite, logo sairemos daqui e faremos piadas de tudo.

A expressão séria contínua em seu rosto, é algo estranho vindo de uma garota meiga e totalmente serena como a Kimberly.

— Quando estamos em uma situação complicada. Sempre nos dizem palavras de incentivo para melhorar o nosso ânimo.

— Chega a ser normal.

Ela concorda com a cabeça.

— Pena que são apenas palavras, elas não vão adiar o fim fatídico que pode ocorrer com qualquer um, nem mesmo nos salvar de algo. Então, Diego, para quê dizê-las. Sabemos que quando ficar complicado todos iremos escolher um lado. O lado que julgaremos ser correto, depois disso, quem sabe o que poderá acontecer. — Ela sai andando devagar.

Minha cabeça começa a girar. Será que ela descobriu algo? Mas ainda não fiz nada e nem sei se vou fazer.

Olho a Kim andando, plenamente como se reconhece algo nesse lugar tão estranho.

— Ela não parece ser a mesma, algo está errado. - Digo olhando ao redor. — O que está acontecendo com todos. Será que realmente são assim e eu nunca percebi, quero ir embora desse lugar.