O Outro Mundo

Capítulo 36

Shun

O barulho da chuva se intensifica assim como os raio e trovões. Uma tempestade se inicia, presumo.

Mantenho meus olhos fechados tentando buscar alguma paz. Falhei com sucesso. Esculto o barulho da porta abrir.

— Shun, tá acordado? — Chris pergunta.

— Estou, aconteceu algo? — Mantenho meus olhos fexados.

— Sim. — Ele suspira.

Então me levanto e começo a encará-lo. Ele se senta na cama mantendo o olhar fixo no chão completamente sério.

— Fui um idiota, Trina estava certa, sou bastante orgulhoso.  Não quis te contar do jogo porque pensei que poderia querer fazer um igual e bem melhor. As aulas avançadas de programação da Trina foram bastante úteis, mas mesmo assim não confiei o surfiente na minha irmã. Sempre houve uma ponte entre nós que foi construída quando a Lay me deixou, ela brincou com meus sentimentos, me manipulou.

Caí como um pato em um lago. Ela estava jogando comigo, como a Blondie disse, nunca quis ver minha culpa em nada que fiz, colocar a culpa em alguém era algo que já estava acostumado, por fazer isso quando eramos pequenos e o castigo era grande demais para um. Talvez, tenha invejado a ligação que tem com Blaine, porque pensei que nunca tivesse.

Mas estava errado, sempre tive só não a enxerguei, ela assumiu uma culpa para não nos prejudicar, para continuarmos sendo amigos e o que fiz? Afastá-la, deixando geral zombar dela por não ter feito nada. O único culpado pelo o que ocorreu com a Trina é minha, nossas brigas foram frequentes. Eu a machuquei em vez de protegê-la. Sou um completo idiota, se morrermos aqui hoje quero ter feito as pases como meu irmão, meu melhor amigo. Me perdoa, Shun?

— Claro que perdou, não fiquei muito do seu lado na hora do acontecimento com a Trina. — O abraço. — Achei que ia levar mais tempo para você ver seu erros, Young. — Bagunço seu cabelo.

— Antes tarde do que nunca, não acha? — Rimos.

— Sei como se sente a respeito do Blaine, sem saber se está bem ou ainda vivo. Me sinto assim quando penso na Trina, ela perto me irrita mas longe me faz falta, esse deve ser as razões que ninguém gosta de se apegar. — Ele suspira.

— Corajosos são os que se permitem se apaixonar, sofrer, lutar, sonhar cada vez mais alto, entre outras coisas. Podemos sofrer, vai doer porque a dor é inevitável, mas tudo passa. E quando passar vamos rir e ter uma boa história de superação e aprendizado para contar.

— Você está totalmente certo. — Ele suspira.

— Além disso, tenho certeza que os dois estão bem e vivos. — Ele assente me encarando.

— Achei vocês. — Blondie aparece na porta do quarto. — Temos mais informações, venham!

Ao chegar na sala todos já estavam lá, resolvi ficar em pé.

— Sabemos que estão atrás da Kimberly, mas no meu palpite é da Blondie. Como é mais velha é a herdeira por direito. Blaine está vivo, jovem Shun. Provavelmente querem uma troca. — O rei nos conta.

— E quem está atrás delas? — Diego diz pensativo.

— A Yverd, por nossa família nunca ter participado desse grupo. — O rei suspira.

— O seu irmão, Shun. — Carter que está próximo a janela me encara. — Derrubou o Marcelo, que nos contou tudo, só precisamos esperar eles trazerem seu irmão. — Ele olha para o Diego pensando em algo.

— Como tem tanta certeza? — Pergunto.

— Já fui um deles, sei como trabalham. — Ele volta o olhar para a janela.

— Kate, Blondie e Kimberly, vocês ficarão melhor escondidas no quarto.

— Não. — Kimberly o interrompe. — Sou uma Blavarad, não vou me esconder.

— Sei usar meus poderes perfeitamente, posso não ter o mesmo talento que o Carter. — Ela sorri ao olhar pra ele que parece está a analisando. — Mas posso dar cobertura a vocês, qualquer ajuda não é sempre bem-vinda?  — Blondie se aproxima do pai. — Se for para eu ser rainha, deixe-me ser corajosa e lutar para proteger nossa linhagem, nosso trono.

— A quem vocês puxaram? — O rei suspira e balança os cabelos. — Já que não irão sair, podem ficar mas tomem cuidado. Shun, Diego e Christopher vocês não tem poderes pode ser perigoso para vocês. — Ele se vira para nós.

— Você querido. — A rainha Kate sorri orgulhosa.

— Majestade, podemos não ter poderes mas temos excelentes habilidades para manusear lanças, espadas e arco e flecha. Entrei aqui com seis. Pretendo sair com cinco, não como um trio. — Digo sério com os braços cruzados.

— Ele está certo, ficamos na sala de treinamento e eles mostraram que possuem habilidades úteis, Rei Jack. — Ettore se levanta.

— Sendo assim, se preparem para o que vem pela frente. — O rei diz e sai.

Nós vestimos uma espécie de armadura ou sei lá que eram pretas enquanto as meninas usavam algo azul forte. Uma espécie de botas, uma meia calça saia e uma blusa. Só as botas eram pretas. Ficamos na sala, fazendo o que qualquer um faria.

Esperando...

— Sei que o momento pode não ser um dos melhores, mas a Yverd não brinca em serviço, já ouvi histórias sobre o seu trabalho e o que fazem com os jovens. — A rainha olha para o Carter. Que continua com a mesma roupa. — O jogo de manipulação é grande, eles não se importam de morrer pelo o que acreditam. Tomem cuidado. — Ela sorri gentilmente.

Faz um desenho com a mão, tipo um cadeado e o Carter prestou muita atenção, como se conhecesse.

— Espero ver todos mais tarde. — Ela abraça a Kim e diz algumas palavras para Blondie.

— Vai ficar tudo bem. — A tranquiliza. — Agora vão. — Ela se despede de todos nós e sai.

Assim que a rainha e várias pessoas se foram todos voltamos a esperar.

— Acha que da para confiar no Carter. — Diego sussurra.

— Ele salvou não só a Kim mas o Blaine também. Não temos escolha, no momento. — Digo.

— Como a Kimberly conseguiu namorar com ele? Parece tão frio, como se nada o abalasse. — Olhamos para o Carter que está conversando normalmente com o Ettore.

— As pessoas mudam, ele deve ter sofrido bastante nas mão da Yverd. — Dou de ombro.

Um raio caí do lado de fora derrubando uma árvore. As luzes se apagam e uma fumaça verde aparece. Lá estão eles, totalmente sem máscara. Estão em seis.

Assim que o nevoeiro se desfaz, vemos a face da garota.

— Olá, meus amigos. — Ela mantém os olhos fixos ao nosso grupo sorrindo.

— Crystal Hill. — Digo surpreso e todos nos encara.