Capítulo 26

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O céu já estava claro e a brisa bem fresca, um belo amanhecer surgia novamente pelo horizonte.

Olhei ao redor e vi que o Chris ainda estava em um sono pesado assim como o Diego. Já a Kim dormia serenamente, olhei na direção do Blaine, que esta sentado pensando em algo.

— Acordou cedo. — Me sento. — Tá bem?

— Não. — Ele suspira tirando o cabelo de seus olhos.

— O que aconteceu, mano?

Blaine mantém seus olhos fixos ao meu, ele faz o intuito de dizer algo.  Mas volta seu olhar para uma grande árvore de tronco marrom com suas folhas de um belo lilás.

— Sabe. — Quebro o silêncio. — Quando eramos crianças nossa mãe sempre dizia que sentimos e sabíamos tudo sobre o outro. Uma verdadeira conexão que muitos dizem não sentir e que não existe, mas nós sempre tínhamos. Não precisávamos falar, porque sempre sabíamos, Lembra?

Ele assente me encarando curioso.

— Desde que chegamos aqui essa conexão que achei que não existisse mais, só aumentou.

— Onde quer chegar com isso, Shun? — Ele vai direto ao ponto.

— Você tá apaixonado e não me disse nada porque a garota é a Kimberly. — Faço uma pausa e olhamos para ela que continua a dormir. — Sei que as coisas do passado nos afastou...

— Eu fiquei com a garota que você gostava. Aquilo foi traição, não quero me afastar de você novamente. — Ele diz friamente.

— E não vai, sempre achei que gostava da Kim, mas a conhecendo melhor a cada dia, não é amor o que sinto. É carinho, respeito, admiração, amizade, mas não é amor! Algo me diz que não foi ela a garota que vi durante a madrugada na sacada e que ainda vou vê-la. — Digo esperançoso.

— Pode não tá apaixonado pela, Kim. Mas gosta da garota que apareceu junto com ela naquela madrugada. — Ele sorri.

— Vai ver se apaixonar por parentes é coisa de gêmeos. — Rio.

— Mesmo assim, não vou me aproximar dela. — Ele fica sério.

Teimoso como sempre, reviro os olhos. 

— E o que acontece se a pessoa destinada a você nunca aparecer ou ela aparece mas... Você está muito distraído para notar? — Faço uma pausa.

— Você aprende a prestar atenção. — Ele continua.

— É o que o Leonardo da Vinci responde para o Horry em Para Sempre Cinderela.

— O que você quê dizer com isso, senhor dos enigmas?

— Você está tão focado achando que ela pode não gostar de você, que mal enxerga que se não tentar nunca vai saber. Esqueça o que aconteceu no passado, aquilo ficou para trás, nosso presente tá aqui. Aprenda a prestar atenção, Blaine!

— Eu sou o mais velho, aquele que dá os conselhos. Não esqueça. — Ele volta seu olhar para a Kim e rimos.

— E sobre você ter ficado com a Trina quando gostava dela, esqueça aquilo, todos éramos novos demais. Na hora mal pensamos, agimos com o calor do momento.

— Um momento que poderia ter estragado grandes coisas, não acha?

— Não. Cada um de nós lidamos com tudo a nosso modo, mas ao longo desse processo, várias pessoas ficaram magoadas como nossa mãe e sua ausência. — Digo me lembrando de quado ele foi embora.

— Assim como o Chris, Diego, Trina, você e eu. — Blaine sorri. — Somos sortudos.

— Somos? — Arqueio a sombrancelha. — Por quê?

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