Incômodo, Desejo e Necessidade

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Fora do subterrâneo, Helena e Samael seguiram de moto até próximo do apartamento onde ele morava. Desceu da moto e devolveu o capacete para ela. Não haviam trocado uma palavra desde que deixaram a casa da Ana. O silêncio era incomodo, queria logo ir embora, mas a garota parecia querer lhe dizer algo, ela ficava olhando a rua com a mesma expressão vazia como se algo pudesse surgir ali do meio do nada, no vazio do espaço acima dos carros.

— Duas vezes por semana — disse Helena guardado o capacete que ele havia entregue, — nós iremos treinar duas vezes por semana no porão da casa da Ana, e nesses mesmos dias eu vou lhe mostrar algumas áreas do subterrâneo, se quiser pode ficar a vontade para mapeá-las quando arranjar um novo Dis-Cy, recomendo de decore todos os lugares, nunca se sabe quando vai precisar fugir por um deles. Entenda — o encarou, — não faço isso por você, Samael, e acredito que já tenha percebido que não gosto de você muito menos do Noah. Só tolero ambos por causa da Mi. Não vou obriga-la a ser como eu quero, muito menos proibir de ter o amigos que quiser, eu a amo de verdade, por isso dou toda a liberdade a ela sem ficar colocando amarras ou importunando por bobagens.

— Entendo — disse Samael como medo de olhar em seus olhos, — mas você não precisa me treinar, nem nada assim se isso lhe incomoda tanto.

— Não me interrompa. Eu faço isso pela Shoko, é um pedido dela e devo muito a aquela mulher. Quando vim para a superfície, ela foi uma das pessoas que mais me ajudou, se hoje eu tenho um emprego, estudo em uma universidade, tenho moradia e uma moto é por causa dela, então eu faço o que ela pedir e isso inclui até tirar a vida de alguém se for necessário.

A garota sorriu ao ver a expressão assustada do rosto de Samael, aquelas palavras confirmavam o que ele suspeitava, Helena era doida e perigosa. O motor da moto fez barulho quando ela ligou o veículo.

— Te aviso quando vier te buscar novamente, compre logo um Dis-Cy novo.

Acelerou e saiu deslizando pela rua, virou uma esquina e desapareceu de vista. O rapaz enfiou as mãos no bolso e foi caminhando até a o prédio onde morava. Se sentia cansado, não fisicamente e sim mentalmente, tudo ao seu redor atualmente era uma bagunça. Se perguntou onde estaria Alesia, não havia se comunicado com ela fazia muitos dias. Felizmente tinha o holoscopicon esperando em casa para ser usado, enviaria mensagens imediatamente a ela.

Na portaria colocou o polegar sobre o leitor biométrico — tremeu por um momento achando que não leria sua digital, mas o caso não foi esse, as portas se abriram e seguiu até o elevador, parou no quinto andar. Seguiu andando pelo corredor com paredes de cor creme com algumas rachaduras e viu parada perto da porta do seu apartamento uma garota de cabelos alaranjados que sorriu quando o viu.

— Eu estava cansada de ficar te esperando — disse ela.

Notou as roupas brancas que ela vestida e o símbolo da caveira alada e sorridente no ombro da jaqueta dela. Congelou, não conseguiu dar mais nenhum passo, a AES o havia encontrado. Ela exibia uma expressão satisfeita, era mais alta que ele, o sino do medo tocou dentro da sua mente.

— Não se preocupe — soou uma voz masculina a suas costas. Um homem alto de olhos pequenos e cabelos platinados se aproximou, também exibia o símbolo da AES. — Só iremos fazer algumas perguntas e uma verificação — colocou as mãos nos ombros de Samael e o conduziu para frente, a garota saiu do caminho.

— Vamos entrar na sua residência — disse ela, — lá dentro podemos conversar melhor.

Tremendo Samael segurou a maçaneta da porta que leu suas digitais.

— Ola Nivi — disse se aproximando da porta

A IA reconheceu sua voz e destrancou a porta lhe dando uma saudação.

Serpente do Vazio - Irregular (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora