Serpente do Vazio - Irregular (Completo)

A Fera

Calor e frio cruzavam o corpo de Samael como uma rodovia movimentada por vários tipos de veículos. Era como se finalmente conseguisse entender cada parte do seu ser. As asas roxas não eram pesadas, eram leves e podia senti-las como se sempre tivessem sido parte do seu corpo.

— Yayoi — sussurrou ao ouvido da menina enquanto a colocava no chão, — eu vou pra cima do Igor e nesse tempo eu preciso que você vá até a Dra. Shoko e a ajude, vou manter aquele monstro ocupado e não deixarei ele chegar perto de vocês. Então, pode fazer isso por mim?

Segurou com as duas mãos no rosto dela. A pele cinza da menina era tão escura que era quase negra e seus cabelos longos e prateados, ela estava com um galo no meio da testa. Olhos com íris em forma de flores amarelas encaravam Samael. Ela assentiu.

— Conto com você.

Se voltou para o grandalhão que olhava para as marcas deixadas em seu braço, parecia não acreditar no que havia acontecido. Samael atacou obrigando Igor a se proteger erguendo seus braços, os ataques não deixaram marcas como na outra vez, era possível que o grandalhão estivesse reforçando seu bortz ao fluir mais en-soma pelo corpo. O rapaz esquivou quando um dos braços veio em sua direção. Moveu sua asa direita mandando as lâminas de encontro ao peito do inimigo que simplesmente virou o corpo fazendo com que as pontas delas atingissem o outro braço sem causar qualquer dano.

O braço que alongava veio em sua direção e ele se moveu para fora do seu caminho e avançou, parou de súbito e saltou para trás quando estava próximo do inimigo, ele havia atacado em seguida com o braço que não estica. Samael se moveu fugindo dos ataques dele. Yayoi que havia se escondido ali perto foi até a Shoko e a ajudou a se mover para longe da batalha. Não tinha como ele não admirar Yayoi pela coragem dela, ele na idade daquela menina provavelmente teria corrido para longe por conta do medo que estaria sentindo.

Igor parecia se mover mais rápido que antes tentando acertar Samael, seus golpes quase o pegavam, mas não tinham velocidade o suficiente para atingi-lo e porque Samael sentia a ressonância dos ataques que vinham em sua direção. O braço esticou, ele esquivou e seu pé prendeu em um escombro, o outro braço veio em sua direção o atingindo no peito e o jogando contra a parede de uma casa que se destruiu.

Igor posicionou o outro braço para retesesa-lo e Samael saiu do meio dos escombros, suas lâminas apontadas para frente gerando confusão no inimigo. Seu bortz atingiu o peito do desgraçado deixando marcas em seu pele dura.

Os ossos e órgãos de Samael que foram esmagados haviam se recuperado a uma velocidade assombrosa. Aquilo não fazia sentido. Regeneração era coisa do tipo filamento e obviamente ele não era desse tipo, sabia também que não tinha uma velocidade tão grande, havia ficado mais rápido, mas nada que se aproximasse daquela mulher chamada Monika.

Escapou de um ataque em sua direção golpeou com a asa esquerda o flanco desprotegido de Igor, mais marcas apareceram. Talvez a força estivesse sendo ajustada de forma correta agora.

"Você sabe — a voz de Lilitu era como parte dos seus pensamentos, parte dele mesmo, como se conversasse consigo mesmo, — não se deve competir com força contra alguém que possua uma força tremenda. Não se compete com velocidade contra alguém com uma velocidade alucinante e por fim não se compete com regeneração contra alguém que se regenera de forma assombrosa. Foi isso que Helena lhe ensinou, tudo está aí na sua cabeça, todo o conhecimento dado por ela e por Jun."

Sim, o que tinha de fazer era explorar a área onde o inimigo era defasado e aquele gigante tinha problemas em sua velocidade, levando em conta sua poderosa armadura poderia supor que sua regeneração era horrível.

Sorriu. Movia seu corpo ao redor do grandalhão escapando por pouco de cada golpe, sentindo cada movimento dele ressoar com sua ressonância, logo tinha um esquema mental de como o desgraçado se movia. Suasasas se abriram atingindo as costas de Igor fazendo-o cambalear para frente, circulou o corpo dele e atacou seu peito, as marcas ficavam cada vez mais profundas, não era questão de força o fato dos cortes surgirem e sim da capacidade das suas lâminas de cortarem.