Cogito

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Aparentemente Samael achou que ter agentes da AES em um bar frequentado principalmente por silicantes seria um problema, mas Helena não demonstrou a mínima preocupação com isso, seu semblante era alegre e seus olhos raramente se desviavam de Mikaela, a garota parecia está em outro mundo. Todos naquele bar agiam normalmente atendendo Monad, Ren, Mikaela e Noah como qualquer outro cliente. Gregor preparava drinks conforme eles pediam e recebia elogios por isso. Seus drinks realmente eram muito bons e segundo ele aprendeu com a Madame.

Yayoi parecia cheia de energia ao lado da jukebox que emitia luzes para todos os lados, ela brincava com Rein. A IA projetou uma tela holográfica para a menina desenhar com os dedos, e todo o desenho que ela fazia, chamava Samael para ver.

Era difícil não ficar olhando para Helena e para Monad, jurava que em algum momento as coisas inflamariam e elas brigariam, mas não aconteceu, Helena ainda estava em outro planeta e Monad parecia bêbada já, aquilo deixou um certo alívio em sua mente perturbada.

— Então isso aqui durante o dia é uma empresa de entregas, como isso funciona? As paredes se movem ou algo assim? — Perguntou Noah olhando ao redor e tocando na mesa como se tivesse algum botão escondido embaixo dela.

— Claro que não — disse Helena enrolando uma mecha do cabelo loiro da namorada nos dedos, — tem outra parte do prédio que é usada para isso. O bar fica fechado enquanto a outra parte fica aberta, simples assim.

A porta para a cozinha se abriu. Gabi e Annie se aproximaram trazendo carne artificial e batatas para o grupo, uma porção enorme que todos dividiram.

— Essas duas são umas belezinha — disse Noah botando a mão no ombro de Samael e fazendo aquela cara de galanteador, — você trabalha com duas ruivas muito gatas, não sabe a sorte que tem

Annie olhou para Noah e fez miau, ele fingiu um ataque do coração o que fez ela rir enquanto seguia atender o pedido de outro cliente.

— Esse lugar tem um ar sofisticado — disse Ren segurando uma taça na mão, tinha um rodela de laranja artificial e o líquido era azul, — a decoração que parece ter saído de um filme antigo, as luzes, o conjunto de garrafas bonitas na cristaleira atrás do balcão, os uniformes, às mesas de madeira falsa, a jukebox... enfim, o que achou do lugar, Mon?

— Acho agradável, apesar de eu não ter estado em muitos bares antes, a não ser que conte os do B-Ram.

— Como aqueles no planeta Politican? — Perguntou Samael. — Aqueles são horríveis.

— Sim, mas tem um toque interessante, as bebidas são armazenadas em cabeças ainda vivas. Mas o mais impressionante é no planeta Morte 5000 onde tem um bar, o Mordida da Caça, onde as bebidas são armazenadas dentro dos corpos das pessoas e no umbigo delas tem uma torneira de onde sai a bebida.

— Eu vou vomitar assim — disse Helena.

Samael levantou e foi para o banheiro. Quando saiu, ficou observando de longe o grupo rindo e conversando, pareciam tão comuns, algo tão que poderia ser visto em vários lugares se não fosse o detalhe de serem silicantes e humanos. Aquela cena era algo que ele gostaria que acontecesse sempre entre as duas espécies. Se pudesse contar o que ele era aos amigos... mas não tinha como, uma espécie não entendia a outra e seria assim porque pessoas são assim e fecham os olhos para muitas coisas, principalmente para as coisas que não compreendem.

— Não é agradável? — Disse a Madame Beauvoir se aproximando dele. — Um convívio natural entre humanos e silicantes é o tipo de paz que desejo.

— Isso... isso seria realmente possível?

— Tudo que os humanos sentem, os silicantes também sentem. Não somos tão diferentes assim. A área 23 ainda mostrará para toda a Bienenstock que é possível viver em harmonia, vai chegar o dia em que todo esse lugar vai entender que podemos coexistir. É claro que não é algo fácil de fazer, muito menos das pessoas entenderem, mas eu acredito que com tempo e esforço as coisas encontrem o seu lugar.

Serpente do Vazio - Irregular (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora