O Som do Fim (Gatilho para o Espetáculo)

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Wolfgang sentado em uma poltrona girava um par de dados em uma mão enquanto com a outra segurava um copo de vinho. Erin estava em seu colo passando a mão em seu rosto. O que ele não daria para saber o que ela sabe. A verdade sobre o mundo, sobre os silicantes, a verdade sobre a redoma. Não importava o quanto ele pedisse para ela falar, era impossível, ao tentar contar qualquer coisa apenas um som horrível saia de sua boca, suas malditas restrições. Mesmo ela não podendo falar nada, ela o orientava de alguma forma e isso se desviava de sua função de apenas observar o mundo dentro da cúpula e o seu usuário.

Erin beijou os seus lábios.

— Está com uma cara bem séria — disse ela. — Está pensando em mim?

— De certa forma.

Ela sorriu e saiu do seu colo para ir incomodar sua irmã que parecia estar tendo algum tipo de surto. Erin não era do tipo boazinha, entretanto isso não significava que fazia o tipo maligna, era como qualquer ser possuindo ambos os aspectos. Ela tinha um certo carisma que fazia os membros da Despera se tornarem fiéis ao grupo, os alimentava com esperanças e sentido para suas vidas vazias. Nunca descobriu se ela fazia isso por diversão ou não. Às vezes era difícil saber se ela falava sério ou estava apenas brincando.

Uma garrafa de bebida entrou em seu campo de visão, ela se inclinou despejando vinho em seu copo vazio, nem havia percebido que já havia secado. Jun sentou em uma poltrona próxima. Aquele lugar, o Tempest, era de certa forma aconchegante, talvez devesse fazer uma reforma na base principal e colocar livros por todos os lados.

— Se tem algo bom nesse lugar — disse Jun, — é a bebida, não sei onde aquele excêntrico acha essas coisas.

— Deve ser do mesmo lugar onde encontra esses livros — bebeu um gole, — ele é um homem de contatos e muitos adoram bajulá-lo.

— Tem gente pra tudo — disse Jun dando de ombros. — Você está algum tempo com uma expressão séria, preocupado com o fato de enfrentar a 50 faces?

— Não. Mas sim no que vocês estão escondendo — seus olhos encararam os de Jun, o conhecida já há um bom tempo, não era um silicante qualquer, era esperto e forte, já havia o convidado várias vezes a entrar para a Despera, mas ele recusou todas. — O que é aquela menina chamada Yayoi?

Jun bebeu um gole de sua bebida.

— Apenas uma criança — respondeu em seguida.

— Eu tenho uma certa hipótese, de que essa menina é o key gene que de alguma forma apareceu neste mundo, Helena a mencionou como um milagre, apenas essa ideia me leva a crer que estou certo.

— E o que tem demais nisso?

— Por causa dela estamos nesta situação. O que 50 faces irá fazer? Usá-la para acessar o pilar do céu ou alguma coisa maluca? Mesmo que ela seja detida e essa criança continue a viver o que nos garante que o maldito governo não bote suas mãos nela?

Jun estreitou os olhos.

— O que você está querendo dizer com isso, Wolfgang?

— Que o melhor seria acabar com a vida dessa criança.

— Matar uma criança? Você está maluco?

— Estou sendo racional.

— Isso me parece mais insanidade e medo.

— Chame do que quiser.

— Ela não tem culpa de ter nascido assim.

— Isso não importa, se é uma ameaça deve ser eliminada — Wolfgang ficou em pé ao mesmo tempo que Jun.

Serpente do Vazio - Irregular (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora