Tempest

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Eram raros os momentos em que Samael se via em tranquilidade no intervalo das aulas na universidade. Sentado sozinho na cafeteria da instituição, havia pouco movimento aquele dia, muitos alunos haviam faltado para assistir às competições desportivas na arena da área 21, você poderia assistir por realidade virtual, mas muita gente preferia estar lá.

Ele não se importava com esportes, nunca foi bom em nada que não fosse virtual, então ficava longe de coisas fora da rede.

Mikaela e Helena não havia aparecido para às aulas e Noah havia lhe mandado uma mensagem dizendo que estava cheio de trabalho na AES e não iria poder ir, era para ele gravar a aula e lhe enviar depois. Então aproveitou o momento sozinho para beber café, jogar um pouco e trocar mensagens com a Monad, quando contou a ela que conheceu Fuyu Mikoto e lhe mostrou a foto tirada, a agente não parou de falar com ele desde o momento a duas horas atrás, ela queria todos os detalhes e dizia quanta inveja sentia dele, e riu quando contou a maneira que começaram a conversar. Monad o chamou de pervertido por ficar olhando calcinhas alheias, mas era apenas brincadeira. Além do mais, ela dava ênfase na oportunidade perdida de ter recebido um beijo da diva dos jogos virtuais e que ela no lugar dele pediria o beijo.

Ele sorria para o Dis-Cy. Alesia havia deixado um buraco na sua vida, ela era a sua amiga para esses tipos de conversas, mas Monad se encaixou bem ali. Claro que uma não substituía a outra e ambas eram diferentes de modo peculiar, como Monad caçar silicantes e a outra ser um poço de mistérios.

— Posso me sentar aqui?

Levantou o olhar para o recém chegado e congelou. Era aquele modelo, ator e também secretamente um silicante — Gabriel Lima. Que havia feito um escândalo no Kafka. Sorria de forma encantadora e as poucas garotas presentes no local o fitavam cheias de sorrisinhos e cochichos.

— P-pode — respondeu Samael querendo dizer o contrário. Não queria que ele sentasse ali, mas era capaz de algo nada bom acontecesse se recusasse.

Gabriel puxou a cadeira e sentou, seu casaco e calças brancas eram impecáveis, assim como seu cabelo loiro bem penteado e cortado. ele segurava um copo de café e o pousou na mesa.

— Não sabia que você estudava aqui — disse Samael colocando o Dis-Cy no bolso.

— Não estudo, estou apenas de passagem e acabei por avistá-lo. Então resolvi me aproximar e pedir desculpas pela forma rude com que nós conhecemos.

— Está tudo bem — disse Samael com um sorriso forçado querendo fugir.

— Mesmo assim eu insisto em pedir desculpas de forma apropriada — juntou as mãos sobre a mesa, seu olhar era melancólico. — Sabe, Samael, desde que perdi contato com a Alesia não ando me sentindo bem.

— Vocês eram namorados?

— Amantes — o tom de voz dele soou firme. — Essa seria a palavra correta. Passavamos bastante tempo juntos, líamos diversos livros, íamos ao clube, ficávamos horas conversando. Ela era minha inspiração, sua beleza é única, minha vida valia mais apena com o sorriso dela por perto.

Samael nada respondeu, mas lembrou que sempre se sentia alegre perto dela no B-RAM, talvez compreendesse um pouco do que aquele sujeito estava falando.

— E então ela desapareceu, e foi trágico — disse Gabriel de forma dramática botando as mãos na cabeça. — E eu e você nos encontramos naquele galpão por coincidência, acredito que você também a procurava.

Assentiu para a afirmação.

— Você e ela tinham algo? — Gabriel perguntou fitando diretamente em seus olhos.

Serpente do Vazio - Irregular (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora