10º Capítulo

2.4K 80 2
                                    

Estava sentada a poucos metros daquele riacho no meio do bosque. À sua frente, a poucos metros estava mais alguém. Era Ricardo que observava o céu escurecido por nuvens negras e pesadas. Havia alguém naquela direcção. Um relâmpago ofuscou a sua vista e de seguida, o bosque ardia e no chão estava Ricardo rodeado de uma imensa poça de sangue.

Dalila acordou sobressaltada com a respiração descontrolada e demorou algum tempo a aperceber-se de tudo aquilo não passara de um pesadelo. Fruto do seu receio por Ricardo não poder usar a sua magia. Ele não iria poder defender-se daqueles confrontos de Feiticeiros e isso produzira aquele pesadelo.

Pegou no seu telemóvel e viu que era bastante cedo mas tinha a certeza de que não iria conseguir voltar a dormir e por isso, levantou-se com cuidado e dirigiu-se à casa de banho, onde tomou um banho demorado. Vestiu-se e não secou o cabelo, apenas prendendo-o.

Sabia que corria o risco de apanhar alguma constipação mas não queria acordar as suas companheiras de quarto com o barulho do secador e por isso, resolveu ir até à sala de convívio e ficar perto da lareira. Ao entrar na sala, surpreendeu-se ao ver Ricardo deitado num dos sofás. Tinha um cobertor sobre ele por isso, perguntava-se se alguém lhe tinha posto o cobertor ou se ele tinha ido dormir ali.

Aproximou-se da lareira com cuidado. Não queria acordá-lo. Observava-o de lado e chegou a uma conclusão que lhe colocou um sorriso amarelo no rosto.

“É incrível mas até a dormir, eu acho que ele é assustador”.

- Kaze…kurishi…

- Huh? – Balbuciou a jovem, olhando para o rapaz.

- Kurishi…

- Ricardo…? – Chamou ao vê-lo repetir a mesma expressão estranha com uma expressão de dor. – Hei!

Ele abriu os olhos, demorando um pouco a reconhecer quem estava ao seu lado.

- O que estás aqui a fazer?

- Eu é que pergunto isso. Estás bem?

O rapaz cobriu-se mais, tapando o rosto.

- Tenho tanto sono… - Fez uma pausa. – Diz ao Filipe… e ao Tiago… que temos que conversar quando eu acordar…eles não têm o direito de…

- De?

Mas não obteve resposta. Ele adormecera.

“Será que eles fizeram alguma coisa para ele dormir desta forma? Estava tão sonolento que nem sequer usou a ‘simpatia’ do costume para me pôr a milhas”.

- Estás a pensar em mudar de irmão?

Dalila olhou para trás e viu Jéssica encostada na porta com um sorriso irónico.

- E eu tenho que dar satisfações da minha vida, porquê?

- A Cátia disse que ao levantar-se, tinha te visto aqui com ele na sala mas eu não acreditei até ver com os meus próprios olhos. Coitado do Tiaguinho…

- Deves estar a confundir-me contigo. Eu não tenho por hábito meter-me com o namorado de outras pessoas. – Respondeu, lançando um olhar nada amigável e passando por ela, quase empurrando-a.

Mais tarde, após a visita, desta vez a uma pequena reserva natural, tinham voltado às aulas de esqui e snowboard. Tiago, Dalila e Filipe conversavam sobre o ocorrido na noite passada.

- Vocês usaram magia para que ele dormisse?

- Ele não deve usar magia. – Disse Tiago.

- E mesmo sabendo que será doloroso, ele quis dar-nos mais uma noite de sono tranquila.

Viver com ElesOnde histórias criam vida. Descubra agora