36º Capítulo

1.9K 91 6
                                    

Na sala, Tiago, Filipe e Ana jogavam às cartas quando repentinamente um mau pressentimento percorreu os feiticeiros que ficaram tensos.

- O que foi? Ficaste com uma cara… - Disse Dalila, ouvindo passos e nesse momento Filipe entrou na cozinha.

- É a Cármen não é? – Perguntou quase de imediato.

- Acho que sim. - Murmurou Ricardo com um ar preocupado.

- Como é que não previste algo assim?! – Exaltou-se, acercando-se ao irmão.

- Não ando a usar a vidência com tanta regularidade. – Disse, levantando-se.

- E porque não?! – Perguntou Filipe empurrando o irmão e nesse momento Tiago puxou-o. – Para que servem então todos esses poderes que tens se não os usas?!

- Calma Filipe. Tens que te lembrar que as capacidades de vidência são cansativas quando usadas todos os dias o tempo todo.

- Desculpa… - Pediu Ricardo.

- Mas qual desculpa? – Perguntou Dalila irritada. – Se ele tiver o tempo todo a usar esses tais poderes não tem direito a vida própria, não? Deixa de ser egoísta!

- Não me obrigues a responder-te como mereces… - Murmurou Filipe, afastando Tiago e saindo de casa rapidamente.

- Tenho que ir com ele. Tiago fica aqui com elas, por favor e Dalila não ligues ao modo como te falou. Está transtornado apenas isso. – Disse, saindo de casa logo de seguida.

Tiago suspirou, dizendo:

- Não gosto de os ver discutir.

Ana aproximou-se, tocando-lhe no rosto e sorrindo. Ele acabou por retribuir o sorriso.

- Vai ficar tudo bem, não é?

Ela acenou afirmativamente, abraçando-o.

“Pelo menos de certas coisas vou tendo a certeza. Seja qual for o segredo dela, não me parece mesmo nada uma má pessoa”, concluiu, olhando para ambos, “Agora o que me preocupa é o que está acontecer com a Cármen. Espero que consigam resolver o problema”, pensava Dalila.

Entretanto, Ricardo e Filipe estavam diante um cenário de caos e confusão. Um comboio tinha descarrilado e as equipas de emergência chegavam a conta-gotas, tentando responder ao número de feridos e encontrar corpos que pudessem estar nos escombros. O feiticeiro do fogo chamava por Cármen na esperança que esta lhe respondesse até que o irmão apontou numa direcção e ambos correram até lá. Os dois pararam quando viram o corpo da feiticeira debaixo de um banco partido. Ricardo retirou o banco enquanto Filipe puxava-a com cuidado para fora daqueles escombros.

- Cármen! Estás a ouvir-me? – Parou de chamar por ela ao ver que uma das suas mãos estava repleta de sangue.

Havia um ferimento profundo na barriga da rapariga que além desse ferimento tinha outros pelos braços, pernas e mesmo o seu rosto tinha um corte que lhe percorria grande parte da testa na horizontal.

- Temos que levá-la daqui, Filipe. Os médicos…

- Médicos? – Perguntou num tom incrédulo. - Achas que médicos vão conseguir fazer alguma coisa?! Estás a sentir a sua energia vital a ir-se embora e queres entregá-la aos médicos e não fazer nada? Tu tens poderes de cura para quê?

Ao ouvir isso, Ricardo simplesmente assentiu e voltaram para a residência mais concretamente no quarto de Filipe onde este deitou Cármen e rapidamente, os outros ocupantes da casa deram pela chegada deles. Dalila engoliu em seco quando viu o estado em que estava Cármen e Ana afastou-se de imediato, voltando com uma pequena bacia de água e alguns panos.

Viver com ElesOnde histórias criam vida. Descubra agora