7º Capítulo

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Passaram duas semanas. Era um namoro invulgar ou quem sabe como muitos outros. Ela continuava a não ser totalmente sincera com ele relativamente a toda a história que a levara aquela casa e ele continuava a fugir de qualquer conversa que se relacionasse com as saídas misteriosas dele em algumas noites. Na escola, continuavam a conviver com os amigos.

As trocas de afecto eram feitas quando estavam sós e por isso, apenas Bárbara sabia que os dois namoravam.

- Se ele não sentisse nada pela Jéssica não teria problema em beijar-te quando estamos todos com ela.

- Eu sei. – Respondeu, acabando de fazer um exercício de matemática.

- Sabes e não te incomoda?

- Não.

Na verdade, incomodava-a um pouco. Não gostava de ideia dele ainda estar a pensar na Jéssica. Julgava-se muito mais interessante, menos estranha e mais feminina.

Ricardo sentou-se ao seu lado, fazendo Bárbara despedir-se e regressar ao seu lugar.

- Tenho um favor para te pedir.

Era a Vera, a delegada de turma que iniciara uma conversa com Ricardo que olhou para ela, esperando a continuação da frase.

- Lembras-te da excursão de que te falei?

- Sim.

- Apesar de ter os preços, a estadia, o transporte…enfim, todas as coisas pensadas e calculadas, queria que tu viesses e me ajudasses a convencer os professores a aceitar a ideia.

- E porque não fazes isso tu sozinha? Não disseste que tens tudo planeado?

- Sim, mas…

- Vá lá Cardy dá um jeitinho à Verinha! – Pediu o Filipe.

- Ya, tu sempre convences melhor as pessoas. – Disse o Tiago.

Ele suspirou.

- Quando queres que vá contigo?

A rapariga sorriu.

- Depois desta aula. Muito obrigada, Ricardo.

- De nada… - Murmurou, abrindo o livro de matemática.

“Pelo menos uma coisa é certa. Ele tem grande consideração pelos irmãos. Haja alguém de quem ele goste que não seja ele próprio”.

Depois desse dia, Dalila deixou de ver Ricardo com tanta frequência. Ele andava com outras pessoas de clubes de ar livre, fotografia, etc para programarem a viagem. Parecia sempre ocupado e o lado positivo disso é que não o tinha a supervisionar tudo o que fazia em casa.

Podia estar mais à vontade e por isso, num desses dias enquanto limpava o pó do quarto dele, sentiu novamente a tentação de espreitar os papéis sobre a mesa mas temeu que ele aparecesse do nada e falasse naquele tom assustador por isso, afastou-se bruscamente da secretária e acabou por bater com as suas costas naquela estranha mas bonita espiral de água.

Ouviu um clique.

Olhou para trás e viu a espiral formar uma escada em caracol ainda a água a correr no seu interior.

- Olha, não quero aturar os grunhidos do Ricardo por isso, apenas te digo que há uma escada em caracol no quarto dele que leva a um sótão que ele transformou numa espécie de biblioteca e para ires lá, só falando com ele.

“Sim, o Tiago tinha-me falado disto mas nunca mais me lembrei desse detalhe…”.

Voltou a olhar para a porta do quarto, antes de começar a subir os degraus.

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