No caminho em direcção à cidade, atravessando o bosque, não precisou de indicações visto que os três irmãos também precisavam de sair naquela direcção. E antes que se separassem, já na cidade, Tiago entregou-lhe o que ela pensou ser um simples apito.
- Deves usá-lo perto do bosque. Um dos animais virá guiar-te.
- Como o pardal do outro dia?
- Sim, mas pode ser outro animal mas de qualquer das formas estão todos avisados. Eles devem zelar por ti quando estiveres no bosque.
- Ah…bom, fico mais descansada. – Concluiu com um sorriso.
“E eu pensava que quando estava naquele bosque estava paranóica por sentir-me observada, afinal não é paranóia”.
Depois de se separarem, a jovem encontrou Bárbara sentada num café. A rapariga sorriu-lhe.
- Espero não ter demorado muito mas vir da minha casa, leva o seu tempo. – Disse Dalila com um sorriso forçado.
- Não faz mal. Chegaste a horas.
- Ah…fiquei surpreendida com a tua chamada.
- Huh? Porquê? Não temos aulas por isso é normal que procuremos conviver com os nossos amigos.
- Pois mas pensei que estivesses com a Esmeralda. – Comentou Dalila num tom ligeiramente aborrecido. – Desculpa, mas desde que te falei aquela história…fiquei com a sensação de estar a ser um pouco ignorada.
- Desculpa, Lila…não foi a minha intenção mas acho que me preocupei muito com ela.
- Hum, pareces-me triste quando toquei no nome dela. Aconteceu alguma coisa? – Arriscou perguntar.
- Na verdade sim. Acho que ela de uma possível amiga, passou a odiar-me.
- Huh? Mas porquê?
- Tu sabes que… eu gosto do Ricardo…
“Hum, a tal coisa que nunca irei perceber. Mas então…”
- Tu contaste-lhe? Ou ela descobriu?
- Acho que facilitei a descoberta dela.
- Hum, passou-se ou algo do género?
- Disse que eu era uma traidora apenas à espera que ela morresse para poder roubar-lhe o namorado. Foi uma coisa horrível.
“E digo eu que tenho problemas. Aquela miúda é um bocado paranóica”.
- Oh pá, não ligues. Nestas situações, temos que desvalorizar certas coisas. Ela está daquela forma porque… tu sabes, não é?
- Eu sei que ela tem medo de perder a única coisa de bom na vida dela. Ela esteve a contar-me cenas, isto quando nós nos falávamos e é horrível. Eu não sei como continuaria com a minha vida.
- Desculpa mas não quero deprimir-me com essas coisas. Não duvido e nem ponho em causa como a vida dela deve ter sido má mas não posso ver tudo negro e pedir que outros entrem na minha onda. Ela devia libertar-se um pouco mais dessas coisas. Divertir-se e sair com outras pessoas que não tenham que ser sempre necessariamente apenas uma, o Ricardo.
- Eu tentei conversar mas acho que não valeu muito a pena.
- Pois mas não vamos passar a tarde a falar disto, pois não? Nós sem aulas e a falar de coisas tristes! Não pode ser.
- Tens toda a razão mas antes gostava que fosses 100% sincera comigo.
- Hum, ok. O que é?
- Eu sei que achas o Filipe, um conquistador barato, gostas do Tiago como um amigo especial mas tens mesmo a certeza que não gostas mesmo nadinha do Ricardo?
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Viver com Eles
Fiksi RemajaVivia uma vida bem normal, rodeada de amigos. Talvez fosse mais do que normal já que tinha direito a luxos aos quais nunca dei valor porque pensei que sempre estariam ali. Um dia, perdi os meus pais, perdi o meu chão, apercebi-me das coisas que tin...