4º Capítulo

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- Depois de arrumares a cozinha, virás comigo e com o Tiago à cidade.

- Huh? Para quê?

- Vamos comprar o material escolar.

“Material escolar? Será que tenho dinheiro para isso? E mesmo que tenha, como ia fazer para sobreviver o resto do mês?”

- É para ti. – Disse, entregando-lhe um envelope.

- O que é?

- A nossa avó não quer analfabetos cá em casa por isso, aproveita generosidade.

“A avó deles enviou-me dinheiro para o material escolar?”

A situação estava cada vez mais estranha e suspeita. Ela desconfiava da veracidade daquelas palavras uma vez que não fazia muito sentido. Se bem percebera, a avó deles contratara outra pessoa mais velha e ela apenas acabara no seu lugar por mera casualidade.

“ Uma pessoa muito mais velha não andaria na escola! Ok, não é um pensamento totalmente válido visto que ainda existiam pessoas preocupadas com a sua educação e com sede de aprender mas ainda assim…bom, não vale a pena pensar nisto, nem questioná-lo porque provavelmente virá com os seus ares superiores e sem resposta alguma”.

Depois de limpar a cozinha, regressou ao seu quarto onde procurou algo diferente para vestir. Afinal, seria a primeira vez em dias que iria deixar aquela residência e aquela zona arborizada.

Vestiu umas leggins pretas, uma t-shirt branca com um desenho a preto de um rosto feminino de cabelos ondulados e lábios vermelhos e brilhantes. Calçou umas botas pretas curtas de camurça, penteou um pouco os cabelos, pôs perfume e pegou numa pequena mala.

“Pelo menos o Tiago também vai, assim não me sentirei abandonada com o ‘simpático’”.

- Dalila já estás pronta?

- Sim, já vou! – Respondeu a jovem ao ouvir a voz alegre de Tiago que estava logo atrás da porta e por isso, deram de caras assim que ela a abriu.

Ele levava uma camisa branca, calças de ganga escura e umas sapatilhas pretas com riscas brancas. A rapariga podia sentir aquele aroma silvestre que parecia impregnado no rapaz à sua frente. Era agradável e ao mesmo tempo misterioso.

“Acorda! Não podes ficar a olhar para ela se não vai pensar que és algum pervertido!”, alertava-se a si próprio, tentando articular as palavras que felizmente para ele não tardaram em surgir num tom minimamente aceitável:

- Ehm, vamos?

- Sim. – Assentiu a rapariga passando por ele sem perceber o efeito que tivera nele há uns momentos atrás.

Repentinamente, ao entrar na sala é agarrada pela cintura e a única coisa que a separava e permitia manter uma distância quase aceitável do seu opositor eram as suas mãos nos ombros do rapaz.

- Olá boneca, não queres ficar cá em casa comigo?

 Antes que pudesse responder, viu Filipe ser puxando por Tiago.

- Descola, Filipe!

- Eh vá lá, não podes ficar com tudo só para ti.

Tiago sentiu-se corar e falou bem mais alto do que pretendia.

- Mas do que estás a falar?!

- Do que estou a falar? – Ironizou Filipe. – Tu sabes muito bem do que…

- Acabem com as discussões idiotas e vamos embora. – Disse Ricardo saindo e Dalila seguiu-o e o Tiago não demorou.

Ela pensara que iria sentir-se mais confortável visto que o Tiago também iria, mas o silêncio que já durava há mais de dez minutos, começava a levantar dúvidas sobre se aquele desconforto, iria ou não passar. Ela vinha mais atrás, enquanto Tiago parecia guiá-los pelo caminho visto que Ricardo também não o ultrapassava por isso também não devia estar certo acerca do caminho e isso confirmou-se na primeira troca de palavras após o momento desconfortável.

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