Poucos dias depois, a excursão às Montanhas de Gelo finalmente se realizava. A directora da turma juntamente com outros dois professores auxiliares do clube de fotografia e de actividades ao ar livre também acompanhou o grupo que levava alguns alunos de outras turmas. Cerca de dois fotógrafos e dois membros do Clube do Ar Livre e claro, todos comentavam que Esmeralda também entrara na viagem apesar da turma dela não estar minimamente envolvida com o assunto.
- É a tua vez de jogar. – Repetiu Bárbara.
- Ah desculpem. Deve ser o frio que se começa a sentir que está a atrofiar-me a atenção. – Disse Dalila divertida, jogando o seu ás de copas e fazendo Rui e Filipe atirarem as suas cartas ao ar.
- Estamos fora!
- Jogas bem para quem disse que não jogava muito. – Comentou Jéssica.
- Sei o básico e às vezes, a sorte também ajuda.
- Penso que também não estou com muita sorte. – Disse Tiago, observando a sua pobre mão com cartas de valores baixos.
- Deixa ver. – Pediu Jéssica, aproximando-se de Tiago e Dalila colocou a mão na frente das cartas dele, dizendo:
- Põe-te na alheta, não vale espreitar.
- A proteger o namoradinho?
- Eu não preciso de proteger ninguém. – Ripostou Dalila e soaram alguns assobios.
De certo modo, incitavam que aquela discussão seguisse adiante mas a voz da directora de turma a anunciar a chegada à estância, quebrou o momento de tensão.
A neve decorava a montanha e as luzes da estância eram a única coisa que iluminava aquele lugar que lentamente era engolido pela escuridão de uma noite que começava e um pôr-do-sol que terminava atrás da montanha.
Saíram da camioneta, recolhendo as malas e entrando na estância, procurando algum conforto e protecção face às temperaturas negativas que se faziam sentir naquele local.
- O vosso quarto é o 8. – Disse a senhora, entregando a chave a Dalila que acompanhada por Bárbara dirigiu-se ao quarto.
Os professores continuavam a pedir uma divisão de sexos pelos quartos. Queriam a todo o custo evitar surpresas desagradáveis durante a estadia, mas Dalila não estava minimamente interessada em ouvir os velhos discursos e queria pousar as suas coisas e ver onde iria ficar instalada nos próximos dias. Após colocar a chave no trinco e rodar a maçaneta, acendeu as luzes e deparou-se com uma habitação rústica mas confortável. Duas camas. Um chão que rangia ao caminharem sobre ele, aquecimento central e um pequeno rádio sobre uma cómoda. Havia também uma secretária e uma janela enorme.
- Será que nos vão deixar ficar neste quarto só as duas?
- Que remédio têm eles, B? Só há duas camas e nós somos duas. – Disse Dalila, sentando-se numa das camas, depois de encostar a mala num canto.
- Também temos aqui uma porta para uma casa de banho, viste?
- Hum, vou já ver. Estou cansada da viagem. – Deixou-se cair sobre a cama. – Demasiadas horas fechada e sentada.
- E também há quem tenha passado o tempo todo sufocado.
Ambas se riram ao lembrar-se de como Esmeralda fora extremamente pegajosa durante toda a viagem com o Ricardo que visivelmente, procurava algum descanso.
- Quanto apostas que vai querer ficar com ele no mesmo quarto?
- Vai ter uma sorte. – Ironizou. – Lila, tu viste os filmes que estavam a fazer por causa da divisão de rapazes e raparigas… ela vai ficar com alguém…credo, coitadas dessas pessoas.
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Viver com Eles
Novela JuvenilVivia uma vida bem normal, rodeada de amigos. Talvez fosse mais do que normal já que tinha direito a luxos aos quais nunca dei valor porque pensei que sempre estariam ali. Um dia, perdi os meus pais, perdi o meu chão, apercebi-me das coisas que tin...