- As termas são mesmo enormes. - Murmurou a rapariga, retirando a toalha e sentando-se, deixando a água cobrir o seu corpo quase até aos seus ombros.
- Gosto deste espaço porque é silencioso. – Disse o feiticeiro também retirando a toalha, pousando-a atrás de si e sentando-se ao lado de Dalila que viu o rapaz fechar os olhos e reparou que no rosário, mais precisamente as pedras pertencentes aos elementos brilhavam um pouco. Decidiu perguntar se estava tudo bem ao que Ricardo lhe respondeu que estava apenas a receber de volta, a energia que lhe tinha sido tirada assim que chegaram à olha. Um pouco preocupada, ela comentou se o mesmo não estaria a acontecer com os seus irmãos e que até nem seria um problema muito grande, excepto se alguém reparasse no brilho anormal que os olhos do feiticeiro ao seu lado transmitiam. Descontraidamente, o rapaz disse que o vapor proveniente daquela água quente juntamente com algum cuidado seria o suficiente para disfarçar esse detalhe até porque esse brilho, segundo ele, não permaneceria durante muito tempo. Logo em seguida, começou por iniciar o tema que os levara até ali.
- Não quero deixar-te desconfortável apesar de que tenho alguma ansiedade em receber uma resposta tua. – Falou, olhando para a água que corria naquele lugar.
- É que… - Disse Dalila, tentando não desviar o olhar. – Não penses que estou com medo que me faças alguma coisa ou que vá acontecer alguma coisa só por concordar com isto. Penso também que levas os relacionamentos muito a sério e acho que nunca levei nenhum a sério.
- Não me vais magoar se é isso que te preocupa. – Replicou quase de imediato.
- Não sabes isso. – Afirmou Dalila num tom desanimado. - Tinhas razão quando dizias que eu não sabia o que era amar alguém. Tenho medo de ainda não saber e que isto acabe…
- Por não significar nada para ti? – Completou a linha de pensamento da rapariga que se encolheu mais um pouco, assentindo. - Sei o que são relacionamentos que não trazem mais do que o vazio. Aqui a diferença é que tu acabaste com eles e eu mantinha-os até a outra pessoa acabar por cansar-se de mim ou algo pior acontecer.
- Algo que nunca foi culpa tua. Digas o que disseres, tu não trazes infelicidade a ninguém. – Disse Dalila calmamente.
A cor dos olhos do rapaz deixava de brilhar lentamente dando sinal que a recepção da energia devia estar quase terminada.
- Não posso dizer com toda a certeza que te amo mas não quero que me interpretes mal. Apesar de te dizer que tenho que passar mais tempo contigo para proteger-te de algum perigo sobretudo depois daquelas novidades que a Milena trouxe, não é apenas esse o motivo. Comecei a perceber que também o fazia porque queria estar perto de ti. – Disse, fazendo Dalila corar e desviar ligeiramente o olhar. – Tive que começar a admitir a mim próprio que queria estar contigo, que por muito que tentasse não pensar em ti, tinha e tenho sempre curiosidade em saber onde estás e com quem estás. Sei que me pediste que não entrasse mais na tua mente e deixasse todas estas coisas de prever o futuro e fi-lo, pelo menos relativamente a ti. Custa-me imenso fazê-lo porque preocupa-me. E depois… - Fez uma pausa, desviando também ele um pouco o olhar. – Como senão bastasse ter-te nos meus pensamentos enquanto estava acordado, desde daquela maldita festa de carnaval, nem a dormir a tua imagem se apaga.
- Que bom. Tens fetiches… - Comentou a rapariga nervosamente, tentando que a ironia não a abandonasse pois de contrário, sabia que tudo iria ficar ainda mais sério e desconfortável.
O feiticeiro riu-se um pouco diante do comentário e tentou clarificar que não era bem o que ela estava a pensar embora isso não a tenha convencido.
- Bem… - Disse ele, pensando um pouco. - Não era nada explícito se é que isso te preocupa.
- Ouve, nem sei se quero detalhes. Deixemos isso para ti. – Disse a rapariga, mexendo as suas mãos debaixo de água sem parar.
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Viver com Eles
Teen FictionVivia uma vida bem normal, rodeada de amigos. Talvez fosse mais do que normal já que tinha direito a luxos aos quais nunca dei valor porque pensei que sempre estariam ali. Um dia, perdi os meus pais, perdi o meu chão, apercebi-me das coisas que tin...