22º Capítulo

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- Não! Já é tarde! – Disse, levantando-se apressadamente ao ver o relógio sobre a sua mesinha de cabeceira. – Nem tirei este vestido e…espera lá…como é que vim parar aqui? Bem que interessa isso agora?! É tarde e o pequeno-almoço não está na mesa!

Assim que abriu a porta, assustou-se com Tiago que teve que segurá-la para não cair.

- Estás bem?

- Sim… - Murmurou. – O que estavas a fazer aqui na minha porta?

- Ia bater agora para te acordar.

- Tu? O teu irmão está de folga?

Tiago riu-se com a ironia da rapariga.

- Ele está a acabar de preparar o que vamos levar.

- Nós? Do que estás a falar?

- O Ricardo não te disse? Hoje vens comigo até à costa. Vou ajudar o Sr. Santos e como fiquei a saber que gostas muito do mar, achei que irias querer vir comigo.

- O Sr. Santos? – Perguntou sem perceber.

- Ele é o veterinário da clínica onde muitas vezes vou fazer algum voluntariado. – Explicou com um sorriso. – Assim que estiveres pronta, saímos.

- Ok… - Disse ainda ensonada mas voltando para o interior do quarto para pegar em algumas roupas.

Depois de tomar banho, vestir uma roupa confortável e quente para sair, encontrou-se com Tiago na sala que estava com uma pequena mochila.

- Vamos? Já tenho aqui o que precisamos.

- Hum, hum. – Confirmou com a cabeça, acompanhando-o mas não sem antes tentar ver algum dos outros irmãos mas nenhum parecia estar por perto naquele momento.

Quando estavam no meio do bosque, Tiago parou repentinamente, pronunciando aquelas estranhas palavras que Dalila nunca conseguia descodificar e de seguida, colocando as mãos juntas na frente da boca, produziu um som idêntico ao de uma ave e de seguida, umas asas feitas de penas brancas e cinzentas saíram das suas costas.

- Se não te importas a partir daqui, tenho que levar-te. – Disse, pegando na rapariga ainda atónita.

- São de verdade…? – Perguntou, tocando numa das penas.

- Hum, hum. – Disse, retirando os seus pés do chão e mergulhando no céu nublado. – Nunca tinhas visto este tipo de transfiguração, pois não?

- Ver coisas a levitar ou a pegar fogo é uma coisa mas terem asas é um nível totalmente diferente!

- A Terra abençoa-me com as características animais. Outros feiticeiros podem precisar de um pouco mais de ajuda para fazer algo assim.

- Já vos vi levitar no ar antes e não vi asas.

- Levitar é uma coisa e voar deste modo é outra. É bem melhor assim. – Disse num tom satisfeito.

Quando sentiu o cheiro do mar, a sua preocupação em relação às alturas, terminou. Olhou para a linha do horizonte e para as ondas que em tempos encaixavam perfeitamente em todas as suas manhãs e naquele momento, ao ver novamente toda aquela imensidão, sentiu uma genuína vontade de sorrir. O aroma, a tranquilidade, o marulho… tudo lhe era familiar.

Assim que Tiago pousou os seus pés sobre a areia e deixou Dalila pisar o areal, a rapariga apressou-se. Queria ver o mar de mais perto. Queria tocar-lhe. Sentir a mesma frescura de outrora. A única coisa que ainda podia dizer que se orgulhava do seu passado. O seu amor pelo mar.

O jovem de cabelos encaracolados sorriu enquanto via o rosto da rapariga iluminado pela alegria. Pousou a mochila na areia e olhou em volta. Em seguida, aproximando-se de Dalila, perguntou:

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