O resto da semana prosseguiu normalmente.
Receberam as restantes notas e Dalila não podia estar mais contente com as suas. Voltara também a não conseguir ter uma conversa com mais de duas frases com Ricardo que na opinião dela tinha sérios problemas de personalidade.
Tentara por duas vezes, pisá-lo por debaixo da mesa de jantar e nessas duas tentativas, batera com todas as suas forças no chão duro e quase sentira as lágrimas virem-lhe aos olhos.
Por outro lado, a peça de teatro fora um sucesso total, excepto claro na opinião de Ricardo que disse que tinham transformado uma peça medieval numa novela do século XXI.
- Acabei! – Disse satisfeita consigo mesma e ouviu a porta da entrada abrir-se e assim que os irmãos viram a árvore de natal na sala pararam em silêncio.
- Vocês demoraram e por isso, começámos mas vá… quero-vos lá fora a pôr as luzes com o vosso pai, ok? – Dizia uma mulher de cabelos cor de fogo. - Ou acham que agora já são uns homenzinhos e não podem ajudar a mãe?
- Claro que não, mãe mas eu prefiro ajudar cá dentro no quentinho. – Disse Filipe com um sorriso.
- Sem problema, eu vou lá fora ajudar o pai. – Disse Ricardo, saindo seguido por Tiago que acenava a uma rapariga ao lado da mãe.
Filipe virou o rosto e subiu para o seu quarto, com uma expressão que Dalila estranhou.
- Passa-se alguma coisa? Vocês não comemoram o natal? Como encontrei as decorações, pensei que não se importavam que fizesse a árvore de natal.
Tiago forçou um sorriso.
- Não é nada. O Filipe é que…
- Eu vou já falar com ele. Não há problema algum nas decorações de natal. – Disse, começando a subir os degraus.
- Tens a certeza? – Insistiu Dalila.
- Absoluta. Nós descemos já para jantar. – Falou, desaparecendo no cimo das escadas.
Quando entrou no quarto viu o irmão sentado no tapete do quarto com a cabeça entre as suas mãos. Havia algumas chamas à sua volta e Ricardo aproximou-se, ajoelhando-se à sua frente.
- Tens que te acalmar senão vais acabar por pegar fogo a alguma coisa.
- Diz-lhe que tire aquilo da sala. – Falou sem levantar o rosto.
- Pára com isto Filipe. Não podes culpar umas simples decorações de natal pelo que aconteceu.
- Mas lembra-me do que aconteceu! Não quero voltar a comemorar o natal! Que sentido tem quando a nossa família já não está completa?! – Perguntou, olhando para o irmão com lágrimas nos olhos. – Não me peças uma coisa destas!
- Ela não sabe o que aconteceu mas acredita que também há coisas na vida dela que não devem fazer desta época, algo especialmente feliz mas ela está a tentar. A minha pergunta é: Será que não podemos tentar também? – Perguntou num tom compreensivo.
- Não é a mesma coisa… - Disse num tom baixo.
- Não é e nem nunca será a mesma coisa mas podemos sempre tentar. – Disse, colocando a mão no ombro do seu irmão que suspirou. – Limpa essas lágrimas e vamos para baixo, jantar.
- Continuo a comportar-me como um puto pequeno…
Ricardo sorriu-lhe.
- Então que seja mas prefiro quando estás animado. A propósito, a Helena pediu-me que te dissesse que estava à tua espera logo à noite no local do costume.
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Viver com Eles
Fiksi RemajaVivia uma vida bem normal, rodeada de amigos. Talvez fosse mais do que normal já que tinha direito a luxos aos quais nunca dei valor porque pensei que sempre estariam ali. Um dia, perdi os meus pais, perdi o meu chão, apercebi-me das coisas que tin...