Epílogo

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O tempo voou e os anos sucederam-se. Tiago entrou em Medicina veterinária tal como sempre quisera e ainda que tenha feito uma pausa nos seus estudos durante algum tempo, Jéssica dedicou-se a uma escola de enfermagem. O filho de ambos chamava-se Gil e ao contrário do que se esperava não nasceu com qualquer tipo de magia mas como um humano normal que cedo se apercebeu que vivia numa família especial.

Por seu lado, Filipe entrou em Relações Públicas enquanto Cármen finalmente realizou o seu sonho de viver no estrelato como actriz, embora as recentes notícias fossem exigir que fizesse uma pausa durante algum tempo.

Já Dalila optou por entrar na Faculdade de Desporto pois sentia ser a sua vocação e Ricardo seguiu a sua ambição de tornar-se médico, entrando na Faculdade de Medicina.

- Hum, chocolate quente com este frio sabe tão bem. – Comentou Dalila, aproveitando para aquecer as suas mãos. – Fiquei surpresa por me teres ido buscar hoje à faculdade, pensei que tinhas exames hoje.

- E tive. – Disse, hesitando um pouco em como continuar a conversa.

- Correram bem?

- Sim. – Respondeu, aumentando a pressão sobre a pequena caixa que tinha na sua mão escondida debaixo da mesa.

- Ainda bem! Se bem que não deveria esperar outra coisa, não é? – Perguntou, olhando para o exterior da pastelaria, vendo a neve cair. – Como o tempo passa depressa, não é? Já estamos no último ano da faculdade.

- Dalila…

- Sim? – Perguntou com um sorriso, olhando para ele.

- Sei que… enfim, tu disseste sempre que não ligavas a isto mas… queres casar-te comigo?

Primeiramente veio o choque da surpresa porque apesar de ter visto os seus irmãos casarem, pensava que ele não iria querer nada daquilo pois nunca referira nada sobre o assunto. Aliás, a ideia de viverem juntos parecia-lhe suficiente mas aquele pedido fez com que afinal, deixasse escapar uma lágrima ao ver a aliança e sorriu, dizendo que aceitava o pedido.

A cerimónia realizou-se assim que ambos terminaram os seus cursos e apesar de se ter realizando na cidade onde moravam, vários feiticeiros acabaram por aparecer para felicitá-los.

E algum tempo mais tarde, havia uma nova alegria na casa do jovem casal.

- Não te cansas de babar a tua filha, pois não? – Perguntou Dalila ao encontrar mais uma vez o seu marido debruçado sobre o berço, vendo a filha de ambos dormir.

- Nunca imaginei que ser pai me deixasse assim… - Murmurou, acariciando a mão da bebé que dormia.

Não que ela não amasse a filha mas realmente ela notava como Ricardo se comportava de um modo ainda mais protector e carinhoso. Chegara a dizer-lhe que iria acabar por mimá-la demais. Porém não tinha coragem de separar os dois. Diana começou a falar cedo e o seu raciocínio desenvolvia-se com facilidade. Mesmo assim adorava estar com outras crianças e brincar horas a fio. Nascera com os três elementos reais: Água, Terra e Ar.

Ricardo dedicou muito do seu tempo a explicar-lhe como controlar esse poder e como devia evitar usá-lo diante de outras pessoas. Dalila também tratou de explicar que a magia não era algo mau que não pudesse ser mostrado aos outros e que podia ser usada para ajudar mas discretamente.

No seu primeiro dia de aulas, deixou os seus pais preocupados. Tinham receio de como podiam correr as coisas. Quando a foram buscar e ela voltou com o mesmo sorriso, contando tudo o que tinha acontecido, ambos ficaram descansados. Todos os dias havia muito que contar. Todos os dias havia perguntas a fazer, respostas a serem dadas. Todos os dias abraçava os seus pais e dizia como gostava deles. Todos os dias crescia a olhos vistos.

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- Tenho montes de amigos aqui e num mundo que apenas eu e algumas pessoas conhecem. Amo estes dois mundos que conheço. Adoro os meus tios e os primos, o Gil e o Raul. Mas sobretudo, amo os meus pais e se tu souberes aceitar e amar tudo isto também, então saberei que amas mesmo assim. – Dizia a rapariga de longos cabelos escuros e olhos azuis.

- Sempre soube que eras especial e amei-te desde então mas…

- Mas? – Indagou a rapariga com uma das mãos na cintura. – Alguma dúvida? Olha que voltamos já para trás.

- O teu pai é um bocado assustador. – Confessou o rapaz com um sorriso amarelo. - Será que me podes dar mais cinco minutos antes de entrar em tua casa?

Ela riu.

- Acredita que queres entrar agora. Já sinto o mau humor dele daqui. – Disse divertida.

- Porque é que acho que me vou meter na boca do lobo?

- É só aparência. O meu pai como qualquer pai neste mundo tem medo de perder a menina dos seus olhos mas isso nunca vai acontecer porque o que sinto por ele nunca irá mudar.

- Boa noite, Sra. Gomes! – Cumprimentou o rapaz de olhos castanhos, cabelos escuros e com um sobretudo negro.

- Boa noite, André. – Disse Dalila, parada na entrada de casa. – Diana, decidi abrir a porta antes que o teu pai se atirasse contra ela. Qualquer coisa, trato-lhe da saúde. Relaxa, rapaz. Ele vai acabar por te aceitar.

- A senhora acha? – Perguntou o namorado de Diana com uma ponta de esperança.

- Bem, eventualmente sim.

- Mãaee, não estás a tranquilizá-lo.

- Diana temos que ser francas, não é? Ninguém precisa de magia para ver a aura das trevas que está a emanar da sala. – Disse, baixando um pouco o tom de voz.

- Pois, vamos lá. – Disse, puxando o seu namorado para o interior da casa.

“Vão ser noites e dias longos até ele se habituar à ideia que a menina dele está apaixonada”, pensou Dalila enquanto entrava em casa, fechando a porta.

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FIM

Agradeço a todos os que acompanharam e deixaram comentários ou mensagens com elogios, críticas, sugestões e incentivos para continuar :)

Até à próxima :D 

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