O tempo foi passando e após um longo e rigoroso inverno, a primavera trouxe consigo os primeiros raios de sol e temperaturas mais amenas. As coisas estavam calmas há algum tempo. Apenas um ou dois feiticeiros tinham desafiado os Gomes nos últimos tempos e isso deixava Dalila mais descansada. Aproveitava também para fazer-lhes mais perguntas sobre um mundo fascinante que muitos nem sonhavam que existia.
Os irmãos não se importavam de responder-lhe e explicar-lhe com calma. Em especial, Ricardo que com receio que a “Borboleta Morta” fizesse um ataque inesperado, passava mais tempo com a rapariga que assim aproveitava para satisfazer a sua curiosidade e troçar das habilidades do feiticeiro na cozinha.
Fora da residência, mais precisamente no colégio começara a conhecer outras pessoas também interessadas em dança e aos fins-de-semana pela tarde combinavam encontrar-se na garagem de Cristina, a rapariga que conhecera na festa de carnaval. Nesse local ensaiavam coreografias. Pediram ao director autorização para fundar o grupo de dança que actuaria em determinadas ocasiões. Através de Cristina, conhecera também Mafalda e Olívia que também eram óptimas dançarinas mas mais no campo do hip hop. Essa mistura fez com que o grupo se chamasse A-Pop com uma pronúncia mais inglesa e associando o A à palavra Arábia, em dedicatória às músicas que escolhiam. O grupo também conseguira a colaboração do DJ da escola, o Sérgio para ajudá-las a misturar algumas músicas.
Por outro lado, não voltara a falar com Bárbara que também fingia não conhecê-la.
Ricardo chegara a questioná-la sobre o porquê da amizade ter terminado e distraidamente, Dalila acabou por contar-lhe o motivo, zombando do mesmo por ser completamente ridículo. O rapaz limitou-se a concordar e a desviar o assunto. Os dois sabiam que mesmo que tivessem decidido que nada havia acontecido entre eles, evitavam tocar certos assuntos para esquivarem-se de constrangimentos.
- Que dia tão bonito. – Murmurou Dalila ao ver o sol entre as árvores frondosas diante da casa.
Varria a entrada enquanto Ricardo estava deitado numa rede a ler. Fazia questão de nunca estar muito afastado de Dalila por muito que esta lhe dissesse que ele estava a exagerar.
Subitamente, reparou que alguém saía do meio daquele bosque. Um rapaz de túnica acinzentada com retalhos dourados, cabelos longos e castanhos-escuros.
- Não me digas que são problemas…?
O feiticeiro da água levantou-se, indo na direcção do rapaz que parou a poucos metros da residência e sorriu.
- Bom dia, Ilustríssimo. – Disse o jovem de túnica, ajoelhando-se.
- Bom dia. – Respondeu secamente. - Podes levantar-te e dizer-me ao que vieste.
- Vim trazer-lhe um convite para uma reunião na casa de Leonel.
- A que propósito? Disse-te o motivo da reunião?
- Não, meu nobre senhor. Pediu apenas a sua comparência com os seus irmãos se assim o entender e… - Olhou para Dalila. – Da jovem.
- Dela? – Olhou de soslaio para Dalila. - Porquê?
- Lamento. Não é do meu conhecimento. Permita-me cumprimentá-la. Seria rude da minha parte deixar uma jovem tão distinta sem a minha atenção.
- Diz-lhe “olá” de onde estás que ela responde. – Disse Ricardo, estendendo o braço para impedir-lhe a passagem. – Deixa os galanteios para mais tarde e diz-me as horas e o dia dessa reunião.
- No próximo sábado pelas oito da noite. Ele irá oferecer-lhes o jantar e agradecia que confirmasse quem vai estar presente.
- Eu irei, os meus irmãos também.
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Viver com Eles
Teen FictionVivia uma vida bem normal, rodeada de amigos. Talvez fosse mais do que normal já que tinha direito a luxos aos quais nunca dei valor porque pensei que sempre estariam ali. Um dia, perdi os meus pais, perdi o meu chão, apercebi-me das coisas que tin...