39º Capítulo

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- Hannele? O que será que a traz por cá? – Perguntou-se, pensativo.

- Dez da manhã? Ai as aulas! Hoje não íamos ter aquele teste? – Perguntou Dalila, levantando-se rapidamente da cama. – Se tudo correr bem e eu fizer um milagre, pode ser que chegue a tempo do teste!

Dalila saiu do quarto rapidamente e correu pelas escadas, dizendo um bom dia rápido a Ana e Hannele que já se encontrava na sala. Ao ignorar a visita não percebeu a expressão que esta lhe lançou ao ver que tinha descido do quarto de Ricardo. Este ao descer cumprimentou-a já com a roupa que levaria para o colégio e disse que estava surpreso com a visita da feiticeira. Ela suspirou, dizendo que imaginava que não esperasse a sua visita mas que tinham algo importante para falar e que ele talvez precisasse de se ausentar das aulas.

Ana entendeu de imediato pela expressão de Hannele e até pelo uso das palavras que pretendia conversar a sós com Ricardo e portanto, preparava-se para sair da sala quando quase esbarrou com Dalila que ainda acabava de se arranjar com a ajuda de Cármen que a encontrara num dos corredores.

- Sekkai pode servir de portal e aproveitem vocês as duas e acompanhem-na.

Dalila percebeu que ele não iria ao colégio e por algum motivo queria falar a sós com Hannele mas estava tão preocupada com o teste que decidiu não fazer perguntas e ir embora como ele sugerira, levando Cármen e Ana.

- O que se passa? – Perguntou Ricardo mais uma vez.

- Ignoraste os meus sentimentos para isto? – Perguntou a feiticeira do gelo.

- Nunca os ignorei, apenas disse que não eram recíprocos. – Afirmou calmamente.

- Não é justo! – Disse num tom exasperado. – Sempre fiz tudo o que tu quiseste! Sempre fui um modelo a seguir por outras feiticeiras e…

- E é por isso mesmo que não me atrais dessa forma. – Ricardo interrompeu-a com essa frase, sabendo o rumo errado que aquela conversa iria tomar.

- O quê? Mas alguém do teu status…

- Devia sentir-se atraído por alguém de status semelhante, eu sei. No entanto, não é assim que as coisas funcionam na realidade. Também sempre pensei que a pessoa que estivesse ao meu lado devia obedecer-me e ser o que considerava perfeito. – Continuou, seguindo a linha de pensamento da feiticeira. Afinal, em tempos, ele também pensara em algo do género. Todavia, a vida tinha daquelas coisas. Nem sempre as coisas aconteciam da forma que prevíamos.

- Ela é humana! – Retrucou Hannele, usando a designação que esperava que o fizesse despertar daquilo que ela percepcionava com loucura.

- E não pertence ao nosso mundo, não é nem de longe nem de perto exemplo de obediência. Desafia-me todos os dias. Porém, acho que faz de mim uma pessoa melhor pelas coisas que me ensina. A pessoa que sou quando estou com ela, relembra-me a pessoa que eu um dia fui. – Disse com um leve sorriso. – Ouve, tu não vieste aqui para falar apenas disto, pois não?

- Ela faz de ti uma pessoa menos atenta aos outros. – Disse num tom amargo. – O nosso mundo está no caos após uma noite de ataque a várias residências.

- Ataques? – Repetiu num tom preocupado. – O que aconteceu?

- Bruxas. – Respondeu sucintamente.

- E tu esperas todo este tempo para dizer-me isso?! Porque não começaste logo por aí?!

- Se ela fizesse de ti uma pessoa melhor, não estarias tão distraído a ponto de nem de aperceberes do que acontece no teu mundo que é lá que pertences.

Ricardo não lhe respondeu e saiu rapidamente de casa. Sabia que precisavam dele e não tinha tempo para discutir com Hannele que sorriu amargamente e de seguida, resolveu segui-lo.

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