27º Capítulo

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No dia seguinte, Dalila e Ricardo não trocaram uma só palavra, incluído o bom dia desde do pequeno-almoço até à rotina que se iniciou no colégio. Dentro da sala de aula, tornou-se evidente para a jovem que o feiticeiro estava com o pensamento longe. Provavelmente, pensava nas suas suspeitas acerca do ocorrido com a seta de memórias.

Contudo, a sua participação nunca chegou a ser solicitada na aula por isso passou despercebido e no primeiro intervalo assim que saiu da sala, desapareceu da vista de todos. Filipe disse-lhe que o seu irmão devia ter ido para algum local do colégio onde pudesse estar sozinho e que não devia estranhar essa atitude da parte dele porque era algo normal.

- Andaste um pouco distante e estranha nestes últimos dias, Di.

- Huh? O que me chamaste? – Perguntou Dalila, olhando para a sua amiga Bárbara.

- Já que me chamavas tantas vezes B decidi baptizar-te também, lembras-te?

- Ah sim… - Falou, fingindo estar por dentro do assunto.

Di? Porque raio eu concordei com isto? Aquela sócia que ele inventou não era assim tão parecida comigo como ele quis que eu acreditasse”.

- Di andas à procura de alguém?

- Eu? Não. – Disse Dalila, encostando-se a um muro e observando as pessoas que estavam no seu campo de visão.

- Andavas muito com o Ricardo quando estavas estranha. Passava-se alguma coisa?

- Não. – Respondeu, espreguiçando-se e vendo um rapaz aproximar-se.

“Quero os cromos fora do meu campo de visão mas pelos vistos tal não é possível”.

- Posso te…

- Não, não me podes conhecer. Baza!

O rapaz ainda embasbacado virou costas e afastou-se.

- Porra, foste mazinha. – Comentou Bárbara, sentindo pena do rapaz que se distanciava.

- Má? Fui curta e directa. Não quero conhecer ninguém.

- Mas tu dizias que gostavas de conhecer gente nova…

- As caras são sempre as mesmas e se tiver que conhecer gente nova, prefiro que não sejam deste colégio. Topa-me esta cambada de betos! Ninguém fuma ou faz graffitis.

- Isto é um colégio, Di. – Comentou Bárbara a rir-se.

- Passaram meses e não consigo acostumar-me a ver gente a ler nos intervalos e aqueles cromos a jogar xadrez! Onde estamos? No mundo de Einstein? Isto deprime-me! – Disse, ouvindo o som da campainha e vendo que Ricardo aparecia no meio da multidão.

“Onde será que ele esteve?”, perguntou-se.

- Já sabes que tu mesma estás a habituar-te a este clima de ‘certinhos’.

- Fala por ti, Bárbara!

- Nunca mais reclamaste do uniforme. – Apontou a sua amiga, lembrando que inicialmente, Dalila queixava-se imenso de não poder vestir-se como queria.

- Porque personalizei-o um pouco. Uso-o mas com alguma marca minha. Se eu quisesse ser uma fotocópia viveria numa máquina fotocopiadora.

Bárbara riu-se.

Nos outros intervalos, Dalila também não conseguiu encontrar Ricardo. Tinha quase a certeza de que o feiticeiro devia estar obcecado com a ideia de resolver o puzzle que podia levar ao responsável pela morte dos pais e da irmã. Compreendia essa obsessão mas também sabia que ele não estava com condições de meter-se em mais problemas pelo não num futuro próximo. Tivera a esperança de convencê-lo disso na última conversa. Porém tudo levava a crer que ele continuava a pensar no mesmo assunto e assim que tivesse qualquer pista iria agir sem pensar duas vezes.

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