Capítulo 27

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— O que tanto conversou com Ary, enquanto Orfeu e eu treinávamos? – perguntou Jack curioso à Brooke, no dia seguinte, quando Aryen e Orfeu saíram para caçar e verificar os arredores.

— Assuntos femininos Jack. Eu não tenho mais uma mãe, lembra-se? Há dúvidas e questões que não tenho com quem falar e não tenho qualquer outra opção tão pouco, como ela tem mais de cem anos a mais que eu, achei que poderia me ajudar.

— E ajudou?

— De forma inesperada, mas sim, ajudou muito. Acabei por entender muito melhor quem ela é e a partir desse conhecimento pude perceber que não sou realmente tão diferente dela.

— No quê? – ele se surpreendeu cético.

— Sempre me preocupei que fosse morrer e que não poderia ajudar ninguém porque era fraca e inútil. Me culpei por muito tempo pela morte de familiares e amigos. Mas conhecer os sentimentos de Ary... Me ajudou a ver que posso ser diferente, meus anseios podem ser concretizados. Não preciso ser frágil, não preciso ser tímida. Posso ser quem eu quiser ser e isso vai contribuir para que eu sobreviva mais facilmente e não vai me condenar a uma vida sozinha.

— Claro que não! Brooke, eu acho tanto quanto Aryen que você tem realmente que aprender a se defender, lutar pelo que acredita e estarei sempre com você, para ajudá-la e para ser ajudado por você também, não sou perfeito, ou o mais forte e consciente, ou mesmo o mais inteligente, mas amo você.

— Eu sei. – ela se aproximou dele beijando sua boca.

— Comecei a gostar da conversa que tiveram – ele sorriu nos lábios dela continuando a falar – percebe que esta é a primeira vez que toma a iniciativa de me beijar?

— Percebo. E esta não será a única ou a última – ela beijou-o de novo.

Realmente depois da experiência de ver a mente de Aryen, Brooke mudou bastante, não era mais a jovem tímida, insegura e constantemente vermelha de constrangimento que todos estavam acostumados.

Brooke agora era mais segura de sua própria personalidade e estava mais pronta para o embate, mais certa de suas palavras e escolhas, porque percebeu que Aryen realmente não se importava com o que os outros pensavam dela, fazia o que era certo e o que tinha vontade.

A vontade de Aryen de viver e de garantir que poderia ajudar outros a viver também, fizeram Brooke perceber que era isso que ela queria, queria viver e queria ajudar outros a viver. Se perdesse tempo com insegurança e constrangimento seu foco seria prejudicado, portanto estava na hora de deixar essas restrições de lado e agir mais diretamente e com mais empenho e maturidade.

Com essa percepção Brooke se via a cada dia mais apaixonada por Jack. Parte do motivo pelo qual conversara com Aryen não era bem o medo de encontrar outros de sua própria espécie, era a visão diária de Orfeu.

Ele era lindo e certamente chamava sua atenção, mas depois de perceber as sensações de Aryen nos relacionamentos que vivera, reconhecia as emoções que sentia com Jack, bastante parecidas com as emoções de Aryen com Aster. Portanto não era apenas desejo, que agora conseguia diferenciar.

Essa percepção a ajudou a notar que o que via em Orfeu era apenas fascínio por um grande guerreiro que conhecera já quase que totalmente treinado e pronto. E seu Jack não era assim, era jovem, vivo e em aprendizado, assim como ela própria. Reconhecia que via em Orfeu segurança, mas depois de analisar Aryen, percebera que não queria realmente isso.

Se fosse para se sentir segura, seria por si mesma, não dependeria de homens para isso, estaria com Jack ou quem quer que fosse por opção e não por necessidade ou apoio. Afinal Aryen não precisava de ninguém para protegê-la, ao contrário, ela que sempre estava pronta a proteger a todos eles, então porque Brooke tinha que ser diferente? Não! Podia ser uma boa guerreira também e não depender de ninguém. Com essa meta Brooke evoluiu de forma surpreendente nos dias que se seguiram.

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