Esconde-Esconde Solitário (parte 1/2)

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Já viu esse nome em algum lugar?

Caso sua resposta tenha sido não, convido-lhe a conhecer um pouco sobre este ritual (se tiver coragem hahaha).

Mas se respondeu que sim, então ótimo, creio que já sabe o que te espera não é?

Enfim...

Tenho uma história para contar a você.

Ela não passa de mais um caso que ocorreu envolvendo esse ritual, porém não possui um final qualquer.

O paciente que recebi mostrava profunda perturbação apenas por ouvir sobre o assunto e o...ocorrido.

Bom, tudo começou no dia 14 de julho de 2016...

***

- Cara, eu já falei que vamos fazer esse ritual e ponto! Por que você recusa tanto? - perguntou Lucas, enquanto terminava de anotar os materiais em um papel.
- Na internet dizia que era perigoso, que envolvia espíritos e coisas do além...
- E você realmente acredita nisso?
- É claro! O-olha as coisas que esse negócio envolve. E-e essa boneca que você pegou só torna tudo pior... -respondeu Gabriel, tentando controlar as mãos trêmulas.

 -respondeu Gabriel, tentando controlar as mãos trêmulas

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- É da minha irmã. Ela nem liga mais pra esse brinquedo, então resolvi aproveitá-la. Vai me dizer que tá com medinho? - o amigo provocou.
- Não, eu só...só...achei isso longe demais.
- Relaxa, vai dar tudo certo. Aqui, me ajuda a pegar o restante das coisas. - falou Lucas, passando o pedaço de papel.

(×) boneca ou bicho de pelúcia
(×) arroz
( ) agulha
( ) fio vermelho (bem comprido)
(×) 2 canivetes ou 2 tesouras
( ) 2 copos com água e sal
( ) 2 fios de cabelo (um de cada)

- Pode explicar o porquê desses fios de cabelo? - questionou Gabriel.
- Pelo que entendi, eles servem pra criar uma ligação entre o brinquedo e a pessoa que está fazendo o ritual.
- Bizarro...mas por que aqui tá escrito que precisa de dois?
- Porque você também vai participar. - respondeu o ruivo.
- O quê?! Você disse que eu ia só gravar!
- E vai gravar. Porém, também preciso que colabore comigo na outra parte.
- Tudo bem, fazer o quê... - resmungou o mais novo.
- Bom, vamos arrumar tudo logo. Não é todo dia que minha casa fica sem meus pais e minha irmã.

Lucas resolveu preparar a boneca. Primeiro, ele tirou seu enchimento e recheou o interior com o arroz e os fios de cabelo. Depois, de maneira desajeitada, costurou a abertura com a linha vermelha e usou o resto desta para enrolar a boneca. Em seguida, guardou a pequena agulha em seu bolso, reservando-a para o próximo passo.

Já Gabriel ficou responsável por encher a banheira, preparar os copos com água e sal e ligar a televisão.

Quando terminaram de ajeitar tudo, caminharam até o quarto. Eram 02h49min da madrugada.

- Faltam 11 minutos... - comentou o ruivo.
- Não tinha que dar um nome pra boneca?
- Sim, eu pensei em um já. Mas o momento não é agora.

02h53min

A casa estava tomada pelo silêncio. Era possível ouvir os batimentos cardíacos de ambos os garotos.

02h57min

Gabriel não parava de tremer. Suas mãos suavam enquanto seguravam o pequeno canivete.

02h59min

Os dois dirigiram-se para o banheiro.

03h00min

Eles fecharam os olhos e falaram alto, juntos, três vezes:

- Os primeiros a procurarem são o Lucas e o Gabriel!

Então, Lucas jogou a boneca na banheira e foi para seu quarto junto com o amigo. No caminho, certificou-se de ter apagado todas as luzes e trancado as portas da entrada e dos fundos, além das janelas.

Após chegarem no cômodo, sentaram-se no chão e iniciaram a contagem.

- 1...2...3...4...

O chiado da televisão só tornava tudo mais tenso. O mais novo comentou que ouviu passos vindos do banheiro.

- 5...6...7...

Um suor frio descia pelo rosto dos jovens.

- 8...9...10!

Lucas levantou-se e foi para o banheiro. No caminho, teve dificuldade para andar sem bater em algo. A casa estava em completa escuridão.

Ao chegar no local, notou, com a ajuda de um feixe de luz que vinha da janela, que a boneca ainda estava boiando na água da banheira. Percebeu também que, estranhamente, tinha água espalhada no chão. Mas ignorou o fato e chegou perto do brinquedo, apertando o canivete contra as mãos.

- Eu te achei Sofia! - gritou.

E, contra a boneca, desferiu o primeiro golpe com a arma, fazendo um corte profundo no tecido.

- Gabriel, agora é a su... - ao virar-se, interrompeu sua fala e viu que não tinha ninguém atrás de si. A câmera que o amigo segurava estava jogada no chão ainda ligada.

Estranhando a situação, Lucas voltou apressadamente para o seu quarto, tentando entender o porquê Gabriel havia saído abruptamente. Porém, quando chegou, seu companheiro não estava mais lá. Havia apenas a TV ligada no fundo do local.

Preocupado, o ruivo procurou de cômodo em cômodo, em cada canto da moradia, enquanto chamava pelo seu amigo. Contudo não o encontrou em nenhum lugar.

Só que ele ainda não havia procurado em uma parte da moradia...

Então, depois de pegar uma lanterna e se certificar que ainda estava com o canivete, partiu em direção ao banheiro, andando a passos lentos. Podia, pela primeira vez, sentir as pernas tremendo de pavor.

Caminhou durante alguns segundos, parou perto da porta e apontou a luz para o interior do pequeno espaço, ao mesmo tempo que notou uma brisa fria passar por ele. Mas, por um momento, preferiu não ter entrado.

Gabriel estava dentro da banheira.

Sua face estava pálida, as roupas encotravam-se encharcadas de água...e sangue. Era possível notar um corte profundo em seu peito, que ia da metade do pescoço até o umbigo. Espalhadas em sua volta, linhas e mais linhas vermelhas estavam repicadas, flutuando na banheira.

O ruivo assustou-se com a cena e caiu para trás. Seu coração estava disparado e sua mente, um tanto confusa. Ele percebeu que o ferimento era idêntico ao que deixou na boneca e os olhos...estavam iguais a de um morto, sem nenhum sinal de vida.

Por uns segundos, permaneceu imóvel, olhando o corpo do amigo boiar naquele líquido vermelho. O cheiro de sangue ficava mais forte a cada minuto que passava.

Enquanto tentava afastar o medo de si, o garoto ergueu-se e foi checar o pulso do cadáver, ao mesmo tempo que rezava bem baixo, quase em um murmúrio, por aquilo não ser real.

Entretanto não sentiu nada, nem uma fraca pulsação.

O desespero voltou a tomar conta de sua mente mais uma vez.

Foi quando, de repente, sentiu algo perfurar fundo as suas costas.

Não Leia Este Livro!Onde histórias criam vida. Descubra agora