Hoje é o primeiro dia de Luana em seu mais novo emprego. O fato de ser a irmã mais velha de 2 garotos foi o principal motivo de seu adiantado amadurecimento, tornando-a uma adolescente bem responsável possuindo apenas 16 anos.
Por conta de seus pais estarem divorciados, ela e seus irmãos viviam junto com o pai em um pequeno e humilde apartamento da cidade, enquanto a mãe morava em outro estado (ocupada com seu próprio emprego e seus estudos).
Porém, para os meninos, isso não fazia tanta diferença. Sua irmã mais velha (pode-se até dizer "mãe") cuidava deles com todo o carinho, desde que eram bem novinhos, e sempre agia com paciência até nas horas mais difíceis...
Mal sabiam eles que um sorriso tão gentil e palavras tão doces pudessem esconder uma dor tão assombrosa.
Subitamente, o celular tocou. Era a mãe da bebê que Luana passaria a cuidar a partir daquela noite.
Na mesma hora, a garota parou de cortar os legumes e atendeu o aparelho rapidamente.
- Alô?
- Alô? Luana?
- Olá senhora, sou eu mesma! - a adolescente respondeu, gentilmente.
- Desculpe ligar assim, sei que é repentino, mas preciso que você venha antes do horário marcado. - sua voz apresentava inquietação. - O quanto antes se puder. Aconteceu um imprevisto e preciso sair.
- Oh claro, posso sim. Logo estarei aí. Apenas me dê alguns minutos.
- Estarei te esperando. - disse a mulher, desligando em seguida."Tenho que avisar meu pai" pensou a jovem, "Hoje quem precisará buscar meus irmãos será ele".
Naquela hora, a garota não havia notado, mas uma sombra estava observando ela, imóvel, através da janela da cozinha.
***
O interior da casa de dona Cláudia, a senhora que contratou Luana, era simples, porém bem arrumada e aconchegante. As paredes pintadas de um azul bem claro, junto do piso escuro de madeira e os móveis de aparência rústica, davam à casa um ar de tranquilidade.
As fotos emolduradas na estante mostravam uma família feliz e sorridente, que parecia nunca ter brigas ou até mesmo pequenas discussões.
"Aqui é tão...acolhedor. É completamente diferente do ambiente que vivi com meus pais", a jovem pensou, enquanto admirava a casa.
No mesmo instante, uma mão gélida toca o seu ombro, fazendo-a paralisar.
Ela conhecia aquela sensação melhor do que qualquer um.
Era como se um velho amigo tivesse resolvido fazer uma pequena visita.
- Está quase na hora de dormir, minha criança.
A voz grossa, mas ao mesmo tempo suave, arrepiou-a dos pés à cabeça.
Fazia anos que ela não a ouvia.
- Luana? - chamou a senhora.
- Ah, desculpe, eu estava...distraída! - disse, recompondo-se do ocorrido. - A senhora já vai sair?
- Sim, acabei de me despedir da Laura. - respondeu, enquanto fechava sua bolsa. - Às 23h00min estarei de volta.
- Não se preocupe, cuidarei muito bem da pequena. - falou, mostrando um amável sorriso.Após despedir-se, a mulher saiu às pressas da moradia.
Agora, eram apenas a Luana e a bebê.
Para passar o tempo, a jovem decidiu ler um livro que trouxe. Suas mãos ainda tremiam um pouco por conta do que tinha acabado de ocorrer.
"Preciso focar minha cabeça em outra coisa, não devo pensar nisso", refletiu, enquanto procurava o objeto em sua mochila.
No entanto, quando sentou no sofá, ela escutou um barulho, baixo, de algo caindo no chão, vindo do andar de cima.
Depois de se levantar e subir as escadas, ela vai até o quarto de Laura e abre lentamente a porta.
A pequena estava dormindo serenamente.
"Que estranho...achei que tivesse ouvido algo. Deve ser coisa da minha cabeça".
Por alguns segundos, Luana ficou observado a bebê enquanto lembrava dos meses que seus irmãos eram exatamente assim: pequenos e frágeis. Às vezes até sorriam durante as horas que dormiam! Com certeza tinham sonhos felizes...
Pena que ela não teve a mesma sorte.
Suas noites costumavam parecer o inferno na Terra.
De repente, a porta do quarto fechou-se.
A garota virou o rosto em direção à entrada do cômodo e franziu o cenho. A janela do pequeno aposento não estava aberta, portanto não poderia ser o vento, e não tinha mais ninguém na casa.
Em seguida, ela foi até a porta e girou a maçaneta.
Não estava abrindo, alguém tinha trancado as duas no quarto.
Instintivamente, Luana olhou para Laura, confirmando se estava tudo bem com ela, e depois continuou tentando abrir a porta.
Nessa hora, ela ouviu passos pesados no telhado. O barulho estava ficando cada vez mais alto...
No mesmo instante, a jovem desistiu do que estava fazendo e tratou de ir até a bebê, pegando-a no colo. Se fosse um bandido, ela protegeria a menina à todo custo.
E então, a porta abriu-se, vagarosamente.
O som havia cessado nos telhados.
Estava agora nas escadas.
A adolescente teve um mau pressentimento.
Ela sabia que não estavam mais sozinhas.
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Não Leia Este Livro!
HorrorQuer dizer que mesmo eu te avisando no título, você ainda tem a ousadia de vir ler a sinopse? Por que ainda está lendo isso? Quer realmente conhecer este livro? Está bem então, pode seguir em frente. Mas depois não diga que eu não avisei.