Hora de Dormir (parte 2/4)

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Por conta do medo, Luana permaneceu parada nos primeiros minutos, sem desviar a atenção da porta.

O som vindo das escadas havia cessado abruptamente.

Agora era o silêncio que dominava a moradia.

Finalmente, a garota decide levantar-se. Seus movimentos eram lentos, para não acordar a bebê, mas, em compensação, seu coração estava disparado, aflito com o que poderia encontrar.

Em passos curtos, foi até a porta e pegou o celular do bolso, enquanto segurava a menina com o braço esquerdo. Em seguida, ativou a lanterna do aparelho e mirou em direção ao corredor.

Não tinha ninguém e nem nada lá.

Porém, a janela no final do pequeno corredor estava aberta.

Rapidamente, e com desespero, a adolescente foi até o interruptor próximo da escada.

No entanto, as luzes não acenderam.

Foi quando sentiu a presença de algo atrás de si.

Ao virar-se, a jovem deparou-se com uma criatura, estranhamente familiar, encarando-a.

- O que está fazendo tão tarde fora da cama? - questionou o ser, numa voz autoritária.

Luana vagarosamente foi andando para trás, ainda em choque por conta do que via.

- Luana, minha querida...

O suor que descia pela sua face estava frio. As mãos que protegiam o corpo frágil da bebê tremiam sem parar.

- É hora de dormir.

Então, a pequena subitamente começou a ficar agitada. Em uma fração de tempo, ela iniciou o choro, fazendo com que este ficasse mais alto a cada segundo que passava.

Se não fosse por isso, Luana não teria despertado do choque e nem corrido até o andar de baixo.

Ao chegar na sala, tentou acalmar Laura o máximo que podia, enquanto a aninhava em seus braços.

"O que está acontecendo? O que era aquilo? Será que...não, isso é impossível. Tenho certeza que me livrei disso há anos", refletiu, ao mesmo tempo que tentava se livrar das lembranças ruins.

Durante o resto da noite, a babá permaneceu na sala de estar, ora cuidando da menina, ora olhando para as escadas. Ela estava receosa demais para voltar ao andar de cima (por mais que dissesse para si mesma que aquilo não era real).

Quando a senhora Claudia chegou, a jovem pegou suas coisas (tinha decidido não contar sobre o ocorrido - ela sabia muito bem que não acreditariam nela) e despediu-se, indo, assim, direto para onde morava.

Entretanto, dessa vez, ela não voltou sozinha.

***

Era quase meia-noite quando Luana se acomodou em sua cama.

O clima não estava muito frio, portanto a noite seria bem agradável.

Isso foi o que ela acreditou no início.

No momento em que estava quase dormindo, ela ouviu duas batidas na janela, despertando-a instantaneamente.

Confusa, levantou-se da cama e foi ver o que era.

Ao abrir as venezianas, pôde notar que a rua estava deserta e as luzes das outras moradias, quase todas apagadas. Quando se inclinou mais para frente, olhou ao redor e percebeu que nenhum apartamento vizinho tinha pessoas acordadas.

Ainda não entendendo o que estava ocorrendo, ela fechou a janela e voltou a deitar-se.

Na hora que ela se virou para a parede, passos começaram a ecoar do corredor.

Estavam indo até seu quarto.

Após alguns segundos, o som parou.

Agora, o barulho vinha de sua porta, que rangia ao se abrir.

Luana não se mexeu. Ou melhor, não comseguia se mexer.

- Vitor? É você? - perguntou, com a voz trêmula.

Ninguém respondeu.

- O que houve? Teve um pesadelo? - novamente tentou tirar respostas, mas não teve sucesso.

De súbito, a jovem sentiu algo sentar-se perto de suas costas.

Ouvir os estalos da madeira da cama enquanto aquilo deitava-se ao seu lado, fez com que seu coração disparasse.

E então, uma mão pousou sobre sua cabeça.

Lentamente, a criatura começou a acariciar os cabelos da adolescente.

Luana sentiu seu corpo arrepiar-se.

- O que houve? Não consegue dormir? - sussurrou o monstro.

Repentinamente, ela ouviu uma outra voz.

Dessa vez, era de uma mulher.

Era doce e suave, como a de um anjo.

Era de sua mãe.

Ela estava cantando uma música.

O seu maior tormento da infância.

- Lembra dela? Pois então... - dos cabelos, a mão da criatura passou para o pescoço da garota.

O forte aperto sufocava-a cada vez mais.

Ao mesmo tempo que tentava se libertar, lágrimas de desespero saíam de seus olhos.

- Agora, é a sua vez.

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