A história a seguir foi escrita com o intuito de apresentar um dentre vários casos ocorridos em um casarão pertencente a uma família rica e também para mostrar o que a falta de atenção perante certos detalhes pode trazer consequências indesejadas e irreversíveis...
Haverá também uma versão desenhada, produzida por um amigo meu e parceiro de terror, JooKurono (ele também possui uma conta no Instagram, caso queira conhecer mais sobre seu trabalho com desenhos: @joaokurono). Assim que ele tiver finalizado, avisarei o quanto antes.
Desejo-lhe uma ótima leitura!
***
Completava-se uma hora desde que a pequena família tinha saído de seu apartamento, localizado bem no centro da cidade, com o intuito de passar alguns dias afastados da agitação da zona urbana.
Pelo fato do sítio ser longe, eles ainda precisaram ficar por mais um tempo na estrada (o que claramente deixou a pequena Alice impaciente).
- Mamãe! Mamãe! - chamou a garotinha, ao desviar os olhos da janela. - Já estamos chegando?
- Ainda faltam uns 30 minutos, meu bem. Vai demorar só mais um pouco. - respondeu Rebecca.Samuel, que estava concentrado em um jogo qualquer do celular, finalmente decidiu fazer um comentário.
- Esse lugar é muito longe. Por que estamos indo pra lá? - questionou o garoto, enquanto procurava por seu headphone na mochila.
- Já conversamos sobre isso. É pra relaxar e ficar em um ambiente diferente, mais tranquilo...
- E você acha que isso vai ajudar em alguma coisa depois da morte dele?A rispidez do jovem mudou abruptamente o humor da mulher.
- Filho...eu sei que você amava muito o seu pai e que sente falta dele. Eu entendo você. - falou, com a voz carregada de tristeza. - Mas temos que seguir em frente. Não podemos simplesmente parar com as nossas vidas.
Evidentemente sem querer continuar com o assunto, o garoto permaneceu em silêncio.
E mais uma vez, a curta viagem prosseguiu em quase plena quietude, sendo este interrompido somente em alguns momentos pela alegre caçula ou pelo irmão mais velho mal-humorado.
Quando o carro finalmente adentrou em uma estrada de terra vermelha, a mãe soltou um suspiro de alívio e deu um curto sorriso.
- Agora estamos chegando, minha querida! - pronunciou.
Ansiosa, a menina logo voltou sua atenção para a vidro do painel do veículo. Seus pequenos e curiosos olhos azuis fitaram o casarão branco que se encontrava há alguns metros adiante.
Após chegarem mais perto, a morena estacionou o automóvel próximo da entrada principal e ao pegar as chaves da casa, chamou seus filhos.
- O que acham de explorar o lugar primeiro? - perguntou aos dois - Vou abrir a garagem pra guardar o carro.
- Sim! - respondeu Alice, com um sorriso contagiante. - Vamos, Samuel! Vamos logo!
- Já estou indo. Pode parar de puxar minha blusa! - reclamou.
- Você é muito lento! - retorquiu a menina.Ignorando o comentário, o garoto acompanhou a irmã no interior da grande moradia.
Assim como o exterior, a parte de dentro estava inteiramente nova. As paredes brancas forneciam destaque para os móveis escuros de madeira (tudo muito bem detalhado, com um estilo rústico), enquanto o chão claro deixava óbvio que havia sido encerado há pouco tempo.
E deve-se afirmar: Três andares enormes, sendo os dois de cima constituídos de janelas grandes com sacadas ornamentadas, muitas salas e quartos espaçosos, todos ricamente decorados, além de um grande jardim (com as roseiras brancas e vermelhas sendo os maiores realces) e um quintal invejavelmente extenso fariam qualquer pessoa ficar boquiaberta.
Atônito com a extensão dos cômodos e com a mobília nitidamente cara, o rapaz andou em todos os cantos juntamente com a irmã - que variava as expressões faciais entre empolgação e admiração.
Contudo uma sala deixou a dupla intrigada: ela era a única que tinha uma porta rachada e que não possuía chave.
- Por que ela não tem chave? - perguntou a pequena loira.
- E eu vou saber? Só sei que ela não está junto com as outras. - retrucou Samuel, ao testar com a última que sobrou.
Depois de terem averiguado os locais restantes, os dois desceram as escadas e foram até o carro (a mãe tinha chamado-os para ajudar com as últimas bagagens). Em seguida, e à medida que o porta-malas se tornava mais espaçoso, Alice começou a ficar mais inquieta que o normal ao mesmo tempo que parecia procurar por algo.
- O que foi, meu bem? O que você perdeu? - perguntou Rebecca, aproximando-se.
- Eu não estou achando a Lily, mamãe.
- Você não estava carregando ela junto com você?
- Eu...acho que esqueci no sofá da sala. - respondeu, desviando o olhar por alguns segundos.
- Desculpe, querida, mas não podemos voltar para buscá-la. Consegue ficar sem sua boneca só por alguns dias?Com o semblante cabisbaixo, a garotinha acenou com a cabeça afirmativamente.
- É por pouco tempo, eu prometo. Logo você estará com ela de novo. - falou, tentando reconfortar a filha.
- Mãe? - chamou Samuel, ao passar pela porta principal.
- O que foi?
- Como conseguiu essa casa? Vendeu um dos rins?A mulher soltou uma leve risada com a pergunta do filho.
- Tivemos sorte, na verdade. Por incrível que pareça, o casal responsável por esse casarão estava alugando por um preço bem acessível. - disse, pegando a última mala que faltou. - Foi então que decidi pagar para passarmos uns dias em um lugar diferente.
- Entendi...aliás a senhora me deu todas as chaves, tirando a da garagem?
- Sim, eu te passei as que me entregaram. Por quê?
- Tem uma sala que não tem chave.Franzindo o cenho, a morena virou-se para o jovem.
- Qual sala?
- É uma perto das escadas, com uma rachadura na porta.
- Certo, vou ver isso depois. Agora vá para dentro. - proferiu, enquanto fechava o carro. - Você também, Alice. Está escurecendo e vou preparar a janta pra nós.***
3h16min da manhã
Após revirar na cama diversas vezes, claramente sem conseguir voltar a dormir, a caçula decidiu ir até o quarto da mãe pedir por companhia.
Com os pés descalços, ela saiu de seu quarto e caminhou pelo corredor, tentando manter o silêncio, até chegar nas escadas. E, cuidadosamente, desceu os degraus, com o auxílio da iluminação lunar vinda das janelas.
Ao alcançar o segundo andar, a criança acelerou o passo, em direção ao aposento desejado, todavia sua pressa foi interrompida no exato instante que cruzou a estranha porta rachada: esta abriu-se de repente, fazendo um barulho terrível de madeira estalada.
Ansiando saber o que tinha naquela pequena sala, a menina chegou mais perto e examinou o que conseguiu ver há poucos centímetros da entrada.
Mas nada de surpreendente havia lá. Apenas tinham algumas caixas empilhadas, cheias de pó, empilhadas em um canto.
E uma boneca sentada em uma cadeira, próxima dos pacotes.
- Lily! - exclamou Alice, toda contente, ao abraçar sua amiga. - Finalmente achei você!
E juntamente com sua alegria, a menina voltou para o seu quarto.
Não precisava mais da companhia da mãe.
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Não Leia Este Livro!
HorrorQuer dizer que mesmo eu te avisando no título, você ainda tem a ousadia de vir ler a sinopse? Por que ainda está lendo isso? Quer realmente conhecer este livro? Está bem então, pode seguir em frente. Mas depois não diga que eu não avisei.