NOTAS DA DOUTORA: a história a seguir foi escrita com base no meu primeiro enredo "Irmão? É você?", objetivando dar uma segunda versão da minha primeira criação (para adaptá-la melhor ao meu estilo e também trazer uma atmosfera mais profunda de terror).
Espero que goste!
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A noite estava calma, com leves ventanias correndo sobre os campos. A lua, que estava em seu formato mais circular, parecia solitária, sem qualquer estrela por perto.
Sentada em sua cama, Elisabeth contemplava essa calma paisagem. A janela de seu quarto fornecia uma vista privilegiada das belas e altas colinas daquela região.
No entanto, seu semblante estava abatido naquela noite. Sua mente vagava nas mais diversas reflexões e memórias, sem apresentar algum rumo a seguir.
Foi quando, repentinamente, a pequena garota ouviu a porta de seu cômodo sendo aberta, o que a despertou de seus pensamentos.
Porém, estranhamente, não tinha ninguém do outro lado.
Com curiosidade, Elisabeth levantou-se de sua cama e foi até a entrada de seu quarto. Em seguida, olhou atentamente para os dois lados do corredor.
- Mamãe? - chamou, enquanto andava em direção à cozinha. - Mamãe? É você?
Seus passos no piso de madeira eram o único som que ecoava na casa.
- Papai?
Outra vez, ninguém respondeu.
Apesar disso, a menina continuou a caminhar pela moradia. De cômodo em cômodo, ela procurou pela suposta presença que sentiu. Contudo, sua busca não teve sucesso. Além dela, apenas o silêncio estava presente no lugar.
Quando finalmente averiguou todos os cantos da residência, ela decidiu voltar para o seu quarto.
Ao chegar, paralisou abruptamente ao ver uma sombra alta sentada em sua cama.
Por conta da pouca luminosidade existente no local, era impossível, àquela distância, distinguir quem era.
Então, em passos lentos, Elisabeth chegou mais perto.
- Não se lembra mais de mim? - perguntou o estranho, levantando-se.
A calma e familiar voz já foi o suficiente para a menina reconhecer a misteriosa presença.
Era o seu irmão mais velho.
Na mesma hora, a menina exibiu um genuíno sorriso branco e correu até sua cama, indo ao encontro do caloroso abraço do seu melhor amigo. Este, por sua vez, recebeu-a fraternalmente, enquanto enlaçava seus braços, de modo protetor, ao redor da pequena.
- Me desculpe - falou o rapaz, quebrando o breve silêncio do momento. - Eu não cumpri com o meu papel de irmão.
Confusa, a criança desfez o abraço e olhou para o jovem.
- Eu não estava aqui quando você precisou. - continuou. - Te vi chorar tantas vezes...era capaz de tudo para tirar um sorriso seu.
De súbito, o garoto começou a mostrar uma expressão muito triste. Seus belos e azulados olhos estavam dominados pelo vazio.
- Mas agora, tudo será diferente.
Após terminar a sentença, a pequena percebeu que o quarto estava começando a ter muitos insetos voando ao redor, descontroladamente.
Eram baratas. Dezenas delas.
Com medo, voltou a olhar novamente para o irmão. Mas antes de falar qualquer coisa, a menina soltou um grito aguçado, completamente apavorada com o que via em sua frente.
O adolescente estava começando a contorcer-se, enquanto expelia sangue pela boca.
Ainda em choque perante a horrenda cena que assistia, Elisabeth afastava-se em direção à porta.
Foi quando a situação começou a piorar.
No meio do peito de Jonathan, alguma coisa estava tentando sair.
Aquilo debatia-se loucamente, como se estivesse lutando para conseguir respirar...até que finalmente foi capaz de abrir um buraco e colocar parte de seu corpo para fora.
O monstro possuía a aparência quase idêntica do seu irmão, entretanto tinha buracos espalhados pelo corpo podre e escuro (de onde saíam baratas de diversos tamanhos). Além disso, dispunha de unhas amareladas e uma boca larga, com dentes faltando.
E do lado, estava o cadáver do jovem, com as costelas quebradas e apontadas para fora. Uma expressão de horror estava esculpida em seu rosto, como se tivesse visto uma assombração.
Chorando de desespero, a menina virou-se e girou a maçaneta, esperando escapar dali. No entanto, a porta não se abriu.
Ela estava trancada em seu próprio quarto.
- Ora, que medo é esse? - perguntou a criatura, rispidamente. - O seu querido irmão está aqui para te confortar.
Aos prantos, a menina começou a bater na porta, gritando por ajuda. Contudo, suas ações foram subitamente paradas pelos braços da aberração, que a seguraram ao mesmo tempo que uma das mãos ensanguentadas cobria sua boca.
As órbitas vazias, que já foram preenchidas com os alegres olhos azuis de Jonathan, encaravam-na de modo frio.
- Não chore, minha pequena. - disse, após lamber as lágrimas que escorriam em seu rosto. - Eu ficarei aqui de agora em diante.
No mesmo instante, diversas baratas começaram a entrar pelo vão da porta, passando perto dos pés da menina e voando até pousar sobre o seu pijama. Também era possível sentir algumas delas andando em suas pernas.
- Você nunca mais estará sozinha.
De repente, Elisabeth pôde ouvir passos rápidos vindos do corredor. Em seguida, a porta foi aberta ligeiramente e o quarto foi completamente iluminado pela forte lâmpada do teto.
Ver o rosto dos seus pais nunca foi tão reconfortante como naquela hora.
- O que houve, querida? - questionou a mãe, pegando-a no colo. - Por que gritou?
Ainda aos soluços, a criança apontou para o fundo do lugar, enquanto permanecia com o rosto escondido.
Seguindo a direção indicada pela menina, o casal somente viu uma cama desfeita e alguns brinquedos espalhados no chão.
O pai, que estava logo atrás com uma escopeta em mãos, tratou de examinar todos as partes da moradia (até mesmo o lado de fora da casa), procurando por algo incomum que tenha assustado sua filha. Contudo, não achou nada de estranho.
- Ela deve ter tido um pesadelo. - comentou o homem. - Não encontrei coisa alguma lá fora.
- Vamos deixá-la dormir conosco por hoje. Nunca vi ela tão assustada. - respondeu a mãe.O marido assentiu e voltou primeiro para o quarto. Depois, a mulher foi até a janela, fechou-a e andou em direção ao interruptor.
Porém, antes de apagar a luz, Elisabeth, que estava quase adormecendo, avistou uma barata andando no chão.
Ao seguí-la com os olhos, notou que, um pouco mais em frente, uma figura apodrecida estava sentada em sua cama, acenando para ela, com um largo sorriso.
E atrás do monstro, havia uma frase escrita com sangue e diversas baratas esmagadas:
"A brincadeira está apenas começando..."
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Não Leia Este Livro!
HorrorQuer dizer que mesmo eu te avisando no título, você ainda tem a ousadia de vir ler a sinopse? Por que ainda está lendo isso? Quer realmente conhecer este livro? Está bem então, pode seguir em frente. Mas depois não diga que eu não avisei.