Quarto (e último) episódio da série "Monstros que me perseguem"
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21 de novembro de 1997: o melhor e o pior dia que eu pude ter em toda minha vida.
Eu possuía 24 anos quando disse "sim" ao primeiro pedido de casamento que fizeram para mim.
Com toda certeza, aquele foi um dos momentos mais memoráveis que tive. A alegria de saber que alguém realmente se importava comigo e que desejava passar o resto de seus anos de existência ao meu lado era algo que eu jamais tinha experimentado antes.
Para quem foi abandonada pelos pais quando recém-nascida e criada por uma parenta tão rígida e fria quanto a tia Celine, amor verdadeiro era um sentimento totalmente novo.
Eu só não esperava que fosse ter minha felicidade, e meu primeiro amor incondicional, tirados de mim por meio de um assassinato.
- Julie? Você me ouviu?
De repente, senti meus pensamentos vagarem para longe de mim.
- Ah...desculpe, Adam, eu estava no mundo da lua. - respondi, virando a cadeira do computador na direção de sua mesa de trabalho.
- Percebi...e isso mostra que está precisando de umas férias. - comentou, apresentando preocupação. - Você está passando do horário de serviço quase todos os dias.
- Fica tranquilo, eu aguento ficar umas horas a mais aqui.Uma ventania forte subitamente entrou pela janela, o que fez a cortina esvoaçar por um curto instante.
- E eu preciso ocupar a cabeça, você sabe disso... - completei ao me levantar para encher minha xícara de café mais uma vez.
- É, eu sei. Mas ultimamente você parece mais cansada que o normal. Não se esqueça de se cuidar.Após proferir as últimas palavras, dei um pequeno sorriso para confortá-lo.
- E você se preocupa demais, grandalhão. - era o apelido mais usado por nós, seus colegas policiais. - Eu vou tirar alguns dias de folga na próxima semana, pra sua tristeza.
- Você quis dizer alegria, não é? Aturar você não é fácil.Como qualquer outra dupla de amigos, rimos do breve momento de descontração.
- E a Catherine? Como ela está? - questionei ao voltar para o meu assento.
- O enjôo do início de gravidez está incomodando bastante ela. - contou depois de pousar sua atenção no computador. - Mas tirando isso, está tudo bem.
- Escutei uma vez que é normal ter isso no começo. Logo deve passar.
- Foi o que a obstetra falou.O toque inesperado do telefone interrompeu nossa conversa bruscamente.
- Pode deixar que eu atendo. - disse Adam quando se ergueu de sua cadeira.
Durante alguns minutos, meu colega ficou concentrado na ligação. Pelo tom de voz que usou, foi notável que era algo urgente.
- Iremos até onde vocês estão. Não saiam daí.
Ao desligar, apressadamente foi pegar o seu casaco.
- Umas crianças disseram que estão escondidas perto de uns arbustos no parque que fica à leste daqui. - falou enquanto ajeitava a pistola no coldre. - Algo estava seguindo elas e por conta do medo decidiram se esconder.
Acompanhando seu ritmo, celeremente guardei a minha arma, juntamente com meu antigo canivete.
- Então temos que ir mais rápido ainda. E não esqueça das chaves.
***
Durante o caminho, Adam explicou com maior clareza a respeito da conversa que teve com o pequeno trio. Eles estavam voltando para casa, após visitarem a avó, e no meio da estrada, perceberam que estavam sendo perseguidos. Então o mais velho, na tentativa de despistar o estranho, levou os irmãos para um lugar mais fechado e seguro.
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Não Leia Este Livro!
HorrorQuer dizer que mesmo eu te avisando no título, você ainda tem a ousadia de vir ler a sinopse? Por que ainda está lendo isso? Quer realmente conhecer este livro? Está bem então, pode seguir em frente. Mas depois não diga que eu não avisei.