Esconde-Esconde Solitário (parte 2/2)

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Lucas berrou de dor e caiu para frente, deitando-se no chão. Podia ver seu próprio sangue se esparramar nos pisos do banheiro, enquanto formava uma poça vermelha em volta de si.

O estranho que o golpeou, levantou seu corpo e o ajeitou de modo que ficasse sentado, encostado na parede. O ruivo estava fraco demais para se mexer e sentia o ferimento doer mais conforme era movimentado.

Apesar de esforçar-se ao máximo para tentar enxergar o rosto do indivíduo, em meio ao cômodo pouco iluminado, o jovem ainda não conseguia identificá-lo de modo algum. A posição em que estava desfavorecia a possibilidade de vê-lo com clareza.

- Q-Quem...é...você? - Lucas perguntou, apresentando fadiga e medo na voz. - O...que...quer de...mim?

O sujeito não respondeu. Ele permaneceu agachado, sem mexer um músculo sequer, na frente de sua vítima, encarando-o.

Depois, levantou-se e foi em direção à banheira, pegou a boneca no fundo da água e a jogou perto do garoto. Em seguida, apontou o canivete para o brinquedo e após uns segundos, para Lucas.

O ruivo arregalou os olhos. Ele sabia o que ia acontecer...

O indivíduo tirou um pequeno novelo do bolso da calça e começou a enrolar uma linha vermelha ao redor do ferido, de maneira que o deixasse imóvel. Lucas conseguia sentir o quão apertado o fio estava em volta de si, o que deixava sua respiração mais pesada.

Após dar um nó na linha, o estranho tirou um punhado de arroz do mesmo bolso e o enfiou na boca do jovem. Depois, passou fita adesiva em volta de sua cabeça, para impedí-lo de cuspir os grãos.

Os olhos do garoto transmitiam ainda mais agonia do que antes.

Grosseiramente, o indivíduo pegou no braço de Lucas e o fez ficar de pé. O sangramento em suas costas, que havia parado, novamente voltou. A fraqueza em seu corpo tinha aumentado e sua pele estava mais pálida que antes, tal como de um morto.

O estranho obrigou o ruivo a caminhar em direção à banheira, enquanto apontava o canivete para suas costas. Ao chegar na beirada, o jovem notou a cor escura que estava a água naquela hora.

E então, abruptamente, sentiu um forte empurrão.

O líquido vermelho espalhou-se nas paredes e no chão do cômodo.

Ao notar que suas roupas começaram a ficar encharcadas, Lucas, mais uma vez, foi dominado pelo pânico e começou a se debater descontroladamente, dispersando mais a água. A banheira era funda e permitia que seu corpo ficasse totalmente submerso, o que explicava sua atormentação.

Em seguida, sentiu uma mão gélida segurar seu pescoço e apertá-lo com força.

Pôde perceber que estava começando a ficar sem ar.

O desespero tornou-se mais intenso.

Estava muito frio ali.

Nesse exato momento, a lua finalmente resolveu mostrar sua face e alguns raios de luz passaram nas frestas da pequena janela do banheiro.

Sua visão estava um pouco embaçada e turva, mas mesmo assim conseguiu ver quem o feriu.

Um sorriso cadavérico estava estampado no rosto do culpado.

Lucas queria acreditar que aquilo era só um pesadelo.

E foi aí que ele finalmente entendeu o que estava acontecendo...mas já era tarde demais.

Apesar de sentir o líquido vermelho tapar os seus ouvidos, o ruivo conseguiu ouvir duas palavras, ditas numa voz familiarmente rouca:

- Eu ganhei - disse Gabriel.

E então, tudo ficou escuro.

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