A VIAGEM

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Naquele mesmo dia, Trianon embarcou num jato da Força Aérea, desembarcando no Kennedy Airport, onde tomou outro, da Lufthansa, com destino a Berlim. Na manhã seguinte, fria e nebulosa, avistava-se com Jonas Krill, numa ala reservada da embaixada.

— Acabamos de saber e lamentamos, Trianon. Nosso agente na Rússia foi capturado. Vamos enfrentar sérios problemas estratégicos, até que um novo agente consiga acesso aos novos planos armamentistas soviéticos e localização das instalações de mísseis.

Uma expressão de fúria e desalento estampou-se no rosto de Trianon.

— Souberam alguma coisa sobre Oliver Clark e Bakou?

— Bakou ainda está por aqui. Foi visto ontem, no lado ocidental. Está sendo seguido. Nada sabemos sobre Oliver ainda. Presumo que esteja morto. Tentamos encontrar o local para onde levaram o carregamento do Tupolev. Isso só foi conseguido nessa madrugada, quando um comboio se movimentou de um bairro de Berlim Oriental. Investigamos o local. Nada encontramos de especial, a não ser vestígios de que várias pessoas estiveram ali durante alguns dias e que qualquer coisa foi montada. Julgo que tenha relação com a antena que instalaram na Alexander Platz e que, ontem, durante uma hora mais ou menos, causou interferências nas transmissões de TV. A antena foi desmontada ontem à tarde mesmo e nenhuma explicação oficial foi feita. Há algo que possa fazer por você, além disso?

O telefone tocou. Jonas atendeu e uma expressão irritada estampou-se em seu rosto.

— Continuem tentando. Precisamos localizá-lo! — ordenou, desligando. — perderam Bakou e seus acompanhantes — disse encarando Trianon.

— Quem acompanha Bakou?

— Um homem e uma mulher. Não sabemos ainda quem são. Alguma ideia?

— O homem talvez seja Oliver Clark. A mulher eu não sei.

— Oliver Clark? Por que ele? Deve estar morto!

— Talvez — disse Trianon, num tom vago.

— O que pretende fazer agora?

— Esperar. Precisamos encontrar Bakou!

— Para quê?

— Preciso de algumas respostas — afirmou Trianon. — Depois matá-lo, talvez — acrescentou, com ódio.

Durante o resto do dia, Trianon circulou pela cidade, sem um rumo definido. Passeou ao longo do muro, acompanhado de um dos homens de confiança de Jonas Krill. À noite foram jantar no Hardtke, onde provaram uma comida típica alemã. Depois retornaram ao hotel. Trianon se mostrava tenso, como uma fera metida numa jaula ou um rato num labirinto. A frieza de seu rosto fora substituída por uma expressão profunda de rancor. Seus olhos brilhantes se cobriram de uma película transparente, tornando-os esgazeados e assustadores. Apenas de madrugada recebeu a informação que aguardava. Bakou fora até a Suíça. De lá embarcara para a Polônia, acompanhado de uma mulher.

Trianon tomou o primeiro trem da manhã para Varsóvia.    

NO TEMPO DA GUERRA FRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora