Renegados do Inferno - Selada - Vol 1 (CONCLUÍDO)

A Queda do Anjo

Capítulo Revisado

***                 

   Aquela era o grande momento da minha vida. Quando a vi parada ali, de braços abertos a minha espera corri imediatamente me afundando em seus braços e permitindo sentir o calor deles. Era real, ela era real, ela estava ali.

 Naquele momento, não soube como expressar tamanha felicidade, sorria junto as lágrimas abraçando-a com força, me afastei um pouco para olhar seu rosto e ela tirou o capuz revelando os longos cabelos prateados, exatamente iguais aos meus. Segurei seu rosto para senti-los, e realmente parecia tudo extremamente real, sorri mais uma vez ainda sem acreditar.

— É você mesmo? — Perguntei e ela riu daquilo.

— Sim, Becca, sou eu. — Disse encarando-me emocionada. — Por que escolheu justamente esse lugar? — Perguntou e a princípio não havia entendido a pergunta.

Porém refleti um pouco, e suspeitei que aquele lugar era algum lugar na minha consciência, que minha mente me trouxe. Já sabia então como respondê-la.

— Por que foi aqui que tudo começou. — Falei e minha mãe havia soltado um suspiro seguido de um sorriso amoroso.

— Caminhe comigo, minha filha. — Pediu seguindo em frente abrindo as portas de meu quarto.

  A segui e notei que a casa estava vazia, mas os móveis estavam ali, intactos, e ela abriu a porta da cozinha revelando a saída. Agora sim, as portas estavam corretas e agora sim a saída estava do lado certo.

Estava de manhã e as ruas estavam completamente desertas. O bairro era o mesmo, os papéis de jornal velhos estavam jogados no chão, porém nenhuma alma viva rodeava as ruas. Carros estavam vazios, lojas fechadas, nada. Absolutamente nada a postos.

— Você cresceu. Porém nunca deixei de te vigiar sabia? — Disse ela e eu a encarei.

— Como assim?

— Você provavelmente deve ter milhares de perguntas em sua mente sobre o que aconteceu. Quero poder responder todas, mas só tenho alguns minutos. — disse ela parando de andar para me observar melhor.

— Como assim? Você não pode ficar?

— Não, e nem você. — Não entendi. Aquele não era meu inferno pessoal? Como não poderia ficar?

 Ela olhou para o lado dando de cara com uma rua. O tempo começou a correr, e em segundos anoiteceu, amanheceu, anoiteceu de novo, amanheceu mais uma vez e então anoiteceu.

Desta vez havia pessoas nas ruas.

A minha mãe estava ensaguentada com um bebê recém-nascido no colo, deslizando para trás naquele chão rígido do asfalto enquanto que ela era perseguida por uma mulher , ela era belíssima e usava trança embutidas para esconder o cabelo preto por trás do capuz de couro, uma mulher preta e linda, era relativamente alta, e seus olhos eram profundos, pretos, nem se via a pupila de tão negros como o céu sem estrelas ao anoitecer.

  Ela vestia um casaco de couro, com o símbolo da cruz de Cristo nas costas, e segurava uma adaga também lembrando uma cruz, de lâmina extremamente afiada, a mulher se aproximou da minha mãe inexpressiva.

— Não! Por favor, ela é só uma criança! — Gritou a minha mãe do passado para a mulher que se aproximava.

— Aquela segurando a adaga se chama Azrael. — Disse ela me explicando enquanto assistia suas memórias. — O anjo da morte, mas também é conhecida por nós como o demônio dos anjos. — Respondeu minha mãe do meu lado. Agora entendi, estávamos no passado de novo, e desta vez ela estava me mostrando as suas memórias.