Vinte e dois anos atrás
—Para! Me deixa em paz... Gregory! —corremos cada vez mais para dentro da floresta. Tento não olhar para trás, mas ao ouvir o seu uivo não consigo resistir à tentação.
Sinto seus passos mais perto dos meus e tento acelerar, mas suas mãos são mais rápidas e me puxam contra o seu corpo.
Sua respiração está descompassada assim como a minha, seus lábios rubros são uma perdição, tento me focar, mas a próxima armadilha são os seus olhos azuis. Como fui tão burra de me entregar a esse homem.
—Não podemos estar juntos... —digo desviando meu olhar do dele, mas sua mão puxa meu rosto para si.
Ele me cala com os seus lábios, tento resistir me esquivando, mas ele entende assim como eu que era nos seus braços que eu queria estar.
Nos beijamos com voracidade e paixão, sua língua procura desesperada pela minha, suas mãos apertam meus quadris e arfo quando ele me pressiona contra uma árvore. Sentir o seu coração bater tão perto do meu é indescritível, apenas ele causava essa sensação em mim, apenas ele...
Tudo que estávamos fazendo era contra todas as regras. Mas as estrelas saberiam guardar esse segredo. Nos despiamos ali mesmo e assim como nas noites anteriores, eu fui dele.
O vento batia calmo em nossos corpos suados. Seus olhos me destruíam, mas eles eram a única chave para me reconstruir.
Sinto meu corpo sendo levantado, cruzo minhas pernas ao redor da sua cintura e não paramos de nos beijar por um segundo. De noite eu podia sentir que ele era inteiramente meu. Eu não poderia tê-lo vinte e quatro horas por dia, mas aqueles momentos eram infinitos enquanto duravam.
A água gelada causa um choque térmico em nossos corpos. Me desvencilho dos seus lábios para me perder nos seus olhos. A Mãe Natureza poderia não querer isso, mas nós queríamos.
O Alfa, distribuía beijos pelo meu colo e pescoço. Suas mãos apertavam meu corpo contra o seu. Selo nossos lábios mais uma vez e puxo de leve seu cabelo.
—Yarin! —ouço me chamarem, mas deve ser coisa da minha cabeça. Até que ouço mais uma vez. —Yarin! —aquela voz... só podia ser da Clarisse. Xingo mentalmente.
Paramos de nos beijar e nos entre olhamos apreensivos, não poderiam nos ver aqui, ainda mais a futura companheira dele.
Coloco desesperadamente o cabelo para trás da orelha e procuro pelas minha roupas. Jogo a calça na sua direção.
—Porque a gente não para de se esconder? —ele afirma me puxando por trás.
Ele só pode estar perdendo a noção, afinal as consequências não vão recair sobre ele.
—Yarin!? Eu preciso da sua ajuda. —era só o que me faltava.
—Se esconde e veste a droga dessa calça, por favor. —digo olhando no fundo dos seus olhos.
Ela era minha amiga e nunca entenderia o que nós sentimos um pro outro. E não tiro a razão dela, pois se fosse eu no seu lugar, também não iria suportar. Mas o problema é que eu não consigo me afastar dele, por mais que tente.
É algum castigo. Só pode. Assim que encontro minhas roupas elas estão completamente rasgadas. Solto um xingamento e penso em alguma saída.
Água.
Escondo minhas roupas ou o que sobraram delas dentro de um arbusto e entro na água fazendo o mínimo de barulho possível.
Olho ao redor e Gregory continua atrás da árvore que havia se escondido, seguro uma risada e seus olhos brilham contrastando com a Luz da Lua refletida na água gélida.
—Yarin! —Clarisse aparece com o semblante preocupado. —Te procurei por toda parte. —mesmo nervosa ela ainda continuava sendo meiga.
—Resolvi nadar a luz do luar. —menti, mas percebo que isso é suficiente para tirar seu semblante de dúvida.
—Onde estão suas roupas? —engulo em seco.
—Já vim para cá transformada.—ela dá de ombros e respiro fundo por estar dando conta.
Gregory segura o riso e mexe seus lábios sem emitir som em um"Eu te amo". Ele sai de fininho sem emitir nenhum ruído. E agora a conversa poderá fluir mais tranquilamente sem ele vigiando.
Clarisse abre e fecha a boca várias vezes. Prende o cabelo em um coque bagunçado e finalmente fala.
—Deve ser coisa da minha cabeça, mas eu acho que ele está me traindo. —congelo e a única coisa que passa pela minha cabeça é tentar transparecer neutralidade. —Não sei... já fazem 11 meses que tivemos a conexão e ele nem sequer me beijou, não me olha nos olhos e nunca chegou a me tocar. Ele não me ama... mas eu
tento ser o mais agradável e gentil que eu posso ser. No entanto, não desperto nenhum interesse nele. —brota uma pequena esperança no meu coração, ele me amava. Ele estava disposto a ir até o fim, a quebrar todas as regras por mim. Meu coração aperta e acabo mordendo o lábio inferior com as lembranças de alguns minutos atrás.—Yarin? Você está me ouvindo? —desperto do meu transe e tento organizar as melhores palavras para consolá-la, mas como fazer isso se agora o meu único foco era ele.
—Clarisse. —falo olhando dentro dos seus olhos. —Gregory nunca iria te trair. Talvez, só esteja buscando o momento certo para...—suas bochechas coram. —Ele quer ser diferente com você.
—Você acha? —ela pergunta com um sorriso genuíno crescente.
—Não apenas acho, como tenho certeza. Busca esperar ele também. —lembro dos seus lábios rubros, das suas mãos devastando meu corpo.
—Você tem razão. Eu vou falar com ele... agora! Muito obrigada. —apenas confirmo. Mas uma pontada de remorso brota em meu peito, o que eu estava fazendo?
Deixo meu corpo relaxar sobre o espelho da Lua. E enquanto fico boiando as imagens de mais cedo passam como filme pela minha mente. É como se eu pudesse sentir o seu beijo e o seu toque apenas com a memória.
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Meu companheiro é o Alfa
Manusia Serigala-Você é minha! -Quem disse? -Eu disse e isso já basta!