—Gregory narrando—
—Certo. Você tem toda a razão.Eu estava sobrando mesmo.—tento me aproximar dela para tentar me explicar, mas já não há nada que eu possa dizer para convencê-la de que tudo era um teatro. Seus lábios delicados e macios tocam minha orelha. —A nossa hora já passou. —ela sussurra e tenho vontade de puxá-la para mim e acabar com toda aquela mentira, mas a deixo ir embora.
Precisei de alguns minutos para entender que acabou. Droga. Sentir os seus lábios tocarem a minha pele por míseros segundos foi indescritível, eu ainda era dela, mas agora não por completo.
[...]
Tudo continuava igual na alcateia, era ridículo como só agora a mãe dela havia sentido sua falta. Então eu era um bom ator, por ter conseguido fazer todos acreditarem naquela farsa e se manterem vidrados naquele anúncio.
Até quem eu mais amo acreditou, e não tem mais como voltar atrás, tive que fazer isso pelo bem de todos, pela saúde mental de Clarisse, mesmo não a amando tenho um respeito grande por ela, pois não temos poder de escolha sobre com quem ficaremos o resto de nossas vidas, e esse nó cego que acabamos nos prendendo, fica cada vez mais difícil de suportar e sufoca mais o outro quando um tenta se soltar.
—Onde você estava? —ela pergunta ajeitando a capa que começava a acumular flocos de neve em seu comprimento.
—Vamos entrar? —digo a conduzindo para casa com uma mão em suas costas.
Sinto alguns olhares sobre nós, mas me prendo no barulho dos sapatos contra a neve.
—Yarin foi embora. —digo de uma vez sem olhar para ela.
—O que?—faz uma pausa e tenta encontrar meu olhar. —Porque? —sua voz sai trêmula.
—Talvez ela nunca mais volte.
—Gregory. —ela suspira e puxa meu rosto para encará-la. —Gregory! Como assim ela foi embora? Para onde? E porque? —me pergunto como ela não sabe que eu sou completamente apaixonado pela Yarin. Sempre tive medo que ela descobrisse, pois para mim estava tão óbvio.
—Não sei. Apenas a vi correndo para dentro da floresta e... indo embora.
—Porque você não foi atrás dela?—gruda seus olhos de indignação e preocupação nos meus.
—Não quero forçar ninguém a ficar aqui. —fiz uma pausa e repousei minha mão na sua barriga ainda pequena. —Somos uma família agora e isso é o mais importante para mim.—a puxo para uma abraço e seu corpo gruda no meu.
Ouço seu choro baixinho e acaricio seu cabelo que repousa no meu peito. Por fora eu aparentava seriedade e comprometimento com a minha nova vida, mas por dentro eu gritava por Yarin.
—Eu sei que ela é sua amiga, mas não irei mandar ninguém trazê-la. Pois o que a motivou a sair daqui é maior do que a sua vontade de voltar. —Clarisse permanece paralisada com a notícia e me odeio por ser esse motivo. —Agora temos que entrar. —digo entrelaçando nossos dedos, imaginando que aquela mão seria da Yarin.
Abro a porta e Clarisse tira sua mão da minha e sobe as escadas sem olhar para trás, tira a capa e a deixa cair nos degraus.
—Droga. —murmuro.
Fico pensando se eu havia tomado uma decisão ruim em não ter ido atrás dela. Afinal, mesmo Yarin não querendo voltar, ainda era uma dos nossos. E o meu dever era garantir que ela continuasse aqui, pedir perdão pelas minhas escolhas, que trouxeram benéficos para um lado e prejuízos para o outro que eu tanto queria agradar.
Agora ela estava sozinha, a mercê de tantos perigos. E eu não fiz nada para impedir isso.
Droga Yarin, porque você foi embora?
[...]— Yarin narrando —
Caminhar começa a se tornar cansativo e dolorido
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Meu companheiro é o Alfa
Manusia Serigala-Você é minha! -Quem disse? -Eu disse e isso já basta!