Capítulo XVIII - Perda Brutal

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A morte sobre nós pendia, sobre nós, sobre os móveis, sobre as taças...

Tudo era depressão, tudo, menos as chamas dos lampiões de ferro que ardiam pálidas, imóveis, como línguas de luz...

Edgar Allan Poe

FOI TUDO MUITO RÁPIDO.

Não existia torção, dor, nada. Sua mente se tornou em branco, seus pés tinham vida própria enquanto ganhava a porta e corria pelo corredor. Ele não ouviu os gritos o chamando, ele não se importou com as pessoas que derrubou no caminho enquanto saltava a escada, dois degraus de cada vez em um ato quase sobre-humano diante da inutilidade de seu tornozelo.

Ele só não queria perdê-la também.

Sua mente não estava lógica, ele apenas tinha que ajudá-la, socorrê-la. De repente ele estava de volta naquele armário, ouvindo os gritos dela e do irmão e não podendo sair de lá. A diferença é que agora ela chamava por ele. Ela implorava por sua ajuda.

Ele não chegou à saída. Entre o segundo e primeiro andar nas escadarias uma mão o puxou e foi contra a parede em um baque surdo. Se debateu e sentiu que era abraçado, imobilizado, a cabeça contra um peito duro, o deixando ainda mais apavorado. Tentou chutar, mas estava quase sufocando. Uma mão prendia sua nuca fortemente contra um corpo.

Não podia perder tempo ali, tinha que ir para casa dela, tinha que salvá-la. Ele tinha que quebrar a porta do armário e salvar sua família, seu último porto-seguro. Sua última ligação com Menma, que parecia gritar na sua cabeça.

E gritar e gritar.

Como ele gritava.

— Karin...Karin! Karin!

— Respire, Naruto. Abra os olhos. — A voz chegou até ele, depois de ser repetida muitas e muitas vezes, em que apenas tentava lutar, o coração acelerado, a respiração tornando-se perigosamente instável.

Abriu os olhos que havia fechado fortemente, ainda se debatendo. Focou na voz mansa, a reconhecendo. Uma mão estava em suas costas, a outra em sua nuca, preso entre a parede e o peito de Itachi. Suas unhas estavam cravadas nos braços dele, tentando sair, deixando rastros de sangue no caminho.

Tinha que sair, tinha que correr até ela.

— Karin! — gemeu com a voz abafada, como um animal encurralado.

— Você prometeu que não perderia o controle. — A voz falou calma, contra todo o descontrole da situação.

— Não...não...

— Eu estou aqui, Naruto. Eu vou ajudar, não está sozinho.

Naruto parou de lutar, a respiração ainda acelerada, mas não dando mais sinais de fuga.

Itachi o soltou do aperto com cautela e ele deslizou para o chão, o policial indo junto, ajoelhando-se na sua frente com os braços ainda em seus ombros trêmulos. O fitou, vendo os cabelos desgrenhados, os olhos azuis atordoados, em choque. Itachi tirou o inalador do bolso e segurou na boca do garoto, que o aceitou automaticamente.

— Shisui. — Chamou sem desviar os olhos de Naruto ou soltar suas mãos juntas do inalador.

O primo que via toda a cena dois degraus acima pulou para o lado dos dois no chão em prontidão, alerta.

— Ligue para Kakashi, diga para ir ao apartamento de Karin Uzumaki com uma equipe agora. Que ele ligue para a polícia local de Kusa e avise que ela está em perigo.

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