Ato II - O último natal de Sasuke

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Notas iniciais

É natal. E Sasuke comprou um presente, Obito viu. Sasuke tem um lema de não comprar presentes para ninguém desde os nove anos. Então, para quem seria esse pacote?


Todas as obras de arte devem começar pelo final.

Edgar Allan Poe, livro A Filosofia da Composição

Cinco anos antes da morte do Kyuubi

Itachi estava frustrado. Terrivelmente frustrado. Ele realmente pensara que poderia escapar de Madara nesse ano. Apenas esse ano. Ele tinha coisas a fazer na delegacia. Não era como se os crimes fossem parar em razão do Natal. A investigação da Kyuubi estava em sua mesa, ele sabia que estava chegando perto de alguma coisa.

Porém, não havia escapatória. Madara mandara não apenas Shisui, mas Shisui e Obito vestidos de Papai Noel para a delegacia, o constrangendo ao ponto que sua única saída era sair dali e seguir para o distrito, para o que o tio tão chamava o tempo em família. Segundo ele, o único tempo em que normalmente ele teria os sobrinhos por perto agora.

—Você não vai adivinhar.

Obito falou em tom conspiratório, enquanto beliscava algo da ceia que roubara da cozinha, onde havia sido expulso por Kurenai e Madara. O tio havia insistido no costume ocidental desde que eram crianças. Eles comemoravam o Natal com tudo que tinha direito.

— Sasuke comprou um presente.

Itachi ergueu uma sobrancelha, cético. Seus olhos foram para o irmãozinho que fora praticamente acorrentado ao piano, vestido em um suéter do Madara como todos eles, e com um chapéu de duende que Shisui tirara fotos o suficiente para o chantagear pelo resto da vida.

Claro que Madara conseguira o arrastar também. Sasuke era de longe mais fácil de ser arrastado do que ele, porque Sasuke não conseguia dizer não à Kurenai. Porém nunca, absolutamente, de nenhuma forma ele comprava ou dava presentes para ninguém desde os nove anos, em que havia descoberto que Papai Noel não existia – longa história – e que fizera um protesto de não dar presentes a ninguém desde então.

Ano por ano eles apostavam quem iria quebrá-lo. Obito e Shisui começavam a tratá-lo muito bem no começo de novembro. Até mesmo Madara entrava nessa aposta. Todos queriam ser aqueles a quebrar esse protesto. Em vão.

Até agora.

—Sem chance. — Murmurou, desfazendo a cara de mau-humor de toda a noite, curioso. — Para quem?

—Ninguém sabe. — Shisui respondeu, deslizando no sofá ao lado dos outros, com a boca cheia e uma suspeita marca de colher na testa. — Ele não falou nada, mas nós vimos dentro do carro. Em papel de presente e tudo, de sininhos amarelos. Completo. Ele até colocou um laço.

—Tenho certeza de que é para mim. — Obito falou. — Tem o tamanho da Katana que eu queria.

—Sem chance. — Shisui rebateu. — Eu que ajudei ele na última matéria dele em Kiri. Tenho certeza de que é para mim.

Obito fungou, pronto para protestar, quando uma voz os assustou atrás deles.

—Madara pensa que é uma estátua. Acho que pode ser para ele.

—Jesus, Kurenai!

Shisui se assustou, engolindo a comida e recebendo um olhar maligno dela.

—O próximo que entrar naquela cozinha antes da meia-noite vai levar uma surra de natal.

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