30- É assim que tudo termina

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CAPÍTULO TRINTA

"É assim que tudo termina"

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Eram onze horas da manhã de segunda-feira. A notícia da morte do Comandante do 10º Batalhão de Polícia do Exército havia se espalhado por toda a Região Sudeste. Do Comandante. O jovem Vitor se manteve esquecido pelos noticiários.

O choque foi tão grande que o Tenente-Coronel César, agora, atual Comandante da Organização Militar, decidiu folgar os militares envolvidos no crime para que a investigação terminasse o quanto antes. E isso incluía os Alunos Isaque e Steinberg.

O clima entre o pessoal do Batalhão era outro. Mal se podia acreditar que Leandro Magno havia morrido. Alguns até que gostaram da notícia, pois duvidavam de sua capacidade em comandar uma missão de combate ao tráfico tão complexa e perigosa quanto a que enfrentariam naquela semana. Todo mundo já sabia, por alto, o que ocorrera naquela noite.

A probabilidade de um de seus companheiros ser responsável pela morte de um irmão de farda era inconcebível. Era uma vida. Mesmo Magno não sendo o melhor dos Comandantes, era de comum acordo que ele não merecia aquela morte.

A falta de Vitor era tão sentida quanto, já que ele tinha muito mais contato com os militares mais modernos.

Às oito horas, a Bandeira do Brasil, o símbolo mais importante para os responsáveis por garantir a soberania do Estado, foi hasteada. Não até o topo, como de costume. Mas até metade do mastro, simbolizando o luto que todos eles carregavam naquele dia.

Após uma formatura realizada para informar ao pessoal do Batalhão sobre o ocorrido e sobre a operação, o Tenente-Coronel César deixou o quartel sob o comando de outra pessoa e seguiu para a casa do falecido, sem, sequer tirar a farda. Era a última pessoa que faltava para completar o círculo dos suspeitos

Ao abrir a porta de madeira, todos viraram seus olhos curiosos para o oficial.

Isaque parecia estar melhor do que o dia anterior. Suas olheiras estavam menos perceptíveis e o cabelo úmido indicava que acabara de tomar um banho revigorante. No entanto, seu coração ainda batia mais rápido do que o normal ao perceber que o veredito seria dado. Ele se reposicionou pela décima vez naquele sofá, ao lado de Joyce e Vicente, que também compartilhavam do mesmo sentimento.

No outro assento, Estela e William esperavam ansiosamente pela hora da revelação. A atriz não conseguia se manter imóvel. Mexia seus membros sem controle de si. Necessitava logo que revelassem quem causou aquela tragédia e, posteriormente, decidissem como ficaria a situação da herança que Leandro mesmo dispôs a ceder ao seu filho.

Jéssica ficava logo ao lado deles, observando, com os olhos atentos, Alan Nunes do outro lado da sala, evitando sempre encará-lo para que traumas não voltassem a lhe atormentar. O tenente estava em pé, atrás do sofá, de braços cruzados e olhos cerrados. Não queria um assento. Queria logo sair de lá.

Natan começava a se sentir desconfortável estando perto de Arthur e Kelvin. Os três sentavam-se no chão, sobre um tapete que, por pouco, não foi manchado pelo sangue da vítima. O casal estava próximo e íntimo demais de forma que o rapaz sentia que já segurava vela.

Por outro lado, ainda sentia agonia em voltar aquele local. O local onde visitou pouco tempo antes de seu pai morrer.

Pai.

Assassinato Verde-OlivaOnde histórias criam vida. Descubra agora