CAPÍTULO CATORZE
"E meus pêsames"
♦ ♦ ♦
— Podemos começar — A fala de Jean Smith fez Carmen respirar fundo da sua cadeira. Sentada, ela juntou as pernas e entrelaçou os dedos. Suspirou algumas vezes, em um silêncio perturbador, até conseguir pronunciar as primeiras palavras — Como estava a relação entre você e o Tenente-Coronel Magno?
O tenente não demonstrava impaciência. Pelo contrário. Cruzava seus membros inferiores e observava a mulher com curiosidade. Fitando-a profundamente nos olhos, quase que lhe causando um desconforto. Mas ele precisava analisar todas as palavras dela.
Após sua fala curta com Vinícius a respeito da conversa dele com o aluno Isaque, pediu que ele ficasse na sala, vigiando os irmãos. Não podia ser negligente a ponto de deixar dois potenciais culpados sozinhos.
Para auxiliar seu interrogatório, o homem deixava seu celular no modo gravador ligado, de forma que cada palavra do suspeito seja captada perfeitamente. Com todas as letras e nuances. O aparelho do aluno também estava conectado, possibilitando-lhe ouvir a conversa e perceber todos os detalhes ao mesmo tempo que o tenente, mesmo sem estar presente no interrogatório.
Tinha feito uma lista provisória de suspeitos. Pessoas que, possivelmente, estavam envolvidas, tanto com o assassinato de Leandro — a vítima 1 —, quanto o de Vitor — a vítima 2.
Carmen Magno, a esposa da vítima 1
Alan Nunes, sobrinho da vítima 1 e Comandante do Pelotão da vítima 2
Isaque Nunes, sobrinho da vítima 1
César Foster, amigo da vítima 1
Kelvin Santana, ex-namorada da vítima 2
— Eu estaria mentindo para você se falasse que passávamos por um período bom — A mulher começou a falar, mordendo os lábios — Estávamos em crise. Após quinze anos casados, ele pediu o divórcio. Não chegou a ser concluído, oficialmente. Mas pediu.
— E você sabe qual foi o motivo, senhora Carmen? — Ele perguntou, com um pouco de sarcasmo em sua voz.
— Sim — Ela disse com amargura. Gradativamente, seus olhos foram enchendo de água novamente — eu não era a pessoa que ele amava. Ou o tipo de mulher que ele desejava. Acho que nunca fui. Eu, por minha vez, não fiz minha parte como boa esposa. Hoje eu entendo. Acho que, no lugar dele, eu ia querer o mesmo. Afinal, nunca demonstrei preocupação com os sonhos ou a felicidade dele.
— Desculpe a pergunta, então — ele inclinou a cabeça, sabendo que seria indelicado — mas por qual razão se casaram?
— Ah — Ela observou o teto, tentando se lembrar do tempo em que se conheceram — Não foi por dinheiro. Nossos pais se conheciam. Eram amigos, até. Eles meio que forçaram nosso relacionamento. No começo a gente até gostava um do outro. Uma admiração pela beleza, talvez. Eu sempre amei a ideia de me casar com um oficial do Exército e poder acompanhá-lo em diversos lugares do país... Além disso, se eu quisesse, eu poderia não trabalhar, mesmo sendo formada em Química, já que ele me bancaria. Ele deve ter visto em mim uma mulher bonita que estava disposta a ficar junto com ele aonde quer que fosse sem reclamar. Você sabe, os militares de carreira podem ser movimentados para qualquer lugar do Brasil, mesmo sem ter o interesse. Não é qualquer uma que está disposta a abandonar família para isso. Além disso, a família de Leandro falava tanto de mim que ele começou a gostar de mim pelo que diziam. Ele era tão influenciável, coitado! Principalmente pelos pais. No mau sentido. Na verdade, eu sei com quem ele realmente queria estar...
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Assassinato Verde-Oliva
Misterio / Suspenso[OBRA CONCLUÍDA] O 10º Batalhão de Polícia do Exército é uma Organização Militar extremamente operacional. Basicamente, sua rotina é realizar operações em prol da segurança e da ordem do Rio de Janeiro. E agora, está prestes a executar a maior delas...