Eu não consegui salvar

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Eu estava tão nervosa com tudo o que estava acontecendo que nem reparei quando o Berg finalmente se aproximou do prédio do CRUEL.

-Emily – ouvi Minho me chamar – Precisamos da sua ajuda.

Cai na realidade e olhei para Newt. Sua cabeça estava deitada em meu colo e ele ainda estava apagado. A única coisa que me tranquilizava era seu peito subindo e descendo por conta da respiração. Eu não tinha desviado o olhar para esse pequeno fato nem por um segundo. Eu precisava conferir se ele estava vivo. Coloquei meu dedo debaixo do seu nariz para conferir mais uma vez.

Encarei Minho por um momento. Eles precisavam de mim. Meu irmão e Teresa precisavam de mim.

Mas mesmo assim eu não queria sair de perto dele. Eu precisava conferir.

Levantei, deixei o mesmo deitado no canto e fui até Minho e Gally.

-O prédio está em chamas – Gally disse – Eu não sei se tem como a gente entrar.

-Não tem como eles estarem lá dentro. – Minho disse – Ou eles saíram do prédio ou...

Ele ia falar algo, mas não conseguiu. Sua boca ficou aberta.

Fechei os olhos só de imaginar o que ele poderia querer dizer. Deixei ela sozinha com um cara louco e armado. E ainda mandei meu irmão para lá. Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse com algum dos dois.

-Espera... – Gally disse com os olhos arregalados.

Segui seu olhar pela janela do Berg e avistei duas pessoas no teto do prédio.

-São eles! – eu gritei e me aproximei mais da janela.

Avistei Teresa e Thomas caminhando lentamente pelo teto do prédio. Havia fogo perto deles e Teresa parecia carregar Thomas apoiando o mesmo em seus ombros. Ou era o contrário.

-Jorge! Abre a porta do Berg! – Gally gritou para Jorge que estava pilotando o mesmo.

Aos poucos a porta foi aberta e um vento forte percorreu o local, dando uma melhor visão de tudo.

Era muito alto e eu tive que me segurar em algumas barras. Olhei para trás só conferindo se Newt estava bem.

O Berg se aproximava bem devagar o mais próximo possível. Mas havia muito fogo e o Berg era enorme perto do prédio. Não havia muito do que se aproximar.

-Vem logo! – Minho gritou e Teresa começou a puxar com mais força meu irmão.

Ele devia estar bem machucado.

Pensei em pular para ajudar, mas atrapalharia mais do que ajudaria. Além do mais, ainda havia uma distância entre o prédio e o Berg.

Assim que eles chegaram a ponta do prédio, meus olhos se encontraram com os de Teresa.

Ela me olhou preocupada.

Não resisti e sorri para ela. Um sorriso que comunicou para ela que tudo tinha dado certo, que ela havia conseguido e que Newt estava bem. Balancei a cabeça afirmando para ela.

E ela entendeu perfeitamente aquilo. Seus ombros relaxaram um pouco e ela sorriu de volta para mim, com os dentes.

Depois disso o contato visual foi quebrado por um barulho alto. O prédio já estava prestes a cair.

Teresa se aproximou mais, quase na borda do prédio. O Berg também se aproximou. Nada mais poderia ser feito.

-É o máximo! - Jorge gritou.

-Pula! – Gally disse se inclinando para frente e estendendo uma das mãos. Com a outra ele segurava em algo.

Não consegui olhar para baixo. Estávamos muito alto.

Teresa deu um impulso e jogou Thomas para dentro do Berg, que foi pego por Gally na mesma hora.

Ele se deitou e gemeu de dor. Porém logo depois olhou para Teresa, desesperado.

Me inclinei repetindo o que Gally tinha feito e estendi uma mão para minha amiga.

Ela não parou de olhar para Thomas em nenhum momento. Nem ele.

E como se tudo tivesse acontecido em câmera lenta, o prédio desabou, levando Teresa junto.

Consegui ver ela caindo aos poucos, desesperada, suas mãos ainda tentando pegar as minhas. Mas minhas mãos agarram o vazio.

"Não!" eu tentei gritar, mas nada saiu.

O vapor do fogo fazia minha testa suar, se misturando com umas lagrimas.

Senti duas mãos me puxarem de volta para dentro assim que ela desapareceu na escuridão, impedindo que eu caísse.

O Berg se afastou aos poucos e eu observei o prédio cair totalmente, levando Teresa com ele.

Quando percebi, as portas do Berg tinham se fechado e Minho me segurava forte.

Senti minhas pernas fraquejarem, mas eu não caí porque Minho me segurava. Ele aos poucos me colocou no chão, dessa vez eu já estava chorando desesperadamente.

Olhei para meu irmão. Ele estava ainda olhando para a porta. Não consegui ver sua expressão.

-Eu to aqui – Minho disse ainda me abraçando.

E eu só consegui chorar apoiada em seu ombro.

Chorar por uma amiga que havia partido. Que eu não consegui salvar. Aquela que fez tudo para salvar todos e ainda foi criticada por conta disso. Ela salvou minha vida. Salvou a vida de Newt, de Thomas e de várias pessoas.

E eu não consegui salvar.

Olhei mais uma vez para Thomas. Só que agora ele estava apagado.

Me aproximei dele com dificuldades, preocupada. Havia sangue em sua blusa, mas seu peito subia e descia. Ele respirava.

-Precisamos ajuda-lo – eu disse gaguejando, ainda com a voz rouca por conta do choro.

-Eu sei aonde vamos conseguir ajuda – Gally disse – Aguenta firme.

E com isso ele foi para perto de Jorge, que pilotava.

Com a ajuda de Minho eu coloquei Thomas perto de Newt. Peguei uma camisa e pressionei no ferimento de meu irmão. Apoiei a cabeça de Newt em meu colo e fiquei observando os dois.

A mão que pressionava o peito de Thomas conferia se o mesmo subia e descia. E com os olhos eu conferia Newt.

E assim fiquei por muito tempo, mesmo sem força e sem psicológico. As lagrimas escorriam pela minha bochecha.

Cuidando dos dois. Olhando para eles. Pensando neles e em Teresa.

Tudo havia desmoronado e eu só rezava para algo dar certo.





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Capítulo mais triste de escrever.

E se alguém for comentar aplaudindo a morte da Teresa, dizendo que ela mereceu, é melhor não fazer isso. É sério.

Chegamos a 20k!!!! ❤️


A FIC TA ACABANDO!!! 💔

A garota da clareira (Maze Runner)Onde histórias criam vida. Descubra agora