Clareano novo

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 Passou-se uns dias que eu estava na clareira. Nada de mais aconteceu nesse tempo. Continuei trabalhando com os socorristas, ajudava todos quando podia e só aumentei minha amizade com os clareanos. O dia estava um tédio, então decidi andar pela clareira.

-Emily – ouvi uma voz me chamando, era Newt. Ele andou com calma até onde eu estava – Queria falar com você.

-Pode falar – eu disse sorrindo e me sentando na grama. O sol estava gostoso e devia ser apreciado. Fechei os olhos e senti que Newt se sentou ao meu lado.

-Você vai fazer alguma coisa hoje à noite? – ele perguntou de uma vez.

Abri os olhos. Aquela era uma situação bem estranha.

-Vou fazer o que fazemos todos os dias – eu respondi rindo – Não se tem muito o que fazer nesse lugar, certo?

-Bom – ele disse com um tom diferente em sua voz, com certeza ele estava nervoso. – Podíamos fazer alguma coisa.

Olhei para ele ao meu lado. Sim, ele estava bem nervoso. 

Sorri com a ideia. Era uma ideia absurda. O que iriamos fazer naquela clareira? Passear com os verdugos? Limpar a cozinha com o Caçarola? 

Todos esses pensamentos passaram pela minha cabeça. Mas quando eu fui responder, ouvimos um barulho muito alto.

-Eu conheço esse som – eu disse mais para mim mesma, me levantando.

-Todos nós conhecemos – Newt disse se levantando – A caixa chegou.

Todos os clareanos se aproximaram na caixa. Já fazia um mês que eu estava na clareira? Nem tinha reparado. Uma parte de mim ficou feliz que eu não iria mais ser a novata. Rezei para que fosse uma garota, precisava de uma companhia feminina. Me aproximei e observei a caixa subir.

Alby abriu a caixa e lá estava um... menino. Ele era pequeno, devia ter uns 12 anos, gordinho e cheio de cachinhos no cabelo. Sorri com ele, era fofo. Todos os clareanos começaram a gritar e berrar com a chegada do menino. Subiram o mesmo com uma certa brutalidade e começaram a pular ainda mais. Sim, foi uma recepção bem diferente de quando eu cheguei.

Acho que o normal é ter garotos na clareira mesmo. Devo ser algum erro, porque eu realmente não entendo.

Observei o menino. Ele estava com tanto medo. Me aproximei e tirei o mesmo da roda de clareanos. Sorri para ele e o mesmo retribui o sorriso. Todos zoavam ele e em pouco tempo ele foi dar o passeio com o Alby. Eu queria ajuda-lo, sentia que podia e devia protege-lo.

-Gostou dele né? – Newt disse aparecendo do meu lado. Sorri confirmando.

-Acho que já temos o que fazer hoje: festa! – Eu disse me referindo a fogueira.

-Te pego as 19 então – ele disse saindo e me deixando com uma cara confusa.


Quando a noite chegou todos já estavam se preparando para a fogueira. Eu estava sonhando com essa festinha desde o dia que eu não aproveitei direito a minha. Separei a melhor roupa que eu tinha na minha mala e até penteei meu cabelo. Ouvi alguém bater na minha porta e abri: era Newt. Ele também estava com uma roupa diferente da que usa todos os dias e segurava uma flor em sua mão.

-Uau – ele disse me olhando da cabeça aos pés, me deixando com vergonha – Você está linda!

-Obrigada – eu disse – Você também!

-Eu plantei e colhi essa flor para você – ele disse me mostrando a flor. Era linda e da cor roxa.

-Obrigada – eu disse tímida e colocando a flor em meu quarto.

Andamos até a fogueira. Os garotos já estavam rindo e gritando que nem uns loucos. Avistei o menino novo. Ele estava encolhido em um canto e Alby estava com ele. Eu podia ver o medo em seu olhar.

-Se não é a menina mais bonita desse lugar – Bem disse se aproximando e passando o braço em torno do meu pescoço.

-Eu sou a única. Sou a mais bonita e ao mesmo tempo a mais feia. – Disse dando uma cotovelada em seu peito, obrigando o mesmo a tirar o braço de mim.

Nisso Minho chegou carregando três copos com a bebida especial do Gally.

-Vai ter coragem de tomar trolha? – ele disse entregando um copo para mim.

-Com certeza – eu disse pegando o copo.

-Duvido você virar – Bem disse ao meu lado.

-Eu duvido você virar – eu disse o encarando.

-Isso é um desafio?

-Pode apostar – eu disse rindo.

Viramos o copo juntos. Aquilo era horrível. Desceu queimando minha garganta e me fez pensar aonde Gally arrumava esses ingredientes. Tive vontade de vomitar na hora. Já Ben bebia tudo naturalmente, ele já estava acostumado.

Eu perdi. Mas bebi tudo. Isso foi o suficiente para alguns clareanos gritarem ao nosso redor e eu ficar tonta assim que acabei. Senti as mãos de Newt me segurando e ri com aquilo.

-Acho melhor você parar – ele sussurrou em meu ouvido. Concordei.

Ben sumiu um tempo depois, deixando Newt e eu sozinhos. Sentei no chão e continuei a rir.

-Isso tem álcool? – eu perguntei. Eu não queria ficar bêbada.

-Ninguém sabe – Newt disse rindo junto comigo.

Um tempo depois eu já estava melhor. Observei Minho lutar com Gally. Os dois eram muito bons nisso. O garoto novo também observava tudo, sozinho. Me aproximei dele e sentei ao seu lado.

-Oi – eu disse – Lembrou seu nome?

-Chuck – ele disse de uma vez. Sorri com aquilo.

-Bem-vindo Chuck.

-Por que você é a única menina aqui?

-Eu também queria saber – eu disse.-  Olha, o que importa é que você pode contar comigo, ok? Para qualquer coisa. Não tenha medo!

Ele sorriu e me abraçou. Fiquei surpresa com isso e retribui.

Levantei e fui até Newt.

-Oi – eu disse – Se divertindo?

-Mais um menos – ele disse dando um gole da sua bebida;

Olhei para ele, pedindo com os olhos para que ele continuasse.

-Não é nada – ele disse se levantando e saindo de lá.

Fiquei um tempo sem reação. Eu tinha feito algo?

Um tempo depois Minho sentou-se ao meu lado me olhando com aquela cara estranha.

-Incrível como vocês dois são tão bobos – ele disse por fim.

-Eu fiz alguma coisa? – perguntei.

-Olha, eu vou falar porque sou seu amigo! Ele te convidou para passarem a noite juntos e você não passou um minuto ao lado dele!

Pensei melhor a respeito.

-Não to entendendo!

-Era um encontro! Você é boba mesmo Emily!

-Encontro?

Foi ai que me toquei. Newt tinha realmente me convidado para um encontro. Desde o pedido, as flores, a roupa...

Levantei deixando Minho sozinho e fui procurando Newt.

Demorei, mas ele estava em um canto, longe da fogueira, perto da sua rede.

-Newt – eu disse me aproximando. Tomei coragem de algum lugar e disse – Desculpa por não ter entendido! Se você quiser, podemos fazer alguma coisa amanhã! Juntos.

Ele ficou me olhando sem reação. Eu teria outra chance? Comecei a ficar vermelha de vergonha.

-Claro – ele disse dando um beijo em minha bochecha e saindo.

A garota da clareira (Maze Runner)Onde histórias criam vida. Descubra agora