Saudade dos Crancks

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 Ficamos andando por bastante tempo. Cada vez mais aquelas montanhas ficavam mais próximas, porém nunca pareciam chegar. Avistei Teresa andando um pouco atrás de nós e me aproximei dela. Ela pareceu se assustar com minha atitude e ficou em silencio, só me olhando e esperando.

Tentei dizer algo, mas nada saía. Era mais difícil do que eu imaginava. Toda vez que eu tentava entender o que ela tinha feito, lembrava da sensação de puro pânico que eu senti. Ela podia ter feito tudo de um jeito mais leve, diferente.

-Eu te entendo – eu disse finalmente depois de bastante tempo – Talvez não totalmente, mas entendo o motivo de você ter feito tudo isso. Eu faria de tudo para salvar quem eu amo.

Ela me olhou e eu pude ver um sorriso sincero em seu rosto. Jurei ver também seus olhos brilhando.

-Mas isso não faz com que eu esqueça o que aconteceu – eu completei e seu sorriso se desmanchou.

Ela olhou para baixo, chutando um pouco a areia do deserto com os pés.

-Eu sei disso – ela disse depois te um tempo – Eu imaginava. A intenção era fazer vocês nunca esquecerem mesmo.

-O fato de você ter feito parte e ter sido responsável por um dos piores momentos da minha vida não sai da minha cabeça. Toda vez que eu lembro do que aconteceu, eu me recordo do seu olhar de raiva. Jurei que você tinha matado Thomas. E foi uma dor horrível.

-Eu sinto muito por isso Emily – ela disse – Mas eu fiz o que tinha que ser feito.

-Eu também tive que trair meus amigos Teresa – eu disse – Apontei uma arma para Minho. Mas eu nunca iria fingir ódio por eles. Eu não sei como fingir algo assim. Você fez parecer algo muito real. Tão real que ainda parece verdade.

Ela me olhou meio confusa.

-Não sei até que ponto o que você fez foi verdade ou mentira – eu continuei – Não sei mais como olhar para você ou confiar em você. Eu sinto que você vai fazer a mesa coisa novamente.

Agora eu pude entender os olhos dela estarem brilhando. Ela estava chorando.

-Como eu disse – ela disse com a voz rouca – Eu salvei vocês. E faria de novo. Valeu a pena.

-Não me culpe – eu disse fechando os olhos, estava sendo mais difícil do que eu imaginava – Não estou dizendo que te odeio e nunca mais quero olhar para você. Eu só preciso de tempo. Preciso reconstruir minha opinião a seu respeito.

-Você tem todo o direito – ela disse – E vou fazer de tudo para reconquistar essa confiança. Se me permitir.

-Só me dê um tempo – eu disse olhando para as pessoas na nossa frente – E para os outros também. Principalmente Thomas.

Ela também olhou para frente, em direção a Thomas. Dava para ver em seu olhar como aquilo partia seu coração. Segurei em sua mão com força e forcei um sorriso.

-Obrigada – eu disse com sinceridade e andando mais rápido, voltando a ficar ao lado de Newt.

Entrelacei nossos dedos.

-Algo mudou entre a gente? – eu perguntei para ele – Depois do que aconteceu?

Ele olhou para mim no fundo dos meus olhos. E eu me derreti por isso.

-Confesso que foi difícil ver o que aconteceu – ele disse depois de um tempo – Mas eu sabia que tinha algo nisso tudo. A verdade é que me machucou um pouco.

A garota da clareira (Maze Runner)Onde histórias criam vida. Descubra agora