Fogueira

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Quando a noite chegou, eles acenderam a tal fogueira para fazer a festa em homenagem a minha chegada. Todos os garotos me olhavam de longe com medo de chegar perto de mim e eu fazer um escândalo. Era como se eu fosse uma garota feita de ouro. Eu entendo que eles não lembram de nenhuma garota e seus hormônios estão a flor da pele, mas eles não precisam me tratar desse jeito. Só queria que me tratassem de um jeito normal, como Newt ou Alby.

Todos eles estavam dançando, bebendo, rindo e conversando, como se não ligassem o fato de estarem trancados sem memória. Aquilo me frustrava. É como se estivessem desistindo.

-Olá trolha – Minho disse sentando ao meu lado no chão, bem de frente para a fogueira.

-Olá – eu disse – Meu nome é Emily.

-Nossa! Que legal trolha! – ele disse rindo e eu revirei os olhos. – Olha, me desculpa por ter te tratado daquele jeito. Daqui para frente, será tratada como trato todo mundo.

-Obrigada – eu disse rindo.

E então ele me ofereceu uma bebida que ele estava tomando. Se todos os garotos estavam tomando, eu também devia, né? Aceitei e dei um gole, mas assim que o líquido atingiu minha garganta, eu comecei a tossir descontroladamente. Era como se fosse feito de ácido. Eles estavam tentando me envenenar? Matar?

Enquanto eu tossia, Minho ria de rolar no chão. Atrás da gente apareceram mais dois garotos, todos rindo juntos.

-O que raios é isso? – eu perguntei quando estava começando a voltar ao normal.

-É uma bebida feita especialmente pelo Gally – Minho respondeu.

-Mas olha pelo lado bom – o outro menino que apareceu disse – Todos aqui da clareira cuspiram ou vomitaram essa bebida quando experimentaram pela primeira vez. Você engoliu tudo trolha!

Eles comemoraram e voltaram a rir. A risada era tão contagiante que comecei a rir junto.

-A propósito - o garoto falou pegando minha mão e depositando um beijo na mesma – Meu nome é Ben, corredor.

Fiquei olhando a audácia do garoto em beijar minha mão mesmo depois da tal regra feita por Alby. Gostei dele.

-O que é um corredor? – eu perguntei meio sem graça.

-Eles correm pelo labirinto que existe depois daqueles muros – Ben respondeu.

-Pensei que ninguém podia passar.

-Só os corredores, no caso: eu, Theo e Minho – ele disse apontando para o outro garoto e Minho. Olhei surpresa para Minho, ele não tinha me contado isso.

-O que faço para ser uma? – eu perguntei e os três me olharam surpresos.

-Precisa ter um mês na clareira no mínimo, e recomendação de muita gente. Quem sabe você consegue? Deu um belo show quando chegou e começou a correr.

-Você corre muito – Minho disse – Foi difícil te alcançar quando chegou.

Sorri comigo mesma.

-Mas ainda tem muita coisa para você saber, madame – Ben disse se levantando e indo embora, antes de eu perguntar qualquer coisa.

Me levantei para ir atrás dele perguntar as tais coisas que eu ainda tinha que saber. Não queria que escondessem nada de mim. Mas antes que eu pudesse alcança-lo, alguém me chamou.

-Fedelha, por que não vem lutar comigo?

Era um garoto alto, loiro e grande. Ele olhava para mim com um sorriso sarcástico no rosto. Me aproximei dele, para entender o que ele estava dizendo. Vários garotos estavam de pé em um círculo e esse garoto estava no meio dele.

-Meu nome é Emily – eu disse empinando o nariz, precisava me manter confiante.

-E o meu é Gally – ele disse – Você só precisa se manter dentro do circulo por cinco segundos, irei pegar leve com você.

Olhei para os lados, eu realmente não queria fazer isso.

-Qual é! Você não queria ser tratada como todos? Todos passaram por isso. – ele me olhava sorrindo malandro.

Entrei no circulo e pela primeira vez não me importei em mostrar que estava com medo. Eu realmente estava com medo. Ele era o dobro do meu tamanho e do meu peso.

-Emily! Emily! Emily – os clareanos gritavam em minha volta, mostrando que eu não tinha saída, tinha que fazer aquilo.

Minho apareceu e me olhou preocupado.

Olhei para Gally e ele me atacou. O mesmo saiu correndo em minha direção e, com medo, eu me desviei para o outro lado, fazendo Gally passar direto por mim e perder o equilíbrio, caindo no chão. Todos os clareanos gritaram.

Gally levantou e eu vi o ódio em seu olhar. Ferrou.

Tentei me desviar dele mais uma vez, mas não deu tempo. O mesmo me empurrou com tudo e eu fui para trás. A sorte é que alguém me segurou.

-Você está louco? – ouvi a voz de Newt atrás de mim. Ele me segurava pela cintura e me ajudou a me levantar, sem me soltar – Sim, temos que tratar todos da mesma forma, mas não assim! Precisamos respeitar os limites e individualidades de cada um! 

-Disse o herói da garota! O único que consegue falar com ela! O namoradinho! – Gally disse bravo e eu me soltei dos braços de Newt.

-Não preciso de um herói – eu disse – Newt apenas tem voz nesse lugar, algo que eu vou demorar para ter se depender de você.

Gally levantou a mão em rendição e riu, voltando a brincar sua atividade idiota.

-Você se machucou? – Minho disse se aproximando – Você até que se desviou bem na primeira vez!

-Você viu tudo isso e não fez nada para impedir? – Newt disse bravo para Minho.

-Hey – eu disse – Eu estou bem. Esquece isso, ok?

-Trolha! – Ben apareceu rindo – Primeiro o soco no Logan, depois as patadas em vários clareanos, agora a desviada do Gally... Daqui a pouco vai derreter meu coração!

Sorri meio tímida, ainda não estava acostumada com isso. Não considerava isso como um assedio por parte do Ben, era até engraçado. Mas para Newt não foi nada engraçado, já que ele fechou a cara e ficou olhando para Ben com um olhar mortal. Ou foi impressão minha.

Depois disso fiquei sentada, observando todos aqueles meninos rindo e conversando. E mais uma vez eu me perguntava o motivo de eu estar ali. Na noite anterior eu tinha "dormido" no amansador. Na verdade, nem tinha pregado os olhos, o que faz eu estar acordada há mais de 24 horas. E ao pensar nisso, meus olhos tombaram.

A garota da clareira (Maze Runner)Onde histórias criam vida. Descubra agora