Capitulo XII: Confinada

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Durante a primeira semana Scarlett agiu de forma estranha, ia sempre que podia a cidade comprar coisas ou para visitar amigas. Nessa semana algo mudou, ela ficou no quarto trancada e poucas vezes saiu, proibiu-me de incomoda-la em qualquer hipótese. Manteve-me ocupada com ordens descabidas e não pude fazer nada.

O que mais me chamou a atenção foi o fato dela está mais alegre que o normal. Como podia uma mulher ficar presa o dia todo no quarto e se apresentar tão feliz? Desconfiei, ela com certeza escondida algo e temia que fosse algo grave.

Tentei vigia-la, porem ela era invasiva sempre que percebia me tratava com ignorância. Quanto ao relacionamento dela com Watson, ele a tratava muito bem, sempre fazia as vontades dela para agrada-la, porem duvidava que ela estava cumprindo seu dever como esposa.

Fui até o escritório dele com o objetivo de descobrir algo da forma mais discreta possível. Entrei meio sem jeito e sem saber o que dizer.

— Licença senhor, não quis atrapalhar.

— Sua presença nunca me atrapalha. — desviou a atenção para mim.

— Quero falar sobre Scarlett.

— Algum problema? — franziu a testa preocupado.

— Não, só estou preocupada, ela está agindo estranho ultimamente.

— Como?

— Ela passa muito tempo trancada no quarto e só saiu para comer.

— Acha que ela está infeliz vivendo aqui?

— Eu não sei dizer, apenas me preocupo, sei que meu relacionamento com ela e conturbado, temos nossas divergências, mas ela é sua esposa e devo-me preocupar com os dois.

— Eu agradeço pelo carinho srta. Lucy. Vou ficar atento, irei conversar com ela.

— Está bem senhor, se precisar é só falar.

— Obrigado, peço que fique atenta e me conte tudo.

— Claro senhor. — com todo prazer senhor. — Vou voltar para meus afazeres.

— Claro.

Sai e voltei para a cozinha preparar um chá para mim e depois voltei para meu quarto e fiquei a observar a árvore que começava a florescer novamente. Resolvi sair até ela e ao chegar mais perto senti que algo estava errado, observei pegadas em volta da árvore indo até a divisa, a cerca de madeira parecia arranhada e fora de lugar.

Procurei Gail e perguntei se ele havia mexido em algo na parte de trás do terreno e respondeu que apenas recolheu as folhas caídas no começo da semana, perguntei sobre a cerca e ficou de concertar, ele deu a desculpa de ser uma animal que poderia estar vagando sem rumo e tentou pular a cerca.

Não me convenci, as pegadas estavam frescas, foram feitas recentes e estavam por cima das folhas.

Fui até Leo e fiz a mesma pergunta, respondeu que apenas ficava na parte da carruagem e nunca ia até os fundos da casa. Não perguntei aos outro pois sabia que não iam até lá, só ficavam dentro da casa, nem eu mesma ia até lá, apenas fui para ver melhor o florescer da árvore, para admira-la e duvidava que alguém pudesse querer o mesmo.

Para ter certeza fui até Watson e perguntei se ele já tinha visto o florescer da árvore, respondeu que sim, da janela do escritório e não de perto. Ele achou estranho o assunto, mas não questionou.

Voltei para meu quarto e tentei deixar o assunto para lá, mas não consegui, era estranho as pegadas, a cerca danificada e o fato de ninguém ter-se responsabilizado pelo ocorrido. Decidi ficar de olho na senhora Watson e na cerca.

Watson:

Depois que Lucy veio me informar sobre Scarlett fiquei preocupado, meu casamento com ela era apenas um acordo, nunca dormíamos juntos, ela sempre inventava uma desculpa e isso já estava-me cansando, nessas cinco semanas passamos duas noites juntos. Para piorar descubro que ela fica o dia todo no quarto sem fazer nada.

Decidi conversar com ela. Bati em sua porta e respondeu que estava indisposta, pedi que assim que melhorasse fosse ao meu encontro, precisávamos conversar sério.

Tempo depois Lucy retorna perguntando se eu tinha visto o florescer da arvore, estranhei a pergunta, senti que me escondia algo, mas deixei para lá, eu confiava nela, sempre foi honesta comigo. Talvez só quisesse uma desculpa para conversar.

Já estava escurecendo com minha esposa me procurou, ela parecia nervosa com a conversa.

— O que queria falar comigo?

— Estou preocupado, não sai mais, fica trancada no quarto o dia inteiro.

— Lendo e estudando normas de etiqueta. — respondeu rápido, nervosa.

— Acho isso bom, porém precisa sair e apreciar o dia. A sala de música e a biblioteca estão sempre disponíveis para a senhora.

— Obrigada, mas me sinto mais à vontade no meu quarto. — desviou o olhar e fiquei intrigado com a situação.

— Apenas algumas horas é o eu te peço. Veja a natureza florescer, a árvore dos fundos por exemplo estava voltando a florescer.

— Árvore dos fundos? Esteve lá fora? — tentou disfarçar o espanto.

— Não, mas pretendo. Se quiser pode-me acompanhar e podemos conversar como marido e mulher.

— Seria ótimo. — ela parecia nervosa, muito nervosa.

— Algum problema?

— Nenhum.

— Se tiver pode ou melhor deve-me falar.

— Está bem obrigada.

Ela voltou para o quarto e eu ao meu escritório,achei estranho o comportamento dela, parecia nervosa e como se temesse algo,ficaria de olho nela.    

Segredos e Paixões (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora