Três

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      Toby a guiou por todo o caminho até o Proxy, que era uma cabana de madeira enorme no meio do nada.

      — Chegamos.

      "Uau..." Cassandra falou com os olhos brilhando. Ela não via nenhuma casa nova tinha dez anos. Estava até começando a pensar que toda as moradias se pareciam com o internato. "É tão bonita."

      — Foda. — O demônio falou simplesmente.

      — Sim. Os antigos d-donos eram um casal de idosos simpáticos.

     — É? E onde eles estão agora?

     Ele deu um sorriso travesso. Quer dizer, Cassandra interpretou como um sorriso travesso. Na verdade, ele apenas inclinou levemente a cabeça e espremeu os olhos.

      — Mortos.

      O coração de Cassie bateu mais forte, lembrando-se das machadinhas que tinham sido penduradas em seu cinto. Toby podia até ser bonitinho, mas era um completo estranho, e, ainda por cima, estava ligado à aquele monstro terrível. SlenderMan. Só de pensar no nome já sentia calafrios.

      Lentamente, Eldritch e Toby entraram na cabana. Ela era bem maior por dentro que por fora. As paredes eram de madeira e o piso era de pedra, tornando o ambiente bem rústico. Na sala, ela pôde ver dois enormes sofás verdes postados atrás de uma enorme lareira acesa. No chão, um tapete turco muito vibrante, e, no teto, um lustre de cristais coberto por teias de aranha.

     — Uh, parece que o Toby trouxe um joguinho. — Um garoto falou, pulando o apoio do sofá e andando até os dois recém-chegados.

     — Mas que porra é essa? — O demônio murmurou baixinho.

     O rosto do novo menino era branco, completamente branco, e esticado como couro. Ele tinha, também, um enorme sorriso cravado na pele. Cassandra engoliu em seco, tentando também engolir o medo. Agora ela era um astronauta corajoso, conhecendo um povo alienígena potencialmente perigoso.

      — Oh, não é uma gracinha? — Uma menina apareceu de trás do garoto pálido. Ela tinha cabelos longos, castanhos, e um dos seus olhos tinha sido substituído por um relógio de bolso.

      — Podemos ficar com ela? — Uma garotinha apareceu, empurrando os dois adultos para ver a recém-chegada. Ela era baixa, magra, e seu rosto estava coberto de sangue seco.

      — Ãh... — Eldritch murmurou, hesitante.

      — Ela é t-toda de vocês. — Toby a empurrou para os estranhos, indiferente. — Fiz a minha p-parte.

      — Eu vou te dar um tempinho para correr. — O garoto pálido falou, seu rosto próximo demais. Ele cheirava a produtos de limpeza e fumaça.

      — Uh, uma caçada! — A menina do relógio sorriu, sacando uma pistola do cinto. — Tão emocionante.

      Eldritch deu um passo para trás, trombando em mais um estanho. Dessa vez era um menino louro, vestindo roupas esverdeadas e com olhos negros.

      — Cuidado onde pisa. — Ele falou com um risinho.

      A menina escondia os olhos com as mãos. Nunca tinha sentido tanto medo e desespero na vida, nem quando viu os corpos decapitados dos pais, nem quando foi tirada a força do irmão gêmeo. Ela só queria chorar, gritar, correr e se esconder, mas sabia que era o que eles queriam que ela fizesse, então engoliu os sentimentos.

A Parábola de CassandraOnde histórias criam vida. Descubra agora