1."Mother?"

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     Estava tarde e o Sol começava a dar seus primeiros sinais no interior dos quartos dos alojamentos da Notton House School, que aproveitavam suas últimas horas completamente vazios, devido ao término das férias de inverno e logo mais os alunos voltariam a preencher todas as áreas do colégio, repletos de suas histórias e novidades vividas nas férias. 

     Mas nem todos os alunos teriam essa mesma rotina, porque na verdade, nem todos os alunos haviam saído do colégio para aproveitar as férias e reverem suas famílias nas datas comemorativas. Havia um quarto em específico que nem se quer fora desocupado e era neste quarto que o Sol da primavera dava seus primeiros sinais.

     O garoto de cabelos cor de trigo se remegia sem parar na pequena cama superior da beliche. Passara a maior parte da noite em claro, uma noite sem sonhos ou algum pesadelo, mas alguma coisa o incomodara a partir do momento em que deitara na cama e desde então o máximo que conseguia era cochilar durante dez minutos.

     Retirou a coberta do rosto e recebeu o choque da luz que atravessava a janela. Olhou ao redor do quarto, as camas estavam devidamente arrumadas, o quarto emanava um cheiro de lavanda, uma vez que mesmo nas férias os funcionários não paravam seus trabalhos, justamente pelo motivo de alguns alunos não irem para suas casas.

     Olhou para a janela, viu as árvores em formatos de cones entre outras folhas que agora recebiam um tom esverdeado e apresentavam pequenos botões de futuras flores. Por um instante seu pensamento foi dominado pela saudade de sua mãe. "Como ela adora receber e cuidar das flores.", pensou ele se inclinado para frente e sentando-se na beirada da cama.

    Não via sua mãe desde o verão passado, quando passou as férias na pequena casa em Lacock e teve a sorte de finalmente ter algo de novo para contar quando voltasse para a escola como a morte de seu pai, um ex-soldado do governo britânico, aposentado por problemas de saúde somado com um tiro na perna, que lhe obrigara a andar com uma bengala. Sua pneumonia só se agravara nos últimos dias e nem os médicos puderam salvá -lo, deixando seu filho ainda mais determinado a cursar medicina no futuro e poder salvar vidas, o que poderia ter feito com seu pai se caso fosse um médico experiente. Para fechar com chave de ouro, suas últimas semanas de férias foram acompanhar sua mãe cair em uma depressão horrenda.

    Voltou para o colégio e como sempre se dedicou ao máximo, uma vez que suas notas boas eram a única alegria de sua mãe e dele, pois dependia delas para pagar apenas a metade do valor cobrado pela escola. 

    Neste inverno foi barrado de ir para sua casa, seu irmão alcoólatra havia desaparecido, com a desculpa de não aguentar mais uma velha louca dentro de casa e  iria procurar a alma de seu pai em algum lugar, a depressão de sua mãe piorara, a levaram  para uma casa de repouso, bancada pela herança de seu pai, a qual era usada apenas para casos de saúde, obrigando-o a passar as datas comemorativas no colégio com alguns poucos alunos que ainda restavam.

     Ainda sentado na cama, com os pés balançando levemente, olhou mais uma vez para as camas vazias, fechou os olhos e imaginou sua mãe, o quão alegre ela estava quando chegou em casa e como ela estava debilitada quando voltou para a Notton School. Queria vê-la, saber como ela estava. Mas além desses sentimentos outra coisa o atormentava, um sentimento de medo, como se tudo estivesse prestes a mudar, era como se aquela escola não fizesse mais parte dele.

    – John! – A voz de uma mulher na porta foi o suficiente para tirar o garoto de seus pensamentos. – John? Está dormindo? – A voz persistia e logo duas batidas puderam ser ouvidas.

   – Olá. – Respondeu o loiro com uma voz rouca, limpando a garganta em seguida. – Estou acordado Senhorita Elizabeth.

   – O diretor está pedindo para que compareça até a diretoria. – A funcionária deu uma pausa. – Mas ele disse que você pode tomar seu café primeiro, mas que não demore muito.

   John engoliu em seco. Por que e o que o diretor tinha para falar com ele? Passou a relembrar tudo que fizera nos últimos dias. Mas nada de errado vinha em sua mente, mal frequentava a diretoria e quando o fazia era para ser elogiado ou receber algum prêmio de bom desempenho, mas isso só acontecia em dias letivos. E porquê justo hoje na volta dos alunos ele queria falar com John?

    –Ele não tem mais nada que fazer nesta escola? – Falou em voz alta.

    – O que? – Elizabeth ainda permanecia na porta.

    – Oh, nada. – John pausou e logo um enjoo dominou seu estômago. – Já estou indo. – Como queria vomitar naquele momento, mas controlou seu estômago, afinal, não podia se apresentar com cheiro de vomito para o diretor.

    Sua cabeça começou a girar, não viu os degraus do beliche ao descer e a primeira coisa que seus pés e parte de seu corpo encontraram foram o chão.

   – Ótimo. – Falou olhando para seu pé direito,  que agora estava torcido e com uma dor tremenda. – Agora não é hora de ir para a enfermaria. – Disse em voz alta, como se estivesse falando com alguém.

   Levantou, se segurando em alguns móveis próximos, pisando apenas com um pé. Foi pulando até o seu guarda roupa, pegou algumas peças mais apresentaveis e vestiu. Colocou seus sapatos, segurando o grito ao calçar o pé que estava torcido, olhou para uma pequena parte no interior do guarda roupa e viu a velha bengala de seu pai, não sabia o motivo de levá-la para quase todo lugar, talvez para lembrar dele. Mas agora sabia para o que ela servia, para quando você caísse de uma beliche e torcesse seu pé.

    "Até que seria elegante me apresentar com uma bengala para o diretor, só faltaria o chapéu." Pensou ele  rindo da situação. Mas realmente, era melhor ir com a bengala do que pulando até a diretoria, que ficava em um prédio um pouco afastado de seu dormitório.

       Em menos de segundos pegou a bengala e saiu rumo a diretoria. O prédio era um pouco longe, é tanto que para chegar até lá, tinha que passar por um pequeno pátio, que dividia os dormitórios da escola, mas mesmo com a distância e sua caminhada lenta devido a torção, parecia que o caminho havia se encurtado. Talvez tenha sido seus pensamentos e o nervosismo que crescia a cada passada que diminuíram o trajeto.

     Mas isso não importava mais, estava de frente para a porta do diretor, suas mãos suavam, podia sentir seus lábios secos e sua respiração ofegante. Mas tudo isso sumiu ao ouvir uma voz muito bem conhecida, que com toda a certeza o teria feito chorar se não fosse a ocasião que se encontrava.

    Bateu na porta, ouviu a permissão de sua entrada pelo diretor, assim que abriu a porta se segurou ao máximo na bengala de seu pai com a mão direita, enquanto a esquerda agarrava a massaneta da enorme porta de madeira, fazendo com que seu corpo não perdesse o equilíbrio.

    – Mãe? – Foi a única palavras que conseguiu pronunciar.
   

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  Olá meus amores! 😊 Tudo bem com vocês?

    Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo, pra quem encontrou essa fic agora e me encontrou agora também kkk, eu tenho mais algumas obras relacionadas a shipps com Sherlock, mas o meu principal é Johnlock (Lógico), quem quizer dar uma lida fiquem a vontade e eu agradeço ^_^.

    Segurem seus corações, porque o momento de calmaria de John está com os dias contados hehehe.

    Beijo pra vocês

   

  

   

   

    

  

 

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