3."I'll always support you whatever it takes."

71 7 12
                                    

 
–  As coisas decairam um pouco. –  Disse John ao se aproximar de casa e passar pela pequena floricultura de sua mãe a alguns metros da entrada da casa. – Aonde estão as rosas brancas? – Perguntou ao perceber que o lugar aonde sua mãe as colocava para vender estava vazio.

    –  As coisas estão difíceis por aqui. – Disse sua mãe, abrindo a porta e colocando uma pequena mochila com as roupas do loiro em uma mesinha de madeira. – Não tenho dinheiro para pagar o fornecedor que distribui as rosas.

     –  Não teria problema se retirace um pouco da herança e comprasse novas espécies de flores. – John adentrou na sala e colocou a mala, que continha o resto de seus pertences, próximo ao sofá de couro já bem gasto pelo tempo.

      – Não vamos começar com este assunto novamente. – A mulher disse, se sentando no sofá e inclinando-se para frente, de modo que sua mão alcançasse uma caixinha de remédios que estava na mesa e colocando imediatamente uma das pílulas na boca, juntando o máximo de saliva possível para engoli-la.

   –  Eu sei que não é uma boa hora para entrar neste assunto. – Seu filho se sentou ao lado da mãe, que ainda forçava a garganta para engolir o comprimido, seus movimentos peristalticos eram quase nulos. – Mas... Se caso eu passar nesta prova, eu terei que me mudar para Londres. – Conseguia ver a respiração de sua mãe oscilar. – E a senhora teria que abrir mão de parte da herança para que eu possa ir para a nova escola, pelo menos para gastos necessários.

      Sua mãe não respondeu, apenas bufou e passou as mãos pelos cabelos, como se estivesse prestes a ter um pequeno ataque de nervoso. Não queria tocar naquele assunto, queria esperar a resposta da escola e apenas depois se preocupar com a questão.

   –  Ok. –  John começou, vendo que sua mãe não iria responder e ele não queria provocar ainda mais estresse. – Vou te ajudar esses dias aqui em casa. Vamos fazer de conta que estamos nos velhos tempos. – Tentou sorrir e soar o mais amigável possível. Levantou seu braço e passou-o por cima das costas de sua mãe, que permanecia com as mãos na cabeça e a envolveu em um abraço.

     Os velhos tempos que John queria dizer, eram os tempos em que seu pai estava vivo e seu irmão ainda não havia entrado no mundo alcoólatra. Lembrava-se de todas as férias brincar com seu pai no enorme quintal da casa e encobrir as confusões de seu irmão, que vivia aprontando com os vizinhos. Adorava ouvir as histórias que seu pai contava sobre o que havia vivido no exército, sempre exaltando o trabalho dos médicos. John os via como anjos da guarda em meio a fúria dos homens e aquilo alimentava ainda mais seu desejo de seguir a área da medicina.

     Sempre que podia, seu pai fazia questão de reunir a família na parte externa e jantar ao ar livre. Seu pai era excelente no violino, John adorava ouvir as diversas sinfonias, todas bem armazenadas na cabeça de seu pai. Sempre teve curiosidade de aprender a tocar o instrumento, mas nunca tivera coragem de pedir para que ele lhe ensinasse, afinal seu pai tinha uma vida agitada entre o exército e a casa e quando finalmente parou em casa, foi por causa de sua doença e a última coisa que John queria era incomidá-lo.

    Seu pai morreu, não tivera a chance de pedir para que lhe ensinasse a tocar o instrumento, que nem existia mais, seu irmão havia vendido para pagar a dívida que fizera em um pub, assim como os outros pertences de seu pai, se salvando apenas a bengala, que permanecia na segurança de John. 

     Agora John se encontrava abraçado com sua mãe depressiva, que achava que o único jeito de manter a alma de seu pai viva, era guardando a herança. Olhava para a enorme janela da sala, dando vista para o quintal, que agora tinha sua parte ocupada pela barraca de flores, único passatempo de sua mãe, que devido a depressão, não conseguia nem mais cuidar de si mesma, abandonada por um filho alcoólatra, que só Deus saberia aonde ele se encontrava.

Amor de Verão Onde histórias criam vida. Descubra agora