15. "Shut up"

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O domingo se apresentou com um sol radiante e uma brisa leve, que arrancavam algumas pétalas das flores da primavera.

John acordou com o som de alguns alunos que conversavam no corredor, não havia aula aos domingos ou cursos extracurriculares, os domingos eram justamente para os alunos descançarem e adiantarem suas tarefas da semana.

Passavam das sete horas da manhã, quando o menino loiro criou coragem para sair da cama e tomar água em um copo que havia deixado em cima da mesinha de madeira próxima a porta.

Não havia saído de seu quarto no sábado, ficara estudando para os testes que teriam no fim do mês, uma vez que já estava em seu último ano letivo e queria disputar uma bolsa em Cambridge.

Suas pernas estavam adormecidas de tanto permanecer sentando na mesma posição de estudo no dia anterior, precisava sair, e quem sabe, encontrar alguém que fosse ao correio no dia seguinte e entregasse a carta que escrevera para sua mãe, já que ela não respondia suas mensagens nem os emails que a escola enviava para comunicar sobre alguns eventos que ocorriam ao decorrer do ano, ela não era muito fã da tecnologia e odiava atender telefones.

A única maneira de se comunicar era através das cartas, o modo antigo que John adorava, se sentia livre e confortável escrevendo para sua mãe.

Vestiu-se, colocando uma bermuda vinho e um camisa cinza clara junto com seus tênis de caminhada. Seguiu para o refeitório, fez um breve desjejum, apenas com uma fatia de pão e um pouco de chá preto com leite.

Ficou feliz por não ver nenhum dos meninos, talvez tivessem cansados de pegar no seu pé, até Patrick, que sempre perambulava pelos corredores aos domingos, havia sumido.

Chegou em um dos enormes campos da Harrow School, onde havia grama, alguns banquinhos de madeira e pequenas mudas de flores e árvores. Encontrou um dos funcionários que cuidava daquela parte da escola e como sabia que ele ia para o correio todas as segundas pela manhã, viu a oportunidade exata para lhe entregar a carta.

Assim o fez, logo em seguida, dirigiu-se para um dos banquinhos, próximo a uma árvores que crescia, mas que já fazia uma boa sombra. Sentou-se e fechou os olhos, tentando prestar atenção apenas no som dos pássaros e das folhas se debatendo contra o vento.

O calor estava razoavelmente suportável, o que lhe ajudou a pensar sobre alguns assuntos como sua mãe e Sherlock.

Sentia saudade de sua mãe e estava curioso para saber como estava indo sua floricultura e se ela estava melhor da depressão. Ficara sabendo que seu irmão fora achado em um rua abandonada perto de Watford, uma região vizinha de Harrow, levando John a pensar que ele estava a sua procura.

Mas se estava, sua viagem havia sido em vão, pois fora encontrado desmaiado, tendo uma overdose em uma rua sem saída e levado imediatamente para Lacok, sendo internado em uma clínica próximo a casa de John, por exigência de sua mãe, que ao saber do reaparecimento do filho, exigiu que este ficasse perto de sua cidade.

John soubera por seu vizinho de Lacok que seu irmão estava entre a vida e a morte, mas sua mãe não estava muito afetada por isso, pois só por saber que seu filho havia sido encontrado e se morresse não morreria como um indigente era o suficiente e isso já bastava.

Talvez sua mãe estivesse razoavelmente bem agora, de modo que as preocupações de John ficassem voltadas para Sherlock, por mais que esses pensamentos fossem estranhos para ele, já que o único menino que ele se preocupava daquele jeito era com seu irmão.

Mas com Sherlock era diferente, ele sentia proximidade com aquele garoto, por mais que o achasse estranho e completamente diferente dele, mas as reflexões que fizera no dia anterior o fizeram se aproximar ainda mais de Holmes, queria estar perto dele, abraçá-lo, queria a companhia daquele menino de cabelos cacheados, que deduzia coisas aleatórias e isso o fascinava, o modo como ele era autoritário, grosso e gentil ao mesmo tempo.

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