5."I don't have friends."

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   – Sherlock Holmes. – O garoto alto de cabelo negro cacheado se virou para cumprimentar o loiro.

    Sherlock era quase 10cm mais alto que John, pele branca, quase pálida, seus olhos eram de um azul esverdeado magnífico, era magro mas sua pose era firme.

    John exitou alguns minutos antes de apertar a mão do menino, mas acabou por ceder e decidir não ser mal educado.

   – John. John Watson. – Disse apertando a mão do moreno.

    Permaneceram de mãos dadas por alguns instantes, o loiro começou a se sentir desconfortável com aquela atitude, apenas os amigos de seu pai ficavam horas segurando sua mão e perguntando umas trezentas vezes a mesma pergunta de formas diferentes. Mas este garoto era diferente, ele não fazia perguntas, apenas o analisava, seus olhos eram como uma câmera filmadora, procurando os mínimos detalhes para capturar a imagem.

   – É melhor descansar da viagem. – Disse o moreno, agora soltando a mão do loiro.

    – O que? – John estranhou ainda mais, mas não fez muito espanto, como estava em um lugar turístico, imaginou que o menino deduzisse que ele era mais um visitante.

    – A viagem. – O moreno continuou. – Chegou esta manhã, mal dormiu, deve ter dormido no metrô de certo. Carregou duas malas de tamanho médio, uma mochila nas costas. Pela distância e as marcas das olheiras em baixo de seus olhos e as vestimentas. – fez uma pausa. – Por favor, me corrija se estiver errado. Você deve ter vindo de Lacock. – Seus lábios se elevaram como um sorriso, vendo que pela expressão de espanto do menino a sua frente era nítida.

     – Como sabe de tudo isso? – John perguntou, seu tom de voz era mais de espanto do que intrigação. – Você é um espião ou algo do tipo? Estava me seguindo? – John acelerava as frases para fazer as perguntas.

   – Meu Deus, você faz muitas perguntas. – Disse o cacheado, desta vez olhando para a bengala. – A propósito, não precisa mais da bengala, a torção está melhor. – Voltou a analisar a pilastra que estava observando quando John chegou. – Mas se te traz conforto usá-la, não vejo problema. É uma ótima herança de pai.

     O loiro estava perplexo, queria correr, sair daquela cidade, de perto daquele garoto, se é que poderia chamá-lo assim. Ele era real? Era humano? O que ele era? Talvez um menino rico, que tivesse informantes por toda Londres e escolhesse aleatoriamente pessoas para investigar e matar seu tédio de garoto patricinho, e ele fora o sortudo da vez.

    – O que é você? Como sabe dessas informações? – John parou, estava com medo de prosseguir o diálogo. E se esse menino convocasse os guardas para prendê-lo? Afinal ele sabia de tudo, sem John ter falado nada. – Como sabe que estas informações estão certas?

    O moreno continuou olhando para o teto, mas mesmo assim respondeu de forma simples e tranquila, como se essa já fosse a coisa mais normal do mundo.

    –  Observei, analisei os detalhes que não são visíveis, a menos que você queira vê-los. – Fez uma pausa. – Essas roupas estão todas com etiquetas e as lojas marcadas são situadas em Lacock, são lojas pequenas situadas no interior, você é um menino simples, a bengala é feita com uma madeira que já não existe mais no mercado e tem as iníciais de um nome, seguida do emblema do exército, me levando a pensar que é uma herança de família, uma vez que está em bom estado, não poderia ser de seu avô e sim de seu pai, já que o ano marcado é um pouco recente e sua mãe...

   – PARE! – O loiro gritou, chamando a atenção dos que passavam pelo corredor. Seus olhos lacrimejaram, sabia que tudo que aquele menino iria falar, estaria certo e não suportaria ouvir alguém falando de sua mãe, muito menos aquele ser anormal.

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