Como não acreditar?

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Por Isadora

O que será que aconteceu? Por que ela não quer falar comigo? Senti meu estômago doer, uma aflição horrível me tomava. Fui direto para seu apartamento. Bati varias vezes, mas nada, parecia não estar ali.
Não sabia onde Karina morava, queria ir até lá, ver se Lavínia estava lá, mas onde? Entrei no carro e comecei a chorar.
- Como assim não quer me ver? Como não a procurar mais... Ela é o amor da minha vida... O ar que respiro.
Fiquei ali mais um tempo esperando, mas nada dela. Fui para a casa, mandei varias mensagens, liguei, voltei a chorar. Não podia ficar sem respostas. Comecei a beber. Por volta das 00:00 ouvi um sinal de notificação. Era um e-mail dela, não acreditei quando abri. Que merda era aquela? Mesmo já tendo bebido peguei a chave do carro e fui direto para seu apartamento. Ela não poderia estar acreditando naquilo.
Quando cheguei não tirei minha mão da campanhia, se ela não me atendesse iria acordar todo o prédio.
Alguns minutos depois Karina abriu a porta.
- O que faz aqui Isadora? Ela não quer te ver.
- Ela não pode acreditar naquilo Karina. - Comecei a chorar.
- Como não acreditar? seria a pergunta certa. Por que fez isso com ela? Por que não jogou limpo com ela desde o começo?
- Mas eu não sai com mais ninguém desde quando a conheci. Ela tem que acreditar em mim.
- Isadora as fotos tem até data.
- Eu juro por tudo que não me encontrei com ninguém além dela. - Entrei procurando por Lavínia, o quarto estava trancado.
- Amor, por favor! Acredita em mim, eu nunca faria isso com você. Abre está porta. - Comecei a bater desesperadamente na porta, mas nem sinal dela. Estava tão nervosa que não percebi que estava gritando. Mas nada.
- Deixa ela digerir tudo Isadora, assim que ela se acalmar irá conversar com você e poderá se explicar.
Me dei por vencida e sai, não íamos conseguir conversar daquela forma. Fui para casa bebi muito, chorei mais ainda. Como ela não acreditava em mim? Por que aquele maldito fez isso? Amanhã irei cedo atrás dele e vou obrigar a contar a verdade. Olhei mais uma vez as fotos e me lembrei daquele dia, já tinha mais de um ano. Como vou resolver isso? Eu amo demais essa mulher.
Que dor é essa no meu peito?
- Deus, me ajude, não posso perder a Lavínia, justo agora que estou tão feliz isso acontece. Destino, por que está fazendo isso?
Chorei até o cansaço me vencer e adormeci.
Acordei com uma dor de cabeça enorme, liguei para Amanda e pedi que cancelasse todos os meus compromissos da parte da manhã, me arrumei e fui direto a empresa do sr. Carvalho.
Fui informada que ele havia viajado e eu não estava acreditando nisto. Ele passaria o mês fora. Dei um soco na mesa da recepção e a moça se assustou. Pedi desculpa e sai.
Chegando ao escritório olhei para o celular e nada da Lavínia. Como meu coração doía. Decidi esperá-la na porta de sua empresa.
Vendo que ela não saia fui até a entrada e descobri que ela não havia ido trabalhar, parecia estar doente, e eu sabia qual a sua dor. Fui para seu apartamento, mas não tinha ninguém, o porteiro informou que ela saiu cedo. Onde será que ela está? Liguei para ela e estava fora de área, liguei para Karina e estava da mesma forma.
Fui para casa.

Por Lavínia

Não aguentava mais ouvir a Isadora bater na porta do meu quarto, coloquei as mãos nos ouvidos tentando não ouvir. Meu coração estava em pedaços. Não sabia o que pensar. Só queria que não fosse verdade. As batidas cessaram, ouvi Karina dizendo que quando me acalmasse a procuraria, ouvi passos e a porta da sala se fechou.
- Lalá, abre, ela já se foi.
Corri para os braços da minha amiga, não conseguia me controlar apenas chorar.
Queria beber mais, mas Karina não deixou, deitou ao meu lado na cama e me deixou chorar, afagando meus cabelos.
Não conseguia dormir, aquelas fotos não saiam da minha cabeça, quase todas as fotos eram deles em uma espécie de restaurante, mas havia uma em que ela estava deitada de bruços completamente nua. Não quis ficar olhando para elas, apenas joguei o celular longe.
Não consegui dormir, era quase 8 da manhã quando acordei a Karina.

- Kaka, tem roupas suas aqui?
- Sei lá Lalá!!! Ainda estou dormindo.
- Então acorde, vamos passar uns dois dias na minha mãe. Preciso sair daqui senão vou enlouquecer.
- Tem certeza que quer isso? Não quer conversar com a Isa antes?
- Não mesmo. Quero afastar de tudo. Esfriar a cabeça. - disse e fui ligar para o Rodrigo alegando que precisava fazer uma viagem rápida, não disse para onde iria. Ele também não perguntou.

Não levei meu celular, como Karina trabalhava em minha empresa foi fácil levá-la comigo.
Minha mãe morava em Diamantina, uma cidade do interior de Minas, fiz o trajeto todo em silêncio, chegamos lá de tardezinha.
Minha mãe ficou surpresa por nós ver. A abracei forte. Ela abraçou a Karina e ficou me olhando, voltando a me abraçar forte novamente.
- Por que andou chorando minha filha? - Não havia como esconder nada dela.
- Decepções da vida mamãe. - E instantaneamente comecei a chorar em seu colo.
- Se apaixonou novamente né?
- Sim mamãe! Mas desta vez foi mais forte. Eu a amo mamãe. - Chorava muito.
- E por que você está assim? Ela não te ama da mesma forma?
- Não sei mamãe e não quero mais falar sobre isso. Eu vim para tentar esquecer um pouco... - disse dando um sorriso fraco e a beijando.
Ficamos no meu antigo quarto, não queria desgrudar da Karina, sei que era errado trazê-la para meus problemas assim, mas eu só tinha ela agora.
Possamos uma tarde tranquila, no dia seguinte fomos para uma cachoeira perto da cidade. Fiquei horas debaixo da cascata, chorando e deixando a água lavar minha alma.
Não conseguia parar de pensar em Isadora, eu amava aquela mulher, mas não conseguia esquecer. Eu havia jurado não me apaixonar por mais ninguém, meu último relacionamento me trouxe muita dor, mas nada se comparado ao que sinto agora.
Não conseguia comer direito, por mais que minha mãe insistisse nada descia, por insistência dela ficamos um dia a mais. Mas na terça tinha uma reunião importante com um novo cliente e tive que voltar.
Peguei meu celular que havia deixado me casa e haviam varias ligações e mensagens, muitas delas da Isadora, não li nenhuma.
Tinha que ter forças para ignorar e tentar esquecer tudo. Mas aquela dor continuava ali. Abri uma garrafa de vinho e comecei a beber. De repente meu celular tocou, era ela, rejeitei, ela continuou insistindo. Acabei desligando o celular. Tomei um banho e fui tentar dormir.
A semana passou e ela não me ligou mais. Será que desistiu de mim? Assim tão rápido? Será que está com alguém?
Queria ouvir sua voz, coloquei meu número no privado e liguei para ela que atendeu no sexto toque.

- Alô! - não respondi.
- Alô? Pode falar... Lavínia é você?

Meu coração acelerou, desliguei na hora.
Chegou uma mensagem.

"Amor, se foi você que me ligou, não precisa dizer nada, só me deixe falar com você, não desligue"

Li e não respondi. Apenas chorei.

Comecei a sair todas as noites, pois não suportava olhar para aquela cama e não ter Isadora nela. Bebia muito até não aguentar ficar de pé. Sei que não resolvia muito, pois sempre dormia chamando por ela, mas era uma forma de extravasar minha raiva. Nestas saídas sempre alguém se aproximava, mas não podia me envolver com ninguém. Meu coração tinha dona. Mesmo essa dona não merecendo meu amor.

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