O pedido

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- Por quê saiu assim? - falei com ela ainda presa a mim, eu estava chateada por ela ter me deixado lá sozinha, mas eu entendia o lado dela.
- Para vocês ficarem mais a vontade, pois havia algo em particular a ser dito. - ela disse com ironia explícita.
- Poxa Lavínia! O que tenho que fazer para você confiar em mim? - já falei irritada, tinha que resolver essa situação. - Você acha que te traria para esse lugar para pisar na bola com você? Acha que é só aparecer uma mulher que irei te trocar assim?

Ela começou a chorar, meu coração doía, mas eu tinha que ser realista com ela. Entendo sua insegura, mas eu a amo demais, e irei provar isso essa noite.

- Desculpa a minha insegurança... - olhou para mim e pude ver seus olhos vermelhos pelo choro.
- Não precisa se desculpar, apenas confiar mais em mim.
- Eu confio em você, apenas não confio naquela vocalista. - falou torcendo o nariz.
- Ariel.
- O quê?
- O nome dela é Ariel. - falei calma, ciente que iria tirá-la do sério.
- Vai se ferrar Isadora! E me solta agora. - falou me empurrando, e eu a segurei com mais força.
- Adoro ver você brava. - disse em meio a uma gargalhada enquanto ela batia em meu braço. - te amo minha morena linda.  - A virei lhe dando um beijo.-Vamos nos trocar, quero fazer o mergulho com vc.

Mesmo com a cara amarrada ela se levantou e fomos, eu torcia para a Ariel não estar mais na pousada.
O dia passou deliciosamente bem, era lindo ver o sorriso da minha morena. E cada vez mais tinha certeza que queria passar o resto da minha vida com aquela mulher.

***

- Lavínia, deixa de birra, vamos jantar aqui mesmo na pousada.
- Amor, não quero aquela loira secando você o jantar inteiro.
- Você nem sabe se será a mesma banda. - eu tinha que convencê-la a ir.  -  e mesmo se for ela, prometo ficar coladinha em você.
- Tá bom! Mas não respondo por mim se ela fizer algo heim. - Soltei uma gargalhada, e ela me fuzilou, se dando por vencida.
- Eu acredito amor.

Já na varanda o garçom nos direcionou a mesa que já estava reservada bem próximo ao palco. A Banda estava trocando o som, não haviam entrado ainda.
Pouco tempo depois estava olhando para Lavínia quando a vi cerrar os olhos, olhei na mesma direção e vi Ariel estampando um enorme sorriso, eu já fiquei nervosa com receio de Lavínia querer ir embora, mas para minha surpresa ela sorriu de volta para Ariel e apertou minha mão, continuamos a conversar.

"Só espero que ela não se levante e vá embora quando eu subir ao palco"

Pelas minhas contas já estava começando a terceira música, era noite de MPB e Lavínia estava adorando, meu coração começou a acelerar, comecei a ficar nervosa.

- Está se sentindo bem amor? - Lavínia me olhava com uma expressão preocupada.
- Estou bem, só preciso ir ao toalete e já volto, vá olhando o cardápio, pois estou com fome. - falei já saindo.

Quando a terceira música terminou olhei em direção à Lavínia que conversava com o garçom, dispersa de tudo a sua volta, olhei seu jeito delicado, o formato dos seus lábios que me faziam ter os mais impuros pensamentos.
Peguei um violão e comecei a dedilhar enquanto os músicos puxaram as notas e mesmo tomada pela emoção comecei a cantar uma música da Isabella Taviani que traduzia tudo o que eu estava querendo naquele momento.

"Eu pensei em comprar algumas flores
Só pra chamar mais atenção
Eu sei, já não há mais razão pra solidão
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com buquê e lua de mel
Diga sim pra mim
Sim pra mim

Eu pensei em escrever alguns poemas
Só pra tocar seu coração
Eu sei, uma pitada de romance é bom
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com buquê e lua de mel
Diga sim pra mim
Sim pra mim

Prometo sempre ser o seu abrigo
Na dor, o sofrimento é dividido
Lhe juro ser fiel ao nosso encontro
Na alegria,a felicidade vem em dobro

Eu comprei uma casinha tão modesta
Eu sei, você não liga pra essas coisas
Te darei toda a riqueza de uma vida
O meu amor

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com buquê e lua de mel
Diga sim pra mim
Sim pra mim

Case-se comigo?"

Assim que ela ouviu minha voz colocou suas mãos na boca com expressão de espanto. Pisquei para ela, e pude ver algumas lágrimas rolando.
Já no meio da canção larguei o violão e fui até ela, me ajoelhei a sua frente, continuei a cantar agora segurando sua mão, que estava gelada e trêmula.
Na última frase eu já não consegui conter a emoção, para mim a sensação era de estarmos apenas as duas ali, peguei uma caixinha com os anéis que havia comprado em Belo Horizonte e ofereci a ela.

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