Pude sentir emoção na fala daquele senhor, que depois de tantas perguntas me convidou a entrar em sua casa. Fiquei encantada com a decoração da casa, nada tão sofisticado, mas pude ver que tinha um toque de Isadora naquela casa. O que será que essa garota fez? Estava tudo confuso em minha mente. O senhor Paulo havia me deixado na sala, e me coloquei a olhar toda aquela decoração, havia um quadro encima de um móvel que me chamou a atenção, era Isadora, parecia estar com uns 12 anos, rapidamente tirei uma foto com o celular, mais tarde enviaria à Lavínia.
- Tem o toque dela, não tem? - uma senhora parada próximo ao sofá falou me assustando. - Desculpa! Não quis te assustar. - tinha uma voz mansa.
- Tudo bem! A senhora é a mãe de Isadora? - ela assentiu. - Prazer! Meu nome é Karina! - disse já abraçando aquela senhora.
- Sou Elisabete, mas pode me chamar de Bete. Venha, vamos para a cozinha, Paulo me disse que você tem notícias da minha filha.
- Nossa! A casa da senhora é muito bonita. - Precisava tirar algumas respostas daquela senhora antes de falar qualquer coisa.
- Foi presente de minha filha.
- Então vocês têm contato com ela? - pude sentir seu olhar entristecer.
- Não, ela saiu da cidade quando tinha apenas 15 anos para trabalhar em uma casa de família na capital e nunca mais voltou. Há uns 8 anos ela nos comprou essa casa, não sei como ela sabia, mas nossa antiga casa estava muito velhinha e não demorava cair, aí ela comprou, colocou esses móveis que você vê e pediu para um doutor nos entregar. E desde então ela deposita um dinheirinho na conta do Joaquim da pensão, que nos repassa todo mês... O pessoal da prefeitura já tentou achar ela pra mim, mas não conseguiram. - neste momento já haviam lágrimas em seu rosto.
- Mas por quê ela não entregou pessoalmente? - estava realmente curiosa.
Nesse momento ela olhou para o esposo que ouvia tudo calado, senti que ele engoliu em seco, me fitou por um instante e baixou o olhar, parecia estar escolhendo as palavras.
- Sabe minha filha, a gente do interior e sem instrução... às vezes comete algumas injustiças. - soltou num sussurro melancólico.
"O que mais Isadora nos escondeu?" Pensei apenas o olhando nos olhos. Suplicando que ele continuasse.
- Paulo foi muito duro com ela, e eu não fiz nada para ajudá-la, nem a ouvi por causa de meu velho. - tive pena daquela senhora.
- Mas o que aconteceu? - tentei parecer calma, mas aquilo já estava me enlouquecendo.
- Depois de dois anos que Isadora havia partido para a capital a senhora que a levou para trabalhar esteve aqui, disse que Isadora estava bem, estudava, era uma boa menina, mas estava começando a mudar, pois estava namorando um rapaz que não prestava. - A senhora falava calmamente, mas com emoção em cada palavra. - ela ligava de 15 em 15 dias, e em uma dessas ligações meu marido a advertiu, mas ela disse que ele era trabalhador e que queria casar, nos deixou mais calmos aquela notícia. Mas aos poucos ela parou de ligar, e um tempo depois conseguimos falar na casa que ela trabalhava, mas nos foi dito que ela não trabalhava mais lá, que o namorado dela a pós para fazer vida. - nesse momento ela já chorava, o sr. Paulo apenas fitava o fundo da caneca.
Então eles sabiam da verdade...
- Quase um ano depois Isadora aparece aqui em um carrão e toda mudada. - ela continuou, mas olhava apenas para o marido. - para mim ela estava linda, não parecia nada com a menina da roça que saiu daqui. Mas a vendo assim, Paulo não pensou duas vezes e nem a deixou entrar em casa, falou um monte de desaforo para a menina, e pediu que nunca mais voltasse, quanto mais ela tentava se explicar mais ele gritava, e quando ele bateu em seu rosto ela se virou e nunca mais voltou. - eu já estava chorando neste momento, aquela chata nunca nos contou essa história.
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Escolhas
RomanceIsadora, uma jovem advogada, que no passado fazia programas para pagar a faculdade, que mesmo saindo com tantos homens nunca sentiu prazer de verdade e nunca se sentiu amada. Lavínia , uma publicitária jovem e romântica teve uma grande decepção em...